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Soares Feitosa

Fortuna crítica

Neste bloco:

Belchior J. da Silva Neto

Carla Bianca

Célia Lamounier de Araújo

Cláudio Feldman

Cussy de Almeida

Cida Jappe

Dalila Teles Veras

Erorci Santana

Lau Siqueira

 

 

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Dalila Teles Veras

 

Um primeiro escrito

 

 

 

Erorci Santana

 

Um primeiro escrito

 

Antífona, uma ode ao Sol

 

Soares Feitosa, cearense de Ipu, órfão de pai no mesmo dia em que nasceu, e filho único, despertou tardiamente para a poesia, mais precisamente num domingo de setembro de 1993, no limiar dos cinqüenta anos, no dia em que produziu em um só e irrefreável jorro o poema “Siarah”. Até então, não havia cometido um só desses pecados literários. Desde então, vem sendo sistematicamente estuprado e possuído pelas musas, forças obscuras, inexplicáveis que, se por tanto tempo o privaram da criação da poesia, o tornaram escravo delas, num jogo de vassalagem grata e consentida, a ponto de fazer do poeta um de seus principais divulgadores, através de um sítio fundado na Internet, intitulado “Jornal de Poesia. Esse militante da palavra traz agora ao público o objeto deste artigo, Psi, a Penúltima, Edições Papel em Branco, 254 pp., Salvador/BA, conjunto de poemas em livro extraídos de sua obra maior Réquiem em Sol da Tarde, 750 páginas. A presente publicação vem acompanhada de um saquinho de imburana-de-cheiro, torrada a moída pelo próprio poeta. Dupla oferenda, pois, que o livro oferta a expressão maior de seu povo, a poesia, e a erva traz a seiva de sua terra. 

Há menos de quatro anos, portanto, do ingresso nas lides do verso, o poeta causa espanto tanto pela quantidade quanto pela qualidade de sua obra, merecedora de um bom número de elogios de escritores qualificados e não menos estarrecidos do que eu diante do fenômeno: Thiago de Mello, Jorge Amado, Gerardo Mello Mourão, Millôr Fernandes, Manoel de Barros, José Louzeiro e César Leal, entre outros. 

Após a leitura — e confirmado o refinamento de Soares Feitosa, devo acrescer-me ao coro daqueles que fazem justiça ao poeta com a palavra mais fraterna e concertada, opiniões acertadas de per si e complementares na visão do seu trabalho, que resumidamente apontam o essencial: o surgimento inesperado de um grande poeta, maior na expressão, com a vantagem de não estar poluído pela virtuose, um tipo de recorte estético que tem estragado muito talento genuíno. 

A poesia de Soares Feitosa, filha de lenda, brota mesmo das obras recônditas do ser, ali onde se irmano real e o imaginário, e tanto pode ser brutal como também angelical. Mas lembro aos incautos que os anjos, apesar de certo senso que se quer comum, não são apenas seres éticos, arautos da boa nova; que bem filtrado e decantado o mito, Satanás tem lugar privilegiado na formação do burgo celeste e é um conselheiro privilegiado do Senhor da Criação, lógica fundada na necessidade da desordem, sem o que, fraterno leitor, não haveria ordem alguma. 

Sem desvios enganadores, anuncio a lavra de Soares Feitosa como “cosa nostra”, concebida com gratidão humana, poesia da qual não se deve permitira desgarragem e o desaparte. Abeberar-se ali, é o que digo! 

A leitura encantatória de Rio Macacos reportou-me ao neo-barroquismo de Dantas Mota in “Elegias do País das Gerais”, pela evocação das águas de modo jocoso e irado (Rio?! / quem chamaria aquilo de rio? / era apenas uma grato risível), porque águas escassas, inseridas em áspera paisagem, fio d’água mirrado, ordenado pelas vertentes, cantado com um misto paradoxal de raiva e de orgulho. A realeza dos nadas, como aquela outra louvação das pedras presente em João Cabral ou aquele olhar sujo da escória, de Manoel de Barros, operação alquímica grandiosa, que é mesmo o principal objeto da poesia, transmudar os nadas em tudos, resgatar o caos, refundi-lo para a beleza, ofício divino. 

Esse parentesco com Dantas Mota também revelou-se pelo lado recorrente às escrituras judicristãs, com não parcas referências, motes, intertextualidade bíblica, certa orientalização da geografia nordestina, de que é exemplo o belíssimo “Siarah”, magnifica transposição substantiva. 

