Mais de 3.000 poetas e críticos de lusofonia!

José Saramago 

Thomas Colle,  The Return, 1837

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Poemas: ( se você não sabia, Saramago é Poeta! )

Do livro Os poemas possíveis:

Do livro Provavelmente alegria:

Do livro O ano de 1993:


Discursos: 


Fortuna crítica:


Ensaio poético de Soares Feitosa:


Alguma notícia do autor:

 

Saramamgo, o Nobel da lusonofia

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Velazquez, A forja de Vulcano

 

Franz Xaver Winterhalter. Portrait of Mme. Rimsky-Korsakova. 1864.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Alessandro Allori, 1535-1607, Vênus e Cupido

José Saramago


 

A obra de Saramago no circuito internacional


Até o anúncio da concessão do Nobel, a obra de José Saramago tem sido posta à disposição de várias nacionalidades, em traduções ou mesmo na língua portuguesa, com se pode ver na relação adiante adiante, indicando livros e países.

  • Memorial do Convento - Alemanha, Argentina, Brasil, Bulgária, China, Colômbia, Dinamarca, Espanha (castelhano e catalão), Estados Unidos, Finlândia, França, Grã-Bretanha, Grécia, Holanda, Hungria, Israel, Itália, Japão, México, Noruega, Polônia, Romênia, Rússia, Suécia, Suíça, Turquia, Iugolávia (servo-croata), República Checa e República Eslovaca. Total: 29.

  • Levantado do Chão - Alemanha, Brasil, Bulgária, Cuba, República Checa, República Eslovaca, Colômbia, Dinamarca, Espanha (castelhano e catalão), Estados Unidos, Finlândia, França, Grã-Bretanha, Grécia, Hungria, Israel, Itália, Japão, México, Noruega, Países Baixos, Polônia, Romênia, Rússia, Suécia, Suíça e Turquia. Total: 27.

  • Evangelho Segundo Jesus Cristo - Alemanha, Argentina, Brasil, Colômbia, Dinamarca, Espanha, Grã-Bretanha, Israel, Itália, Noruega, Países Baixos, Polônia, Suécia, França, Grécia e Holanda. Total: 16.

  • História do Cerco de Lisboa - Alemanha, Argentina, Brasil, Colômbia, Dinamarca, Espanha (castelhano e catalão), França, Grã-Bretanha, Grécia, Holanda, Hungria, Itália, México, Noruega, Romênia e Suécia. Total: 16.

  • A Jangada de Pedra - Alemanha, Brasil, Dinamarca, Espanha (castelhano e catalão), Estados Unidos, França, Finlândia, Grã-Bretanha, Hungria, Israel, Itália, Noruega e Romênia. Total: 13.

  • O Ano da Morte de Ricardo Reis - Alemanha, Brasil, Dinamarca, Espanha (castelhano e catalão), Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Grécia, Hungria, Itália, Israel e Noruega. Total: 12.

  • Ensaio sobre a Cegueira -Alemanha, Brasil, Espanha (castelhano e catalão), Finlândia, França, Grã-Bretanha, Hungria, Itália, Noruega e Suécia. Total: 10.

  • Objeto Quase - Alemanha, Espanha (castelhano), França e Itália. Total: 4.

  • Manual de Pintura e Caligrafia - Alemanha, Espanha (castelhano), Grã-Bretanha e Itália. Total: 4.

  • A Bagagem do Viajante - Espanha (castelhano), Itália e México. Total: 3.

  • Viagem a Portugal - Espanha (castelhano), Brasil e Grã-Bretanha. Total: 3.

  • In Nomine Dei - Brasil, Itália e Espanha (castelhano). Total: 3. O Ano de 1993 - Espanha (castelhano) e Itália. Total: 2.

  • A Noite - Espanha (castelhano e valenciano) e Itália. Total: 2.

  • A Segunda Vida de Francisco de Assis. Total: 1.

  • Deste Mundo e do Outro - Espanha (castelhano). Total: 1.

  • Que Farei com Este Livro? - Itália. Total: 1.

  • Cadernos de Lanzarote I, II e III - Espanha (castelhano).
    Total: 1.


* Fonte: JL - Jornal de Letras, Artes e Idéias (Lisboa, outubro, 1998).

