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Luciano Maia

Poussin, The Nurture of Bacchus

Poesia:


Ensaio, crítica, resenha & comentário: 


Fortuna crítica: 


Alguma notícia do autor:

 

Foto: André Lima

 

Albrecht Dürer, Mãos

 

Ticiano, Magdalena

 

 

 

 

 

Delaroche, Hemiciclo da Escola de Belas Artes

 

 

 

 

 

Luciano Maia


 

Bio-Bibliografia


Nasceu em Limoeiro do Norte, filho de Maria do Carmo Pitombeira Nunes e de Napoleão Nunes Maia. Fez o curso primário no Colégio Diocesano Padre Anchieta, em sua cidade natal, e concluiu o secundário no Colégio São José, em Fortaleza, em 1969.

Formado na Universidade Federal do Ceará, em 1978, preferiu dedicar-se aos estudos lingüísticos e à literatura, tendo publicado dezesseis livros (poesia, ensaio, conto). Mestre em Literatura pela Universidade Federal do Ceará, em 1997, atualmente é professor do curso de Letras e de Comunicação Social da UNIFOR.

Traduziu vários dos principais poetas da Romênia, como Mihai Eminescu, Mihail Sadoveanu, Marin Sorescu e Emil Cioran, além de outras da Suíça, da Itália e da Córsega. O seu livro Jaguaribe - Memória das Águas, já na sexta edição brasileira, está traduzido para o romeno, o espanhol (Argentino) e o inglês (EUA).

Recebeu o Prêmio Osmundo Pontes de Literatura de 2001, modalidade poesia.

Cônsul Honorário da Romênia em Fortaleza, nomeado conforme diploma expedido pelo Ministério das Relações Exteriores da Romênia, datado de 23 de junho de 1997[1]. Em agosto de 2016, foi condecorado com a comenda da Ordem do Mérito Cultural, na categoria Literatura, em apreço aos esforços importantes na tradução e publicação de obras romenas no Brasil.

Assim como seus dois irmãos, Napoleão Nunes Maia Filho e Virgílio Maia, é membro da Academia Cearense de Letras, para a qual entrou em 12 de maio de 1999, saudado por Artur Eduardo Benevides. Ocupou a vaga deixada por Florival Seraine, cadeira n.º 23, cujo patrono é Juvenal Galeno.
 

(Texto redigido em 27.12.1022)

 

 

 

 

 

 

 

Poussin, The Judgment of Solomon

 

 

 

 

 

Luciano Maia


 

A Voz Confederada
 

A Jaci Bezerra, poeta confederado
 


Vou soltar o meu canto conflagrado
e acender no meu pátio uma fogueira,
nos caminhos da Terra içar bandeira
com o emblema de um povo alevantado.
Em meu peito o brasão confederado
ainda brilha qual lábaro inconteste;
minha crença de uma aura se reveste
dando fé da coragem de Tristão,
que por mor do relembro é encarnação
da bravura do povo do Nordeste.

Não me iludo com vozes nem acenos
que do nosso caráter nada sabem;
para que essas falácias já se acabem
e que os nossos enganos sejam menos,
revivamos valores que são plenos
do que é nosso e devera que nos preste.
Arco-íris ao sol, lume celeste,
cruz no branco de praia desatada:
nossa voz será voz confederada
no adjunto do povo do Nordeste.

Entranhável país, presente rico
de passado onde o tempo une de longe
a canuta expressão do Velho Monge
à silhueta ancestral do Velho Chico.
Em seu canto e fulgor me fortifico
com seu mar, seu sertão, seu solo agreste;
de água e tempo se cose a sua veste
na garoa de prata em Garanhuns
e no ouro do sol dos Inhamuns
que colorem e nutrem meu Nordeste

 

 

 

Bernini, Apollo and Dafne, detail

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Renata Palottini

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904)

 

 

 

 

 

Luciano Maia


 

Ao irmão Nadim, morto


Os olhos descansando
sob as pálpebras da eternidade
mas um sorriso indisfarçável
rondando o corpo ausente
a nós abraçado.

Os olhos descansando
das miradas severas
e descansando os olhos
do generoso gesto
do carinho paternal
do mais generoso gesto
do carinho marginal.

Em teu adeus, irmão maior,
duas árvores perfiladas ao poente
eram a presença mais serena
e todas as árvores do mundo
pareciam guardar o teu sono
sob as pálpebras da eternidade.

Por um momento pensei
encontrar a Deus entre nós,
severo e risonho como tu, irmão maior.

Doeu-me como um lajedo
doeu-me como uma pena
a escuridão do jazigo
à que chegou o teu corpo
desterrado e só, amigo
meu irmão querido, morto.

