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Raquel Naveira

Poesia & Conto:


Ensaio, crítica, resenha & comentário: 


Fortuna Crítica:


Alguma notícia da autora:

 

Raquel Naveira

 

Albrecht Dürer, Mãos

 

Um esboço de Da Vinci

 

 

 

 

 

Poussin, Rinaldo e Armida

 

 

 

 

 

Maria da Graça Almeida



Bio-bibliografia

Raquel Naveira nasceu em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, no dia 23 de setembro de 1957. Formou-se em Direito e em Letras pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB/MS), onde exerceu o magistério superior, desde 1987 até 2006, quando se aposentou. Doutora em Língua e Literatura Francesas pela Universidade de Nancy, França. Mestre em Comunicação e Letras pela Universidade Presbiteriana Mackenzie/SP. Cronista do jornal Correio do Estado (Campo Grande/MS). Pertence à Academia Sul-Mato-Grossense de Letras (exerce o cargo de vice-presidente), à Academia Cristã de Letras de São Paulo e ao PEN Clube do Brasil. É palestrante, dá cursos de Pós-Graduação e oficinas literárias. Escreveu vários livros, entre eles Abadia (poemas, editora Imago,1996) e Casa de Tecla (poemas, editora Escrituras, 1999), finalistas do Prêmio Jabuti de Poesia, da CBL. Os mais recentes são os livros de crônicas Caminhos de Bicicleta (São Paulo: Miró, 2010); o de poemas, Sangue Português: raízes, formação e lusofonia (São Paulo: Arte&Ciência, 2012), Prêmio Guavira da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul; o de ensaios Quarto de Artista (Rio de Janeiro: Íbis Libris, 2013); Jardim Fechado: uma Antologia Poética (Porto Alegre/RS: Vidráguas, 2015), painel de mais de três décadas de publicações e o de crônicas O Avião Invisível (Rio de Janeiro: Íbis Libris, 2017). No gênero infantil escreveu Guto e os Bichinhos 1 e 2 (Campo Grande/MS:Alvorada, 2012) e Dora, a Menina Escritora (Campo Grande/MS: Alvorada, 2014). Escreveu o romance Álbuns da Lusitânia (Campo Grande/MS: Alvorada, 2015).

 

(Texto redigido em 20.01.2023)

 

Albrecht Dürer, Mãos

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Ricardo Alfaya

 

 

 

 

 

Poussin, Venus Presenting  Arms to Aeneas

Raquel Naveira



Fortuna crítica:

Artur da Távola
Como é possível produzir tanto e tão bem... Ensine-me o segredo. O Arado e a Estrela é um livro de ensaios ou crônicas...Importa que ótimas. Prefiro lê-lo como crônica. Assim o gênero ganha mais uma cultora. Parabéns. (ARTUR DA TÁVOLA)
 


Affonso Romano de Sant'Anna
Recebi o livro de poemas Senhora. A “senhora” escreveu um “senhor” livro. Sua obra vai assim se afirmando cada vez mais. (AFONSO ROMANO DE SANT’ANNA)
 



Guerra entre Irmãos revelou-me uma criadora de grande força, de tocante sensibilidade e de notável técnica. (ÊNIO SILVEIRA)
 



- Li Mulher Samaritana e Maria Madalena. Foi um enriquecimento ao meu sentir a vida a leitura dos mesmos. Desde os seus livros anteriores, que guardo com afeição, cada vez mais se confirma dentro de mim a certeza de sabê-la como uma das melhores autoras de poesia (verdadeira e autêntica e original) da nossa literatura contemporânea. (MOACYR FÉLIX)
 


Antônio Houaiss
- Não quero- nem posso- furtar-me ao poder de sua linguagem poética, que é bem sua, como o viu bem o nosso Frei Betto . Reconheço-lhe sua capacidade verbal e mental e sou-lhe muito grato por isso.(ANTÔNIO HOUAISS)
 