São observações casuais, porém, que não têm a presunção de atrelar esses cantos vigorosos a esse poeta ou àquela modalidade estética. Só quero registrar que o regional e o telúrico na poesia de Soares Feitosa catapultam-se para o universo, mesmo que não mesclassem em sua poesia elementos da tradição greco-latina. O substrato último é a voz do vate-propheta às avessas, que longe de anunciar o futuro, conta o que ocorreu e o que ocorre num mundo paralelo, aparentemente carecedor de interesse, mas pleno de assombro. No poema-título, Psi, a Penúltima, comparece a queixa da raposa-símbolo da tragédia secular dos excluídos, pelagra, faminta, estigmatizada, marginalizada por detrimento dos bichos da mídia, segundo o códice do primeiro mundo. 

Em Antífona, a saga do sol, vivo pai dos vivos, personificado e redimido da fúria por um olhar lírico que se diria gorguiano. Sol pujante como aquele retratado por  Maiakóvski em a “Extraordinária aventura vivida por Vladimir Maiakóvski, no verão da Datcha, traduzido por Augusto de Campos. Assim o poeta celebra o sol:  “volúpia de luz, volúpia de cor, / cavalgava o horizonte e desabava /queda brusca por detrás da serrania; /era quase todas as tardes,/ lá,/que raramente chovia”. 

Ali, aonde comparece um dos rios da infância do poeta, o Poti. “Rio velho, cobarde e mentiroso”, que para resultar mais memorável só faltou o poeta dizer que jogava cartas e tomava cachaça. Sempre o retrato das águas em fuga. 

Enfim Psi, a Penúltima é poesia que se inscreve no chão geral do universo, no terreiro do planeta, com suas entidades mágicas, lendas, costumes, com a convocação dos gigantes, os deuses da fala, os bardos cantadores, verdadeira teogonia. Poesia e de resgate e aprendizado, pródigos achados no meio daquilo que se julgava inexoravelmente perdido.

 

Um segundo escrito

 

Faz algumas noites que ando ensaiando escrever-te uma carta, gesto adiado pelo enredo dos pequenos negócios cotidianos e pela inclinação para a vagareza - não direi preguiça, não, senão aquela indolência macunaímica de deixar-se ficar sob o ardente sol dos trópicos, agora esse um glorioso meio esquivo e deslembrado, a ponto de ter deixado que se instaurasse em São Paulo uma paisagem siberiana. De modo que a biológica forma queda-se enregelante nesse julho "nublado e frio, que senta a bunda no rio" como assinalou Mário de Andrade. Será que faz tanto frio assim aí no Siarah? 

Pois bom. Recebi e li os dois belos poemas, atléticos e resfolegantes As Carnaubeiras de Catuana, homenagem comovente e competente a Octavio Paz - que só li em artigos e poemas esparsos, inequívoco indício e denúncia de lacuna cultural, agravados pelo fato de sequer tê-lo na estante. Mas lerei por imperioso, que monumental ele o é. 
        E li também Não é aqui não, poema em que a grandeza se sente no cerne do enigma, e que, como qualquer poema seu tem o condão de irromper de maneira abrupta na vida da gente, como aquele canto surpreendente das sariemas, cuja forma sonora nem de longe faz supor emitida por bicho de pena, mais lembrando o ladrir dos cães em perseguição à caça. Em seu canto há algo de urgência e premência, de movimento rápido, intrépido, ziguezagueante, imprevisível: a algaravia que se abate sobre o silêncio, a flecha ou projétil súbito que instaura a desordem dilacerante na ordem simétrica, cíclica e circular da carne. É tudo muito intempestivo e bonito. É uma canção travessa e irrefutável para combater o sono dos mortos. Mas o que há de mais admirável é que ela não parece intencional. Anuncia-se como o inferno adrede, um sonho - e como sonho, involuntário. Entra-se forçosamente no seu poema, à revelia e sem ser convidado, quer dizer: existe porque existe. Como disse Angelus Silesius, "floresce porque floresce". Principia com motes absurdos e inesperados, na contramão de toda expectativa e se desenvolve com requebros e soluções inusitadas. É esteticamente novo, original pelas cisões do pensamento e pelo desdizer mais que dizer. Fica anotado.