Mas em volta a mata amena
saudou-nos com em outrora
e o meu olhar marejado
era de chuva e riacho
e a tua alma de açude
era em nós um grande abraço.
Adeus, Nadim, obrigado!
 

 

 

Rubens_Peter_Paul_Head_and_right_hand_of_a_woman

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Astrid Cabral

 

 

 

 

 

Entardecer, foto de Marcus Prado

 

 

 

 

 

Luciano Maia


 

Lá fora


O Ceará é uma janela
pequena de onde contemplo
um mundo e seus fastios.

Aproximo-me e repouso as mãos
em sua soleira
e mais se abre a visão
do que lá fora está.

Meus olhos pousam numa possível
alegria, num eco de um sonho,
numa palavra estrangeira,
num país azul.

Retornam com o perfume
das ervas machucadas
já ressequidas, perpassando
a tristeza do vento.
 

 

 

Psi, a penúltima

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Sergio Godoy

 

 

 

 

 

Entardecer, foto de Marcus Prado

 

 

 

 

 

Luciano Maia



Visitação


O meu olhar demorou
mas por fim entreabriu
o quadro emoldurado de luz e neblina
onde galopam os alazões
da longa e enluarada
noite dos meus mortos.
Por campos de outrora
e pelos campos do meu sonho
agora eles viajam
e regressam num instante
enquanto demoramos em sua falta.

 

 

 

Crepúsculo, William Bouguereau (French, 1825-1905)

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Ruy Camara

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), Bathsheba

 

 

 

 

 

Luciano Maia


 

Natal abissal


Nesta tarde à espera
surgirão velhas estrelas.
As crianças pobres se vestem
para a noite-de-festa.

Vamos, minha alma!
Alegra-te um pouco
felicita teus pares
por esta recém-adivinhada ilusão
ainda que amanhã te resignes
ante a impossibilidade do vôo
e tenhas de estar
pronta para outra queda.
 

 

 

Leonardo da Vinci,  Study of hands

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Majela Colares

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), Consummatum est Jerusalem

 

 

 

 

 

Luciano Maia


 

Acqua et umbra


Sob as águas recém-detidas
à sombra da oiticica
a pequena rã coaxa
e vislumbra entre os fios
da água caída da estação celeste
um canto orquestrado de tempo
e trovão.

A lua de março
se entrevê no espelho singelo das poças
e neste instante as lonjuras
das águas primevas se inauguram
na memória primitiva
desta província anterior.
 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), Slave market

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Adriana Zapparoli

 

 

 

 

 

Titian, Venus with Organist and Cupid

 

 

 

 

 

Luciano Maia


 

Canto do expatriado II
 

Quantas horas perdi, procurando en-
contrar motivos para tanta perda?
Será por ser de lá, será por ser da
terra que vive em mim, que vivo além?

Será por ser do só, por ser do sem?
Será por ter que sempre me perder da-
quela primeira via, sem mais nem
ida nem volta, ser de sorte esquerda?

Percorro as linhas fundas do meu rosto:
são Desenhos, Distâncias em que meço
em D Destino, o D deste Desgosto.
 

Retiradas, adeuses
fizeram o sinal
que estou partindo,
?  em excesso
 nos ombros posto,
 estando de regresso.

 

 

Henry J. Hudson, Neaera Reading a Letter From Catallus

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Raquel Naveira

 

 

 

 

 

Michelangelo, 1475-1564, Teto da Capela Sistina, detalhe

 

 

 

 

 

Luciano Maia



Cantamericamor


Escuché remotísimas canciones
para cumplir larguísimo viaje.
Salí del llano para los volcanes,
en Todamérica estuve de pasaje.
Dibujando los ríos, los estanques,
socavando los ojos del paisaje
con mis ojos siguiendo como lanzas
aztecas, incas, guaraníes, mayas.
Reflejando los cielos y los árboles,
espejando las aguas, las praderas.
Enamorado yo de lo que hubiera
en la corriente de pasadas aguas
antes que cometieran las banderas
en el seno de tierras traicionadas.
Amando como aman los poetas
de Baja California y Magallanes
las llanuras del alma bandolera
y las cumbres llenadas de canciones.
La esperanza de ayer, que amaneciera
a los norteños y los patagones,
a los andinos y los brasileños,
un canto general de corazones.
Canto de amor americano, canto
de luna libre, sol atardecer.
Libres guitarras, alas de charango,
de libres trenzas negras de mujer.
Mañana americana, amor, en-canto,
libres pies, libres brazos, por doquier.


(Um Canto Tempestado, 1982)

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), The Pipelighter

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Napoleão Maia Filho

 

 

 

 

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