* Nota do editor do Jornal de Poesia: No Brasil, Saramago é editado pela           
   Companhia das Letras

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Da Vinci, La Scapigliata, detail

José Saramago



Retrato do poeta quando jovem
 


Há na memória um rio onde navegam
Os barcos da infância, em arcadas
De ramos inquietos que despregam
Sobre as águas as folhas recurvadas.

Há um bater de remos compassado
No silêncio da lisa madrugada,
Ondas brancas se afastam para o lado
Com o rumor da seda amarrotada.

Há um nascer do sol no sítio exacto,
À hora que mais conta duma vida,
Um acordar dos olhos e do tacto,
Um ansiar de sede inextinguida.

Há um retrato de água e de quebranto
Que do fundo rompeu desta memória,
E tudo quanto é rio abre no canto
Que conta do retrato a velha história.


(In OS POEMAS POSSÍVEIS, Editorial CAMINHO, Lisboa, 1981. 3ª edição)


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Albrecht Dürer, Mãos

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Francisco Brennand

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ingres, 1780-1867, La Grande Odalisque

José Saramago


 

Science-fiction I


Talvez o nosso mundo se convexe
Na matriz positiva doutra esfera.

Talvez no interspaço que medeia
Se permutem secretas migrações.

Talvez a cotovia, quando sobe,
Outros ninhos procure, ou outro sol.

Talvez a cerva branca do meu sonho
Do côncavo rebanho se perdesse.

Talvez do eco dum distante canto
Nascesse a poesia que fazemos.

Talvez só amor seja o que temos,
Talvez a nossa coroa, o nosso manto.


(In OS POEMAS POSSÍVEIS, Editorial CAMINHO, Lisboa, 1981. 3ª edição)


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A menina afegã, de Steve McCurry

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Luiz Bello

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Caravagio, Tentação de São Tomé, detalhe

José Saramago



Poema à boca fechada


Não direi:
Que o silêncio me sufoca e amordaça.
Calado estou, calado ficarei,
Pois que a língua que falo é de outra raça.

Palavras consumidas se acumulam,
Se represam, cisterna de águas mortas,
Ácidas mágoas em limos transformadas,
Vaza de fundo em que há raízes tortas.

Não direi:
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que me não conhecem.

Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,
Nem só animais bóiam, mortos, medos,
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
No negro poço de onde sobem dedos.

Só direi,
Crispadamente recolhido e mudo,
Que quem se cala quando me calei
Não poderá morrer sem dizer tudo.


(In OS POEMAS POSSÍVEIS, Editorial CAMINHO, Lisboa, 1981. 3ª edição)


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Culpa

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Antônio Houaiss

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Franz Xaver Winterhalter. Portrait of Mme. Rimsky-Korsakova, detail

José Saramago



Fala do velho do restelo ao astronauta


Aqui, na Terra, a fome continua,
A miséria, o luto, e outra vez a fome.

Acendemos cigarros em fogos de napalme
E dizemos amor sem saber o que seja.
Mas fizemos de ti a prova da riqueza,
E também da pobreza, e da fome outra vez.
E pusemos em ti sei lá bem que desejo
De mais alto que nós, e melhor e mais puro.

No jornal, de olhos tensos, soletramos
As vertigens do espaço e maravilhas:
Oceanos salgados que circundam
Ilhas mortas de sede, onde não chove.

Mas o mundo, astronauta, é boa mesa
Onde come, brincando, só a fome,
Só a fome, astronauta, só a fome,
E são brinquedos as bombas de napalme.


(In OS POEMAS POSSÍVEIS, Editorial CAMINHO, Lisboa, 1981. 3ª edição)


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Um cronômetro para piscinas

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Lau Siqueira

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Thomas Colle,  The Return, 1837

José Saramago



Espaço curvo e finito


Oculta consciência de não ser,
Ou de ser num estar que me transcende,
Numa rede de presenças e ausências,
Numa fuga para o ponto de partida:
Um perto que é tão longe, um longe aqui.
Uma ânsia de estar e de temer
A semente que de ser se surpreende,
As pedras que repetem as cadências
Da onda sempre nova e repetida
Que neste espaço curvo vem de ti.


(In OS POEMAS POSSÍVEIS, Editorial CAMINHO, Lisboa, 1981. 3ª edição)


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Michelangelo, Pietá

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Ivan, 2003