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Salomão Sousa

 

Winterhalter Franz Xavier, Alemanha, Florinda

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Valdir Rocha, Fui eu

 

John William Godward (British, 1861-1922), Belleza Pompeiana

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Salomão Sousa



Bio-bibliografia


Salomão Sousa, 19/09/52, Silvânia (GO). Mudou-se para Brasília em 6 de janeiro de 1971. Reside no Núcleo Bandeirante desde agosto de 1984. Jornalista do Poder Executivo, trabalha atualmente em assessoramento parlamentar pelo Ministério do Trabalho. Participou do movimento da Poesia Marginal, no final da década de 70, principalmente com Esbarros. Nesta época, assim se manifestava Jorge Amado sobre Salomão Sousa: “Um poeta de primeira ordem — original e humano, sensível e consciente. Poesia que não é cera, é chama”. Manteve sempre uma postura crítica de resistência, não apenas no conteúdo de sua obra, mas também diante do trabalho do poder público e da imprensa no que se refere ao tratamento dispensado à Literatura.

Organizou as antologias Em Canto Cerrado (de poesia) e Conto Candango, com escritores de Brasília. Esta última está registrada como obra de abonação da Enciclopédia de Literatura Brasileira (1990), de Afrânio Coutinho, principalmente do verbete Literatura, Candanga. Entre outras publicações, participa da Antologia da Nova Poesia Brasileira(1992), de Olga Savary; e dA Poesia Goiana do Século XX, de Assis Brasil. Bibliografia: A moenda dos Dias, l979, Ed. Coordenada, Brasília, DF; A Moenda dos Dias/O Susto de Viver, 1980, Ed. Civilização Brasileira, em Co-edição com o INL; FALO,1986, Ed. Thesaurus, Brasília, DF; Criação de Lodo, 1993, edição do autor, Brasília, DF; e Caderno de Desapontamentos, 1994, edição do autor, Brasília, DF. Editor do Chuço, zine de resistência contra a má atuação da Imprensa e de registro da correspondência pessoal, inclusive com observações sobre os livros recebidos. Endereço: Av. Central, Bloco 1685, casa 40, 71715-200 - Núcleo Bandeirante - DF

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Salomão Sousa



Ela espera com as verbenas boas...


Ela espera com as verbenas boas
e em repouso todos guerreiros mortos
A luta esqueceu de bater na porta
e buscavam guerreiros de bom garbo
as chamas das verbenas sobre as águas
Estariam após as portas do sol
Schiller ameaçou tocá-las em Jena
e antes que as alcançasse houve a cegueira
Erguiam pontes e nelas se agarravam
e iam e se perdiam fundos nos lamaçais
Eram milhões para depois do gelo

E ao lado dos mortos fervem as hienas
vorazes nas vísceras dos guerreiros
e jamais se juncarão de verbenas

 

 

 

 

Um esboço de Da Vinci

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Rodrigo Magalhães, 12.2.2005

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904) - Phryne before the Areopagus

 

 

 

 

 

Salomão Sousa



E é o veneno que cresce no silêncio...


E é o veneno que cresce no silêncio
E é até o broto da lágrima
que está seco dentro de uma rocha
E é um vazio como um grão de ouro
e é uma tortura como o sentir de um coice
A mão esquecida sobre a bainha
e não há um corte para esvaziar o escarro
Há o pressentir de um estouro
e há um campo cheio de quietos touros
e não há uma queda onde quebrar a cara
e não há uma vara para escapulir da tara
Sem um gorjeio sequer num vento livre
e tudo é vendaval sem pedir ajuda
Não há o corte fino de uma lâmina
sobre o desejo que escurece
a passagem que vai dar ao ânimo
Não era para ficar uma pétala
Não era para bater um coice
E caem alimárias e crescem galhos
Fundição num domínio de pedra
e não há o bafejar do vento
e não há o entranhar de uma gota
e não há o pulsar de um malho
Irá inocular e será inócuo
Será sem sentido e falhas puras
O bote cairá numa pedra
e o brilho será jacinto murcho


 

 

 

Michelangelo, Pietá

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Edson Bueno de Camargo

 

 

 

 

 

 

 

Delaroche, Hemiciclo da Escola de Belas Artes

 

 

 

 

 

Salomão Sousa



Ser um deus num céu de terra...


Ser um deus num céu de terra
Sereno na serra sereno como as águas
deus trem sobre os trilhos
Ser simplesmente na terra
um deus penumbra um deus sombra
Sombra sem nenhuma fome
sobre as nádegas sobre as águas
Após as nádegas após as águas
são os umbigos que estarão belos
Serão flores serão cogumelos
Como será feliz ser um deus
Este deus terra este deus novilho
só para poder comê-los
como umbigos como cogumelos

Após os umbigos após os cogumelos
é a terra que se mostrará bela
Será talhos e será trem e também trilhos
Como será ser feliz ser o deus viagem
Este deus fome este deus navalha
só para poder partir e poder comê-la
como talhos como terra
 

 

 

 

Ruth, by Francesco Hayez

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Márcio-andré

 

 

 

 

 

 

 

Poussin, Rinaldo e Armida

 

 

 

 

 

Salomão Sousa



Mede o universo verde...


Mede o universo verde
a lacraia no caule da piteira
Queimará seu dia de sol
Passará pela última lança
com as cem patas ondeadas
Não sou nem mesmo o eunuco
cuidando das fibras
das damas verdes
Não sou nem mesmo a pata
fritando dentro da trempe
Chegarei a esmo à ultima lança
e não terei atravessado
o cabo das tormentas
Meço o universo
e não sou nem mesmo o louco

 

 

 

Um cronômetro para piscinas

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Thomas Cole (1801-1848), The Voyage of Life: Youth

 

 

 

 

 

Salomão Sousa



Nula fístula na língua...


Nula fístula na língua
Nulos lambris de nylon
Nulos pára-choques
pára-brisas parangolés
Nulo curral de lama
Desentupir nas bisnagas
e nas agulhas
os debruns
de enfeitar os nulos trapos
Desentupir nas tetas
o leite para as nulas goelas

Desfincar as estacas
que estancam as bocas dos sapos
Admirar ser a nula lacraia
debaixo do cavaco
A nula tartaruga demaiada
com a nula areia no sovaco
 

 

 

 

Culpa

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Teresa Schiappa

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904)

 

 

 

 

 

Salomão Souza



Nasci entre toras...


Nasci entre toras
Só entendo
de maneira entre
cortada
De carne em cubos
De esterco
esfarelado
De madeira em
cavacos
Frases de três
duas palavras
Uhm?
Posso perguntar
sem nenhuma frase
Além de nascer
entre lenhas
entre pirilampos
Posso
esbarrar no silêncio
uhm rhum!

 
 

 

 

 

 

17/06/2005