Lau Siqueira

 

Um primeiro escrito

 

Salomão, de Soares Feitosa

   “...porque entre pulso e olho latejam os ferros da vontade...”  

                

Talvez somente desta forma (através do próprio poema) seja possível traduzir a grandiosidade e a beleza de Salomão. Mais que um poema social, uma análise lírica dos fatos em constante reverberação. Céu e Inferno, como diz o poeta Soares Feitosa. Pesadelo de deuses que caíram das estrelas e sonho de homens que a todo momento se espalham como estilhaços da miséria humana.   

A leitura de Salomão nos conduz pelos porões encardidos da história do nosso povo. Dos Navios Negreiros ao Carandiru. Com suas trevas e suas luzes — suas vidas, suas mortes, suas cruzes... uma epopéia, um duelo de linguagens e imagens, um instante de desnudamento da alma brasileira, uma constante sobreposição de tempo e espaço...  É o canto dos negros que singravam pelas ruas do Atlântico — naufrágios humanos que ainda hoje sucumbem sucumbem nos intestinos da pátria.   

 Mais que um poema, em Salomão, Soares Feitosa libertou um grito que certamente irá ecoar pelas gerações de além do século que brevemente se encerrará. Talvez . 
 

          “... porque o Século Cem, 
          de Ésquilo 
          é uma noite alvaçã...”

           

Um segundo escrito

 

Sabe, dia 10 tem o lançamento de um livro aqui (de João Germano de Lima, um cearense também)  e... qual não foi a minha surpresa, com direito a orelha de um dos meus poetas preferidos. Não vou dizer o nome pra você não ficar convencido.... hehehe...   

Além de que, estou convencido também que não foi você quem escreveu  Salomão, aquela obra prima. Aquilo ali tem vida própria. Às vezes eu fico olhando o livro ainda artesanal, sobre o criado mudo, o banco do meu fusquinha, o CPU do meu computador (nunca consegui guardá-lo na estante) e penso que a qualquer momento ele sairá caminhando, andando, voando... Você corre o risco de, quem sabe um dia, ser conhecido como "o autor de Salomão"... hehehe... quase como se tivesse sido usado para escrevê-lo e, depois ser abandonado por ele que seguirá caminhos próprios, decidindo, dizendo coisas nos mais recônditos lugares deste planeta.. Salô é humano demais pra ser uma obra literária, apenas. Tem vísceras, cérebro, coração, carne, osso, sangue e sentimento...   

Eu, sinceramente, ainda não tive como classificá-lo. Isso, depois de tê-lo devorado umas 5 vezes já (a primeira na telinha). Cada leitura, me revela um poema novo. Por isso digo que é um poema que se renova a cada fato que ocorre. Do incêndio do Pataxó, aos maus tratos no Carandiru, a chacina no presídio do Roger, em João Pessoa, ao pai apaixonado pela filha no interior da Paraíba... à americana condenada por manter relações sexuais com um aluno de 13 anos (eu guardei a foto dela no jornal, a expressividade do rosto dela é algo de impressionante). Salomão é a cara da humanidade.    

Por favor, seja paciente com a minha redundância... hehehe... Eu leio poemas praticamente desde os 13 anos, estou com quarenta. Li toda a obra de Neruda em Espanhol, na época, fiquei impressionadíssimo, com "Memorial de Ilha Negra", li Camões, Homero... jamais esperaria me emocionar tanto com um poema novamente e jamais poderia supor que fosse possível alguém compor uma obra desse porte em pleno final de século. É incrível, rapaz!!!!   

Bem... chega. Não diga nada para os seus outros "filhos". Eu os adoro de coração (Roma e ou outros que já nasceram ou nascerão). Mas... Salomão é um marco que certamente irá derrubar os nasóculos da crítica em qualquer lugar onde venha pousar. É revolucionário na forma e no conteúdo. Aquelas cruzes, caro amigo... 111.... me fizeram saber que até aquele momento eu não sabia absolutamente nada da história triste que se passou nos porões do Carandiru, sobre o Brasil, sobre o holocausto, sobre nada...   

Desculpe o meu estilo sempre emocionado. É a minha maneira sincera de me relacionar com a vida e de cultivar me expressar para amigos tão caros como você. Estou colocando um CD pra você  no Correio. Será a sua vez de conhecer o "meu caso" com a música que, por sinal anda meio abalado e a voz belíssima de uma cantora que divide a vida comigo: Joana. 
 

