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Ronaldo Cagiano

Da Vinci, La Scapigliata, detail

Poesia :


Conto:


Ensaio, crítica, resenha & comentário: 


Alguma notícia do autor:

 

Ruth, by Francesco Hayez Michelangelo, Pietá

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904)

 

 

 

 

 

Ronaldo Cagiano



Bio-bibliografia


Ronaldo Cagiano Barbosa (Cataguases, 15 de abril de 1961) é um advogado e escritor brasileiro.

Viveu em Brasília de 1979 até 2007, e em São Paulo de 2007 a 2017 e está radicado em Lisboa. Trabalhou na Caixa Econômica Federal de 1982 a 2016. O autor tem publicado resenhas e críticas em diversos jornais e revistas do país e do exterior. Obteve o 1° lugar no concurso de contos Ignácio de Loyola Brandão, de Araraquara (SP), em 1996; 1° lugar no concurso Bolsa Brasília de Produção Literária 2001, com o livro de contos Dezembro indigesto. Organizou as coletâneas Antologia do conto brasiliense (Projecto Editorial, Brasília, 2001), Poetas Mineiros em Brasília (Varanda Edições, Brasília, 2001) e Todas as Gerações - O Conto Brasiliense Contemporâneo (LGE Editora, Brasília, 2006).

Ganhou o terceiro lugar na 58ª edição do Prêmio Jabuti de literatura com o livro de contos "Eles não moram mais aqui" (Editora Patuá 2015).


(Texto redigido em 04.04.2023)

 

 

 

 

 

 

 

Thomas Colle,  The Return, 1837

Ronaldo Cagiano


 

Retroviagem


Adiada a chegada
o mar é só vertigem
o porto está distante.

A noite nos oceanos
é uma tragédia de negrumes
onde se perdem
os homens ávidos de idílios
entre cetáceos ressabiados
e atlânticas saudades.

A estrela que me acompanha
(ou a persigo, em solitária romaria?)
restabelece o ancoradouro
que precocemente fugiu
das garras tênues
de um viandante inconcluso.

Mais inquieta é a esperança
se nela não navego
ou galopam outros sonhos.

A geografia dessas águas
fabrica desafios, enquanto no rosto
mareja o sacrifício da espera.

 

 

 

 

 

 

 

Caravagio, Tentação de São Tomé, detalhe

Ronaldo Cagiano



Temp(l)o de (Re)colher


Ossuário de estrelas
onde vou catar a possível sobra
de luz e sabor
dos homens que não souberam
espalhar o fermento hierático
de doida esperança.
Enquanto no útero espantado
de vário peito estarrecido
forjavam-se sonhos natimortos,
um Prometeu acorrentado
insistia na louca oficina da utopia.
Segadura que se esqueceu
enquanto um rebanho indolente
resolvia o destino
de nossos poucos desejos.

A felicidade perdeu-se
nos (des)caminhos, entre tantas glosas,
saturada nos hiatos fuliginosos,
sedicioso temp(l)o de enganos.
Mas o apanhador caminha,
cioso da fertilidade, buscando enxertar-se
da prole que não será, em vão, buscada,
de invenção de vida novos astros, outras terras.

 

 

Herodias by Paul Delaroche (French, 1797 - 1856)

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Edmilson Caminha

 

 

 

 

 

William Bouguereau (French, 1825-1905), Reflexion, detail

Ronaldo Cagiano


 

Pórtico


Na velha ponte
de Cataguases,
belvedere entre montanhas

vislumbro uma lâmina mordaz
na incontida fugacidade das águas
do Rio Pomba.

O leito que escorre inexorável
diante dos meus olhos,
carrega histórias & cansaços
numa retroviagem sem tamanho
diante do menino perplexo
que a tudo esgarça
com inquirição ou pranto.

A cidade, as pessoas, o vário tempo
são remotas cintilações de antanho,
mas ainda perdura

no mofo das amuradas
nos vetustos oitizeiros da rua
nos trilhos da velha estação

a oficina de sonhos
que hiberna no rigor
de tantos (des)caminhos.

 

 

John William Waterhouse , 1849-1917 -The Lady of Shalott

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José Louzeiro

 

 

 

 

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SB 04.04.2023