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Rodrigo Petronio

Poussin, The Empire of Flora

Poesia:


Ensaio, crítica, resenha & comentário: 


Contos:


Alguma notícia do autor:

 

 

Ruth, by Francesco Hayez

 

Ticiano, O amor sagrafo e o profano, detalhe

 

 

 

 

 

Delaroche, Hemiciclo da Escola de Belas Artes

 

 

 

 

 

Rodrigo Petronio


 

Bio-bibliografia


Rodrigo Petronio nasceu em 1975, em São Paulo. Escritor e filósofo, atua na fronteira entre literatura, semiologia, narratividade e filosofia. Professor Titular da Faculdade Armando Álvares Penteado [FAAP]. Pesquisador associado do Centro de Tecnologias da Inteligência e Design Digital [TIDD|PUC-SP], sob a supervisão de Lucia Santaella desenvolveu uma pesquisa de pós-doutorado sobre a obra de Alfred North Whitehead e as ontologias e cosmologias contemporâneas [2018-2020]. Membro desde 2017 do grupo de pesquisa TransObjetos do TIDD|PUC-SP. Autor, organizador e editor de diversas obras. Doutor em Literatura Comparada pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro [UERJ]. Desenvolveu doutorado sanduíche como bolsista Capes na Stanford University, sob orientação de Hans Ulrich Gumbrecht. Formado em Letras Clássicas [USP], tem dois Mestrados: em Ciência da Religião [PUC-SP], sobre o filósofo contemporâneo Peter Sloterdijk, e em Literatura Comparada [UERJ], sobre literatura e filosofia na Renascença. Atualmente atua na FAAP como professor-coordenador de dois cursos de pós-graduação: Escrita Criativa e Roteiro para Audiovisual. Membro desde 2014 do Laboratório de Estudos Pós-Disciplinares do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo [IEB-USP]. Criou e ministrou durante dois anos o Curso Livre de Filosofia [2015-2017] e ministra desde 2014 a Oficina de Escrita Criativa Casa Contemporânea. Há quinze anos ministra oficinas e cursos livres em diversas instituições como a Casa do Saber, a Fundação Ema Klabin, o Sesc e o Museu da Imagem e do Som [MIS], onde criou e coordenou o Centro Interdisciplinar de Narratividade [2012-2014]. Atua no mercado editorial há 24 anos [1995-2019], tendo trabalhado em para dezenas de editoras em centenas de livros como editor, preparador, revisor, copidesque, redator, tradutor e autor. Trabalhou no jornal Folha de S.Paulo [2000-2002] como leitor crítico de informação. Há quinze anos colabora regularmente com diversos veículos da imprensa, sendo atualmente colunista da revista Filosofia e colaborador regular dos jornais Valor Econômico e O Estado de S.Paulo. Publicou mais de duas centenas de artigos, resenhas e ensaios em alguns dos principais veículos da imprensa brasileira. Recebeu prêmios nacionais e internacionais nas categorias poesia, prosa de ficção e ensaio. Tem poemas, contos e ensaios publicados em revistas nacionais e estrangeiras. Participou de encontros de escritores e ministrou cursos em instituições brasileiras, em Portugal e no México. É autor dos livros História Natural [poemas, 2000], Transversal do Tempo [ensaios, 2002], Assinatura do Sol [poemas, Lisboa, 2005], Pedra de Luz [poemas, 2005], Venho de um país selvagem [poemas, 2009], entre outros. É autor também Matias Aires [2012], Odorico Mendes [2013], Oliveira Lima [2014] e Pedro Calmon [prelo], ensaios críticos e biográficos destes intelectuais brasileiros, publicados pela Série Essencial da Academia Brasileira de Letras. Organizador dos três volumes das Obras Completas do filósofo brasileiro Vicente Ferreira da Silva [Editora É, 2010-2012]. Coorganizador com Rosa Alice Branco do livro Animal Olhar [Escrituras, 2005], primeira antologia do poeta português António Ramos Rosa publicada no Brasil. Divide com Rodrigo Maltez Novaes a coordenação editorial das Obras Completas do filósofo Vilém Flusser pela Editora É que prevê a publicação dos primeiros vinte títulos entre 2018-2019. Coorganizador com Clarissa De Franco do livro Crença e Evidência: Aproximações e Controvérsias entre Religião e Teoria Evolucionária no Pensamento Contemporâneo [Unisinos, 2014], conjunto de artigos acadêmicos de professores brasileiros e estrangeiros sobre as relações entre ateísmo, religião e darwinismo. O livro Pedra de Luz foi finalista do Prêmio Jabuti 2006. A obra Venho de um País Selvagem recebeu o Prêmio Nacional ALB/Braskem (2007) e o Prêmio da Fundação Biblioteca Nacional (2009).