           

Um terceiro escrito

 

Soares Feitosa,

em Habitação,

O guardador de Auroras 

Lanço meu olhar canibal sobre sua "Habitação", caro amigo, querendo suprir as ausências nutricionais da minha alma com  versos hermanos de Femina e Salomão. Versos que habitam o espetáculo portentoso de medir cada palmo, palmilhar cada metro... rosnar e surpreender os próprios sentidos. 

Lembro Rilke, Pessoa... não, não! Lembro as Odisséias, as Ilíadas - novamente, como em  Salomão. Qual nada... sinto-me mergulhar no desconhecido. Diante da vigilância da aurora, sinto-me ainda prosseguir em silêncio após o último verso. 

"Habitação" - esse poema dito entre os dentes começa e termina na expressão mais profunda do seu tear poético que, guardado por 50 anos, teve tempo suficiente de burilar-se para conduzir a obra e o artista da palavra que você é, no rumo do eterno. 

Isso é um segredo que só a poesia revela quando encontrada nas suas cavernas, em escaramuças intelectuais e sensitivas das mais distantes. E você encontrou-a, caro poeta! 

Desvendou mais uma vez o segredo, revelando a poesia em versos pincelados com avidez de pássaro e com a plasticidade de todos os descansos da retina. 

Cumprir sua "morada" é partilhar com as caravanas de anjos e duendes perfilados num horizonte que nos revela todos os orientes e ocidentes. Mas, ao mesmo tempo,  se faz universal demais para ser medido, tocado, urdido... a beleza desse seu novo filho comove por sucção, ao que parece. Sou imediatamente absorvido. Feliz pelo gozo estético. E diante da beleza, meu  caro Chico, apenas respiro fundo. Recebo (faço questão)  todos os seus átomos e todas as  alegorias que me permitem sonhar e cavalgar nessa égua chamada distância para torná-la, a cada instante o meu próprio habitat. 

 

                          Grande Abraço do seu amigo 
                                   Lau Siqueira 

           

Um terceiro escrito

 

A plena percepção do silêncio, amigo Feitosa!!!! 

Acho que foi esse o sentimento que me invadiu quando li "Nunca direi que te amo". É como se tivéssemos a sensação escrita (e descritiva) daqueles arroubos incontidos da alma que nunca cabem nas palavras, tal a intensidade. Parece que você conseguiu acomodá-los nas teias do significado. Essa tem sido, aliás, uma das fortes características do veio poético que se guardou em você por breves "cinqüentanos". 

Um poema cerebral que carrega em seu alforje todas as tralhas daquelas emoções que às vezes pesam na garupa dessa égua inconstante chamada saudade. 

Há braços!

Sempre amigo, Lau Siqueira

 

Cussy de Almeida

 

Da musicalidade do poema

 

A poesia de Soares Feitosa foi uma das gratas surpresas que tive neste 1994. Não é preciso um profundo conhecimento literário, e mais especificamente poético, para se concluir que surgiu um afoito gladiador na arena morna da arte contemporânea brasileira.

Cussy de AlmeidaUm ímpeto de rebento, aliado ao conhecimento que só a maturidade possui, transformam o exercício poético do vaqueiro nordestino em verdadeira Obra Poética. Inquieta e instigante!

Chamou-me, sobretudo, a atenção a ousadia da forma e o ritmo pleno de musicalidade - retirado talvez do particular lirismo dos aboios e acalantos que provavelmente povoaram a infância do poeta. Ou, quem sabe ainda, inspirado em mestres como Verlaine, ao afirmar que a fórmula UT MUSICA POESIS deve ocupar não só a mente, mas o coração de todo poeta. “... música, antes de tudo ...” dizia o soberbo escritor francês.

Assim, caro Feitosa, quero dizer bem dito que me agradaram os seus versos... agraciou-me sua poesia.

Benditos sejam o poeta e sua obra, tão sagrada quanto profana, tão humilde quanto arrogante. Poesia de versos prisioneiros de um mundo que recusa a paz - regido pela inquietação típica dos iluminados.

Um ritual fire dance, certamente!