- Fiz uma pausa em meus afazeres e li seus versos. Foi um intervalo prazeroso, em que tomei conhecimento de uma poesia que muito me agradou- simples, mas nunca banal, realmente “adulta”. (CLEONICE BERARDINELLI)
 



- Seu livro Fiandeira me agrada muito, é cheio de memória, piedade, poesia. Piedade no sentido que você mesma dá: “uma admiração secreta por todos os desterrados”. Leio e releio com encanto suas páginas e me sinto habitante nelas de sua cidade e contemporânea de sua infância. (ECLÉA BOSI)
 



- A sua obra precisa de uma divulgação nacional, pois sua poesia, por excelência lírica, é atual, mesmo quando enaltece Zumbi ou quando se debruça sobre o interior feminino, com coragem e profundidade. (IVES GANDRA MARTINS)
 



- Que emoção o encontro com tua poesia! Gostei tanto de tantas coisas que dizes, que deixei o Abadia morando bem perto da mesa onde escrevo: volta e meia te visito por lá de novo. (LYGIA BOJUNGA NUNES)


 

 

John William Godward (British, 1861-1922),  A Classical Beauty

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Luís Antonio Cajazeira Ramos

 

 

 

 

 

Poussin, Rebecca at the Well

Raquel Naveira



Burca


Há uma mulher por dentro da burca,
Estranha veste que envolve o corpo
Como um capuz,
Um casulo,
Um enorme grão.

A mulher por dentro da burca
Espia o mundo
Por uma janela quadriculada,
Vê sem ser vista,
Boca calada.

A mulher por dentro da burca
Busca a estrada,
A repisada trilha dos camelos
Rumo ao oásis,
Mas seu caminho se bifurca
Entre o amor e a morte.

A mulher por dentro da burca
É vulcão,
Em suas mãos,
Em sua nuca,
Escorre larva quente;
Gota de fogo é o seu coração.

A mulher por dentro da burca
Tem algo de verme,
De serpente,
De pássaro,
É feita de neblina
A sua face triste.

Por dentro da burca
O medo sufoca,
A mulher segue a procissão
Com passos lentos,
Não permaneceria imóvel
Assistindo a procissão passar.

Por dentro da burca
A opressão enforca,
A mulher,
De costas viradas ao sol,
Enxerga sua sombra.

Por dentro da burca
A louca caminha pela praia,
A maré alta apagará suas pegadas.

A burca azulada como o céu
Torna a mulher
Invisível.


 

 

Henry J. Hudson, Neaera Reading a Letter From Catallus

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Nei Duclós

 

 

 

 

 

Da Vinci, La Scapigliata, detail

Raquel Naveira



Cabelo


Estou triste,
Cortei o cabelo.
Não sou mais adolescente
De tranças
E olhos lânguidos.
Não sou mais moça,
Balançando a crina,
Como égua musculosa
Na colina.
Não sou mais princesa,
Usando tiaras,
Arrastando a coma
Como se tivesse na cabeça
A cauda de um cometa.
Adeus, cabelame !
Derrame de seiva sobre meus ombros,
Véu natural
Com que penetrava câmaras ardentes.
Por que cortei o cabelo ?
Por que não o mantive longo,
Mesmo branco e seco,
Preso na nuca
Por marfim e pentes ?


 

 

Franz Xaver Winterhalter. Yeda

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Floriano Martins

 

 

 

 

 

William Bouguereau (French, 1825-1905), Reflexion, detail

Raquel Naveira


 

Jasmim-do-Cabo


Todo jardim deveria ter um jasmim-do-cabo,
aquela flor que perfuma,
embalsama,
derrama óleo grosso
nos pés da noite.
Todo jardim deveria ter um jasmim-do-cabo,
o dia transcorreria em agonia,
mas a lua viria
desatar os laços da magia
e nos tiraria o fôlego.
Todo jardim deveria ter um jasmim-do-cabo,
absorveríamos no pulmão
uma torrente de pétalas brancas
e voaríamos como anjos
tocando banjos na noite.


