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José Inácio Vieira de Melo jivmpoeta@gmail.com

Winterhalter Franz Xavier, Alemanha, Florinda

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poesia:

Do livro Terceira Romaria:


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Alguma notícia do autor:

Foto: Ricardo Prado

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Albrecht Dürer, Head of an apostle looking upward

 

Leonardo da Vinci,  Study of hands

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), Plaza de toros

 

 

 

 

 

José Inácio Vieira de Melo


 

Biografia:

 

José Inácio Vieira de Melo nasceu em Olho d’Água do Pai Mané, povoado do município de Dois Riachos, Alagoas, em 16 de abril de 1968. Filho de Aloísio Vieira de Melo e de Inácia Rodrigues de Santana. Passou a infância e a adolescência entre as cidades de Palmeira dos Índios, Arapiraca e Maceió. Em 1988, Mudou-se para o município de Maracás, Bahia, onde morou por 10 anos, em uma fazenda – Cerca de Pedra. A partir de 1998, passou a residir em Salvador, onde fez graduação em Jornalismo pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Em 2006 transfere-se para Jequié, a Cidade Sol, e para a fazenda Pedra Só, no município de Iramaia. É co-editor da revista de arte, crítica e literatura Iararana e colunista da revista Cronópios. Em 2005, coordenou, ao lado de Aleilton Fonseca e Carlos Ribeiro, o Porto da Poesia na VII Bienal do Livro da Bahia. Coordena o projeto Poesia na Boca da Noite, em Salvador. Publicou os livros Códigos do Silêncio (2000), Decifração de Abismos (2002), A Terceira Romaria (2005) – Prêmio Capital Nacional de Literatura, do jornal O Capital, de Aracaju, Sergipe – e A infância do Centauro (2007). Publicou também o livrete Luzeiro (2003) e organizou Concerto lírico a quinze vozes – Uma coletânea de novos poetas da Bahia (2004). Participou das antologias Pórtico Antologia Poética I (2003) e Sete Cantares de Amigos (2003). Seus poemas têm sido publicados em vários jornais e sites do Brasil e do exterior e em revistas como Continente Multicultural (PE), Poesia Sempre (RJ), Acauã (PB/CE), Polichinello (PA), Iararana (BA), Literatura (CE) e Autre Sud (França). Sua poesia tem sido destacada por nomes importantes da literatura brasileira contemporânea, como Adelto Gonçalves, Foed Castro Chamma, Gerardo Mello Mourão, Hélio Pólvora, Hildeberto Barbosa Filho, Lêdo Ivo, Marco Lucchesi, Nelly Novaes Coelho, Olga Savary, Ruy Espinheira Filho, Sânzio de Azevedo e Moacyr Scliar, que afirma: “Teu caminho é grandioso, José Inácio. Tens um indiscutível, notável talento poético, um talento que faz de ti uma das grandes vozes da nova poesia brasileira”. Tem poemas traduzidos para o espanhol, para o francês e para o inglês. 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Velazquez, A forja de Vulcano

 

 

 

 

 

José Inácio Vieira de Melo


Joelhos & Mel 
 

Sent: Sat, 8 DE MAIO DE 2004 01:31

Subject: SOBRE JOELHOS & MEL

 

Ave Chico Soares, cantador das paragens gerardianas, filhote de patativas (Calheiro e Assaré).

Doce, doce o chá que acabo de beber. Uma mistura das boas: chapéu de couro, capim santo e alfazema, adoçado com o mel das europas da Cerca de Pedra, minha roça, caatinga do sudoeste baiano. Bebi o chá fumegante ao mesmo tempo em que lia a tua molequice com o maná.

Rapaz, não entendi quase nada, mas senti assim um aperto no coração, uma saudade medonha da minha infância, quando me lambuzava de mel e farinha, nas baixadas da Ribeira do Traipu, lá na nação Caeté, também chamada Alagoas – meu país.

Cabra véi, é isso mesmo, a tua fala de Zé Limeira tá toda certa, timtim por timtim, Mãe é mel, mais mãe, mais mel, mais Mãe, mais mel, e assim se funda o ritmo da harmonia. Não sei bem o que tô dizendo, mas tudo o que digo é culpa tua. Foi tua prosa que desembestou essas coisas em mim. Peraí, qu'eu vou lê “Joelhos e mel” de novo.