 

Belchior Joaquim da Silva Neto

Diocese de Luz, MG, 14.12.97

Meu caro Soares Feitosa

Parabéns pelo seu magnífico poema: “Réquiem em Sol da Tarde”. Parabéns ao Brasil pela nova literatura que desponta, sedutora e violenta, com força “heróica, telúrica e lírica” como um réquiem sobre a literatura quadrada e formalista do passado. 

Escreveu o bispo de Afogados da Ingazeira que seu livro “é poesia de criar escola”; eu vou mais longe, meu amigo, como velho professor de literatura (oito anos em Diamantina, MG; seis no Ceará, e aqui em Luz, MG., por mais de trinta) posso dizer-lhe: Meu caro Soares Feitosa, seu livro Réquiem em Sol da Tarde vem abrir a cortina de uma nova Literatura.  

Se Fernando Pessoa despertou, em Portugal, a loucura camoniana de um novo espírito literário; se aqui no Brasil, no campo da prosa literária, surgiu um Guimarães Rosa revolucionando a nossa literatura, você, meu amigo, destemperou de vez o formalismo literário do passado e abriu caminhos novos na inspiração explosiva de poemas fortes, como Siarah, em 14 cantos, que mexem com a alma do leitor; com Psi, a Penúltima, a espadanar cultura e sensibilidade nos seus 9 cantos; e no Compadre Primo com seus 9 cantos também, a exalar cheiro de mato, o gostoso cheiro do sertão, com suas rezas e paçoquinha. 

É o que nos abre caminho para, ao “Balançando Devagarinho” da rede da infância, saborear os “Cajus de Setembro” ou o gostoso “Resíduo de Sal”; prosseguir, nos deleitando com tantas preciosidades poéticas como “Padre Mestre”, “Lua de Março”, “Rosas Vermelhas”, “Lágrima Súbita”, “Menino do Balde” e, saborear também a formidável fortuna crítica, “Hombre, uma escandelice”, padre reitor ! 

Meu caro Feitosa, a gente começa a ler e não acha a hora de parar! É ler e anotar sempre: “do alto deste barranco, mil Secas vos contemplam...”, ou “talvez seja melhor a certeza da dúvida interrogada”, “mãe, sou eu amor!”. 

Quanta beleza, meu amigo, parabéns!

 

Carla Bianca

Surpreende a diversidade de encarnações que SF incorpora. Às vezes, um homem-antena que capta e irradia chamas sociais. De repente, o cabra da peste que galopa os sertões ouvindo e contando causos. A face do amor revela-se ao narrar e emoção masculina sofrendo o encantamento pela Femina

O menino surge brincando com palavras-blocos, construindo a mais autêntica poesia lúdica. 

Multi-facetado e autêntico na vivência de de cada uma de suas personalidades, esse é o poeta Soares Feitosa, navegador da internet, que segue visitando sensibilidades, galáxias e sertões. E que viagem!

 

Célia Lamounier de Araújo

Tantas pessoas já escreveram sobre a poesia de Soares Feitosa que assim prefiro apenas ler seus poemas. Dentro em breve, ele será considerado um divisor de águas: a literatura brasileira antes e depois de Soares Feitosa. Pelos poemas, pelos ensaios, pela inovação na arte de escrever, por sua vasta cultura e pelo Jornal de Poesia na Internet. É como que o historiador que nos mostra os vários ângulos dos fatos, sem medo de represálias - poema Roma, por exemplo. 

 

 

Cláudio Feldman

Atacado por uma pneumonia fortíssima, que quase me leva para Passárgada ou para o hades, sei lá, fiquei penando quase dois meses na cama. Agora estou voltando à tona e respondendo as cartas, lendo as obras que me enviaram, dando satisfação à multidão de amigos que, sem saberem de minha agonia, a aliviaram através de suas cintilações artísticas. Psi, a Penúltima, foi sem dúvida alguma, a obra mais brilhante e esquisita que já li nos últimos anos. Embora algumas de suas intenções não tenham alcançado a minha ignorância, no conjunto de mil procedências, afora naturalmente todas as suas vivências nordestinas e intuições verdadeiramente dignas dos profetas bíblicos.

Li sua obra com a temperatura certa para ela: 39 graus de febre de minha pneumonia. O meu predileto nessa coletânea: Panos Passados, que quase fez também criar água nos meus olhos. Enfim, Psi não é a penúltima, mas a primeira em valor das que li em 1997.

 

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