 

 

Tiziano, Mulher ao espelho

 

 

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Antônio Massa

 

 

 

 

 

Thomas Colle,  The Return, 1837

Raquel Naveira



Camalotes


Na cheia
Os camalotes bóiam,
Estufados corpos aquáticos
Que a correnteza leva;
Conjunto de leques duros,
Verdes,
Que se dissolvem no silêncio;
Aqui e ali um buquê de flores
Arrebenta lilás;
A malha fina de raízes
Apanha peixes,
Escamas,
Pés delicados de pássaros que pousam;
A canoa de folhas
Navega sem leme
Rumo à foz,
À pedra,
Ao mar que espreme
E espuma.


 

 

Valdir Rocha, Fui eu

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Carlos Herculano Lopes

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904) - Phryne before the Areopagus

Raquel Naveira



As parcas


Somos três as Parcas
Na barca do destino,
Somos três as Fiandeiras,
Laçadeiras da existência,
Somos três as Mulheres
Desta terra brasileira.

Sou Cloto,
A que fia,
A jovem índia,
A que lamenta a opressão,
O genocídio,
A vida transformada em morte no fim do dia.

Sou Láquesis,
A que tira a sorte,
A que determina o comprimento do fio;
Munida de um fuso
E de um mapa-múndi
Localizo almas;
Vim da África,
Minha pele é negra,
Cruzo mares
Em navios negreiros,
Escuros e sombrios
Como a escravidão.

Sou Átropos,
Nada abranda meu coração,
Corto o fio dos novelos,
Na hora em que Deus manda;
Sou alva como lírio,
Velha como a História,
Minha única glória,
A de agora,
A de sempre,
A de nunca mais,
É cavar a cova dos mortais.
Somos três as Parcas
Que ligam este mundo
Ao outro mundo;
O Inferno ao Céu
E o Céu à Terra;
O homem a si
E ao seu princípio.

Somos três as Parcas
Neste labirinto,
Seguindo passo a passo o fio
Que conduz ao Infinito.

Somos três as Parcas
Nestes bastidores,
Nestes teares,
Criando formas
Que se rompem,
Frutos de nossas entranhas,
De nossa substância,
De nossas teias de aranhas.

Somos três as Parcas,
Duras e impiedosas,
Filhas da Necessidade,
Lei que rege as mudanças,
Que planta e ceifa
As contínuas esperanças.

Somos três as Parcas,
Fixando símbolos,
Plantando sementes
Nos campos das mentes
Que lavramos.

Somos três as Parcas,
Somos três as Moiras:
Índia,
Negra,
Ibérica,
Marcas deste continente
Que se fez América.


 

 

Bernini_The_Rape_of_Proserpina_detail

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José Valgode

 

 

 

 

 

Winterhalter Franz Xavier, Alemanha, Florinda

Raquel Naveira



Retrato de uma infanta


Este é o retrato de uma princesa,
Uma infanta,
Que jamais foi rainha
Mas que guarda
Na palidez da face
Uma tristeza oculta,
Um sofrimento
Que a torna imortal
E santa.

O retrato da princesa,
Pequena infanta
Vestida de negro,
Diz que ela nunca se casou,
Que sucumbiu
No auge da vida
A uma febre,
A uma chama
Que a consumiu
E fechou-lhe a garganta.

O retrato da princesa,
Pobre infanta,
Mostra um corpo frágil,
Uma cabeça erguida,
Uma testa ampla,
Gerada por príncipes,
Talvez das Astúrias,
Há no seu olhar
Um fascínio que encanta.

No retrato da princesa,
Um espelho ao fundo
Devora a sua imagem,
O seu sonho de infanta.

.../
Seria ela Margarida?
Amélia?
Maria?
Teria sido solitária,
Exilada,
Sem reino,
Sem destino,
Decapitada?

O que há nesse retrato
Que tanto me espanta?


 

 

Allan Banks, USA, Hanna

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José Carlos A. Brito

 

 

 

 

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