(Texto redigido em 25.01.2023)

 

 

 

 

 

 

 

 

Poussin, Rinaldo e Armida

 

 

 

 

 

Rodrigo Petronio


 

Soares Feitosa
 

1 - Por uma crítica fundamentada:

 

Sent: Wednesday, April 16, 2003 2:33 PM

Subject: Danado!


 

Soares da gota!

 

Mas você escreveu um manual jurídico de crítica literária, homem! Assim você deu carta branca pro pessoal montar o ringueSoares Feitosa, 2003 e se esbofetear até não poder mais (risos)! Uma beleza de trabalho. Sugiro que você deixe ele num lugar especial do JP. Gostei muito do conceito de fundamentação. Isso quebra as pernas dos cupinchas comadriais e dos fresquinhos mesmo.

 

Quebra-ossos

Petronio


Página da Por uma crítica fundamentada
 


 

2 - Estudos & Catálogos:

 

Sent: Tuesday, December 09, 2003 2:44 PM

Subject: Re: Poeta, releio os ensaios!

 

Soares da gota!

Belíssima organização de catálogos! Muito boa mesmo.Rodrigo Petronio Gostei das iluminuras do sertão e da reflexão sobre as letras. Agora, minha mãe é Quitéria, de Afogados de Ingazeira, Pernambuco. (Onde fica a tal cidade? Ela, a padroeira, se chama Quitéria?) Vou correr falar pra ela.

 

Aquele abraço!

Rodrigo

 

 

Página de Estudos & Catálogos

 

 

Um cronômetro para piscinas

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Regina de Souza Vieira

 

 

 

 

 

Poussin, The Nurture of Bacchus

 

 

 

 

 

Rodrigo Petronio


 

Natureza morta


As frutas estão podres
sobre a mesa.
Não é a ação do tempo,
o curso irrefreável da natureza.
Não é o desligamento
maligno da matéria.
São frutas sobre a mesa.

As frutas estão podres.
Não é o que consumiste
nas tuas horas de insônia,
a brasa do cigarro
reverberando no vazio.
Não é a pobreza,
o subdesenvolvimento
ou a ação do vento
que encera os ossos.
São frutas sobre a mesa.

As frutas estão podres.
A maça e sua espada,
a pêra, sua anatomia,
o abacaxi refratário
vestindo organdi.
Não é a epifania,
o signo que aspira a eterno,
a luz táctil de Morandi.
Não estão no lugar do Deus ausente.
Não anunciam a morte da semente.
São frutas sobre a mesa.

As frutas estão podres.
Não quero refrear a sua química.
Não quero vasculhar o seu mistério.
Não quero conceder beleza a elas.
Não é o imperativo categórico.
Não é o animal que em nós se aninha.
Não é a dramatização de um conceito
nem a contrafação do diamante
ou aquilo que o amante faz no leito.
São frutas sobre a mesa posta.
Estão podres.
Não em busca de resposta.
 

 

 

Michelangelo, Pietá

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José Santiago Naud

 

 

 

 

 

Poussin, Acis and Galatea

 

 

 

 

 

Rodrigo Petronio


 

Tríptico para Francis Bacon

 
 

I

Escorrendo no laranja ocre

lívido

          as vísceras inutilmente exigem forma.

Do plano abstrato

e sem ritmo

onde estátuas se movem

invisíveis em suas sedas e istmos

de pele que a pálpebra deflora

o verme busca a terra

o verme busca o ventre aprazível da terra

o verme busca a terra podre

e o que ela expectora.

 

A imitação de ourives

em tons e cores explode:

o movimento incide sobre a matéria

e a devora

no espaço tempo agora

   do anátema

no exílio da carne lúcida e viscosa

que apaga o céu da vista

e a tinta vibra disforme.

 

Na cruz inversa de Cimabue

mais uma vez o verme morre.

 

II

 

Escapando ao olhar,

a intensidade dissolve os corpos

na luz a pino de outro espaço.

O nervo se tenciona e une

os pedaços dos homens em um tempo parado.

O papa de Velázquez evapora

em um grito eternamente estático.

