Alexander Ivanov. Priam Asking Achilles to Return Hector's Body

Rodrigo Petronio 

pseudopetronio@directnet.com.br

Velazquez, A forja de Vulcano

 

 

 

 

 

 

Albrecht Dürer, Mãos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Um cronômetro para piscinas

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Nauro Machado

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

William Bouguereau (French, 1825-1905), João Batista

 

 

 

 

 

 

 

Millôr Fernandes


 para Ana, todo


 

  • Prólogo

  • A Máquina do Mundo

  • Lucrécio e o De Rerum Natura

  • Ars Moriendi e Ética Cortês

  • As Coplas de Jorge Manrique

  • O Teatro do Mundo

  • Comentários em torno dos Ensaios de Montaigne

  • Os Séculos de Luis de Góngora

  • A História aos Olhos de Deus

  • Vico e a Ciência Nova

  • Voltaire Vivo

  • A Inversão da Metafísica Clássica     

  • Fernando Pessoa: heterônimo de Alberto Caeiro

  • A Experiência do Tempo Qualitativo

  • Marcel Proust e Pedro Nava

  • A Revolução das Coisas

  • Anotações sobre Fancis Ponge

  • O Calor Convida à Sombra

  • Hugh Selwyn Mauberley e a Poética de Ezra Pound


   

PRÓLOGO

Os ensaios contidos nesse volume são de naturezas diversas. Alguns se aproximam mais do comentário e da anotação de leitura, onde tentei dar uma abordagem bastante pessoal à obra de autores que freqüentam a minha cabeceira. É o caso dos que versam sobre Lucrécio, Vico, Voltaire, Montaigne e Góngora, cujas Soledades, ápice da agudeza engenhosa do Homero espanhol, serviram de guia a essa constelação de temas por meio dos quais procurei pintar um panorama geral de sua obra dentro do debate estilístico seiscentista. De caráter difuso, este livro provavelmente não dirá nenhuma novidade ao especialista ou ao erudito, mas sim ao leitor curioso que entende a literatura como essa espécie de espaço ideal do pensamento, onde o tempo se suspende e por um instante podemos contemplar todos esses fragmentos do Espírito dispostos lado a lado, unidos pela fruição e por algumas intensidades e afinidades que corram entre eles independente dos séculos que os separe. Outros têm um caráter de estudo. Assim ocorre com aqueles dedicados às Coplas do aragonês Jorge Manrique, ao longo poema em forma de colagem de Ezra Pound, à poesia do heterônimo Alberto Caeiro e às relações entre Proust e Nava. Já o texto que trata da prosa poética de Francis Ponge está mais próximo de uma sugestão crítica sucinta. Faltam ainda ensaios sobre Gracián, Vieira, o Quijote, a tradição da Alquimia e Augusto dos Anjos, que estão em fase de idealização e devem figurar em uma edição futura desse livro.

O título explica a obra tanto nas suas possíveis virtudes quanto nos seus débitos, impertinências e equívocos. Quis, com esses ensaios, ainda que imaturos em muitos aspectos, delinear um fio de Ariadne que nos redima da experiência amarga de viver entre os cacos da tradição e da História, fornecendo-lhes um sentido. Subjaz a todo impulso à unidade um abismo: aquele que nos sugere que essa condição transcendente talvez só exista no discurso, não nos fatos mais palpáveis de nossas vidas. Se for assim, paciência. A separação entre a linguagem e a realidade, a idéia mesma de realidade, há muito me parece uma das criações mais maravilhosas e inverossímeis a que o homem já se propôs. Na melhor das hipóteses, mais uma construção imaginária, uma mitologia, agora positiva. Mas como poderíamos classificar essa forma mental que não dá nunca sua nuca à guilhotina inábil que todo momento cinde pensamento e ato, realidade e ficção? Uma variante moderna, sem o apelo sacramental de séculos atrás, daquela famosa e mal interpretada prosa do mundo? Sim; é bem possível. E se me exigissem uma sentença drástica, diria que creio piamente nesta como a única realidade possível.

 

Rodrigo Petronio

 

O tempo é a substância de que sou feito.

O tempo é um rio que me arrebata, mas eu sou o rio;

é um tigre que me despedaça, mas eu sou o tigre;

é um fogo que me consome, mas eu sou o fogo.

Jorge Luis Borges

 

 

 

 

 

 

 

Culpa

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ruth, by Francesco Hayez

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Elizabeth Marinheiro

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

John William Godward (British, 1861-1922), Belleza Pompeiana

 

 

 

 

 

 

 

Carlos Felipe Moisés

 

Michelangelo, 1475-1564, Teto da Capela Sistina, detalhe

 

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