O teu mel é melaço de cana, isso malembra dos cochos cheios de melaço misturado com sal grosso pra vacaria lamber, mas não era só a vacaria que se deleitava, a meninada toda também se lambuza – e eu junto.

Tu, poeta de Salomão, esperavas tanto pelo dia de poder provar o cobiçado angu, mas, como no Eclesiastes, tudo tem seu tempo, e tu esperavas e esperavas. E tu eras menino, chiqueirando carneiros,  menino bola de gude, os banhos de açude, os imbus inchados e o conseqüente travar dos dentes. Tanta espera.

Chegada a hora do angu de mel e farinha, da sobremesa desejada, a inocência já não era mais, e toda aquela doçura aparece pintada de amargo, e a terra já não parece ter a firmeza dos primeiros anos azuis do menino do Sertão, do menino dono do horizonte...

Sabe, Francisco Siarah, só bebendo mais um caneco de chá...

José Inácio Vieira de Melo  


 


 

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Rafael, Escola de Atenas, detalhes

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Inez Figueredo

 

 

 

 

 

 

 

Tintoretto, Criação dos animais

 

 

 

 

 

José Inácio Vieira de Melo


 

A propósito do ATENTADO POÉTICO de 11 de setembro  
 

Sent: Sat, 20 Sep 2003 04:45:11 -0300

Subject: Atentado poético

 

Chico Soares, poeta do Siarah e brasis, concordo com você: livros à mancheia e poemas aos quatro cantos: banco de praça, de igreja, mesa de botequim, de sinuca, portaria de edifício, de hospital, até cemitério e encruzilhada. Os despachos precisam de inovação, junto à cachaça e à farofa, um livrim de receita, ou então, um manual de como se deve proceder, obedecendo os ritos, para compartilhar das iguarias oferecidas aos orixás.

Livro ao amigo, olho no olho, pra virar irmão; livro para o desconhecido, sonho de amizade; livro para o inimigo, esperança de harmonia. Bem dizia o nosso condor “Oh! Bendito o que semeia/ Livros... livros à mão cheia.../ E manda o povo pensar!”. Sigamos o exemplo do jovem Castro Alves. Ele não ficava inventando um jeito de ser mesquinho.

A propósito, mande o paradeiro da mudinha, essa santa cheirosa, qué pr’eu mandar um livrim da minha lavra pra ela. Ela é num sabe ler, num é? Mas isso num é problema, a gente manda um cheio de figuras do Juraci Dórea, creia, primo véi, cada desenho em si só já é um poema. O meu livrinzim “Luzeiro” tá ficando um encanto só com as figura do Juraci, esse príncipe de Feira de Santana. Assim que tiver pronto mando um pra vosmecê, um pra nossa santinha muda (será que ela me presenteia de torna cuns panim impregnado pelo cheiro da fulô de lá ela?) e pra esse azuretado do jornal que escreveu aquelas bestajadas. Oh Chiquim, eu pensei que no Siarah num tinha disso não!

Compadre Feitosa, receba um abraço caatingueiro deste poeta alagoano da Bahia.

José Inácio Vieira de Melo

 

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Michelangelo, 1475-1564, David, detalhe

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Rubens Ricupero

 

 

 

 

 

 

Riviere Briton, 1840-1920, UK, Una e o leão

 

 

 

 

 

José Inácio Vieira de Melo


 

Centauro Escarlate


O teu centauro te espera,
monta em seu dorso
e vê o mundo pelos olhos da esfinge:
és o enigma, não o decifrador.

A gente se enche de calo,
a gente pensa que sabe,
a gente se desespera até,
mas não abre mão de estar aqui.

O teu centauro te espera
e o mundo é tudo o que a gente percebe:
é só sair por aí descobrindo
o que nunca vai ser teu.

E quando for noite alta
e os acordes de uma aquarela
luzirem dentro de teu espírito,
deixa o centauro que habita em ti
galopar, galopar, galopar
e transcender a ti e as tuas explicações.

Há de existir um lugar
onde os teus mistérios possam descansar.


 

 

 

William Blake, Death on a Pale Horse

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Helena Pedra

 

 

20.12.2007