O andarilho

                    tenta em vão achar a porta,

a chave engastada na pata

e a seta nos mostra a luta

de dois corpos

                         sobre a cama em forma de átrio.

 

III

 

O tempo tem outra espessura

e corre infenso à física da luz e suas regras

quando suspenso no vazio de um plano azul,

dentro de hastes de metal

                                          em uma jaula delgada

– a vítima abatida na vitrine

presa pela ilharga olhando o nada.

 

Vermelho

assim se fez o mundo.

Vermelho vivo e licoroso

o sêmen e a terra são vermelhos

quando a mente divaga

entre escombros de vida e a vida intacta

no útero

               vermelho do sangue do cordeiro

vermelho que não se apreende nas cinzas da manhã

vermelho da luz noturna

vermelho da vagina e do feltro

vermelho mais que cor vibrátil

imune a qualquer ponteiro.

 

Homens içados em hastes

no escuro aceso

                          pelo toque e pelo do tato

o mundo em movimento

corpos mutilados

                             vêm e vão no tempo espaço

a tela virando sombra da Idéia que refrata.

O mundo como evento.

O mundo como templo

sujo e conspurcado.

Em fila indiana o gado dócil vai ser abatido

no vermelho vivo e rápido

que desfaz as linhas e contornos

do auto-retrato.

 

No vermelho em que o olho vê o mundo como rapto.


 

 

Franz Xaver Winterhalter. Portrait of Mme. Rimsky-Korsakova. 1864.

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Neide Archanjo

 

 

 

 

 

Poussin, Rebecca at the Well

 

 

 

 

 

Rodrigo Petronio


 

Finis terræ


O não dito
e já ignorado
que se esconde
à margem
do sentido.

O esquecido
e logo reinventado
que some
entre os tons
da manhã
entretecido.

O que visto,
e logo descartado,
emerge imprevisto
em um grito.

O grafado
mas não compreendido
que se furta à deriva
do vivido.

A brisa
que não comunicada
passa sem querer
ser ouvida.

A paisagem
não litografada,
a enseada
que olhar nenhum revisa.

O olvido
do que sempre arquivado
não guarda mais
lastro dos vivos.

O presente
nunca registrado,
tempo inócuo
que a carne
não cicatriza.

Onda breve
dentre muitas consumada
que se arma
contra todo imperativo.

A fragrância
há muito evaporada,
ave rara
que no ar desfila
intangível.
Uma palavra
que, esquecida,
vive à larga
da folha
que a mantém
cativa.

O mundo
que nos lábios
se deflagra
e morre
em um murmúrio
não em um
estampido.

 

 

Um esboço de Da Vinci

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Aleilton Fonseca

 

 

 

 

 

Poussin, The Exposition of Moses

 

 

 

 

 

Rodrigo Petronio


 

Memórias de um século


Está cansado desse mundo antigo
cão com crânio cravado entre os dentes?
Sacode as ancas e a cabeça
e cospe de lado o despojo da civilização
a que um dia serviu servo sujo, humilde e paciente.
Jazem fêmures sob esse paraíso inaugural.
E com um estalo anunciam a nova idade
de homens de areia erguendo manifestos ao sol
e contemplando grandes máquinas,
aviões, automóveis e engrenagens que a ferrugem
come sem nenhum motivo ou finalidade
aparente.

 

 

A menina afegã, de Steve McCurry

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Ascendino Leite

 

 

 

 

 

Poussin, The Triumph of Neptune

 

 

 

 

 

Rodrigo Petronio


 

Migração


nuvens
nuvens passam
nuvens ficam
nuvens escapam umas das outras
nuvens se lubrificam
nuvens panteras brancas líquidas
nuvens em descompasso
nuvens formam um emaranhado
nuvens se chocam e deslizam dentro de um lago
nuvens-alvo nuvens-nume nuvens-cravo nuvens-figo
que resumem em si a terra dos cacos
que sussurram no ouvido dos homens de barro
a terá fofa e quente que arfa
a terra que cospe areia
sob os sapatos do viajante calmo
na estrada de terra batida
de flanco escuro de barro sem margem
do viajante que anda a sós
com sua sombra verde
sob nuvens que marcham
nuvens que em multidão tapam o azul-acácia
e se enterram no horizonte
tumba egípcia laranja grave
que todo viajante alcança
se anda com seus próprios passos
se anda corre levita
que todo viajante alcança
no espaço de uma vida

 

 

Albrecht Dürer, Mãos

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Nelly Novaes Coelho

 

 

 

 

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