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Marigê Quirino Marchini

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), Morte de César, detalhe

Poesia :


Ensaio, crítica, resenha & comentário: 


Alguma notícia do autor:

William Blake (British, 1757-1827), Christ in the Sepulchre, Guarded by Angels

 

William Blake (British, 1757-1827), The Ancient of Days

 

 

 

 

 

Jornal de Filosofia

Marigê Quirino Marchini


 

Biografia:

 

  • Marigê Quirino Marchini é poeta, tradutora e ensaísta. Advogada, formou-se pela Faculdade de Direito da USP em 1958. Pertenceu, com seu nome literário, à Academia de Letras da Faculdade, na cadeira Eduardo Prado.

  • Tem os seguintes livros publicados: Balada dos Quatro Ventos (1955); Diário de Bordo (1958), ambos edições da autora; Oratório de um dia de verão (1982, Editora Soma); Sonetos do Imperfeito (1984, João Scortecci Editora), todos de poesia.

  • Colaborou com artigos, poesias, ensaios e traduções nos seguintes jornais: Jornal do Escritor, da União Brasileira de Escritores; Diário Popular, com colaboração na "Página do Livro", do jornalista Henrique Novak; Linguagem Viva, com vários artigos e com a autoria da seção "Livros Italianos"; e nos jornais da Faculdade de Direito nos tempos de estudante.

  • Participou das antologias: Antologia da Poesia Brasileira, tradução para o iugoslavo (servo-croata), em supervisão do poeta André Kisil, e da antologia "50 Poetas" (1995) do Clube de Poesia.

  • Pertence ao Clube de Poesia, e foi de seu Conselho Diretor em 1993; foi 2a. tesoureira da União Brasileira de Escritores de São Paulo. Tem inúmeras referências em jornais e revistas sobre seus livros. Foi dicionarizada no Dicionário da Literatura Brasileira de Afrânio Coutinho.

 

Jornal de Filosofia

 

 

 

 

 

 

 

Ingres, 1780-1867, La Grande Odalisque

Marigê Quirino Marchini



Comentário sobre Estudos & Catálogos - Mãos:

Marigê Quirino Marchini

Prezado Soares Feitosa,

Seu prefácio Estudos & Catálogos – Mãos é um maravilhoso ordenamento de um Brasil existente nos bois, nos ferros cruéis, nas madrugadas. nos sertões, nas gentes sertanejas que, nós aqui, nestas urbes — desenvolvidas, violentas e poluídas — mal conhecemos, mal amamos, mas bem recebemos, com júbilo, pois é um portal magnífico para adentramos nas tradições e diferentes formas de vida em nosso País

Sua vasta cultura, Soares Feitosa, direi mesmo erudição, está toda perceptível nesse prefácio encantador, humano e abrangente. E na divisão dos tempos d’Ele, d’Ela, que refinamento de linguagem, que poesia!

Este prefácio está à altura da poesia de Virgílio Maia, que conheci quando estive em Fortaleza. Você ele, dois grandes poetas.

Com meu abraço de muita amizade, estou-lhe mandando meu livro Hierofanias, o religioso na lírica feminina, e um arquivo com Duas poéticas, sobre Aluysio Mendonça de Carvalho.

Cordialmente,

Marigê Quirino Marchini

 

Ingres, 1780-1867, La Grande Odalisque

 

 

 

 

 

 

 

Thomas Colle,  The Return, 1837

Marigê Quirino Marchini


 

Réquiem de Natal


Por cima dos jazigos paira a sombra
dos que morreram ontem, não sabendo
e acreditam em Deus poder voltar.
Eles voltam nas relvas dos caminhos
e em tudo que ilumina nosso olhar.
Em água mansa e pura, no sol quente,
em tudo que nos faça relembrar:
quão transitória é a vida e inda mais bela
se a vemos sempre, um dom agradecido.
 


A vida a vida a vida transitória
e repleta de mil eternidades
entre o sono e a manhã nascem mil rosas
outras mil se desfolham antes da noite
as estrelas brilham seus olhares
simplérrimos de luz e de beleza
confundindo em mistério dez mil cálculos
perpassando nos céus velhas perguntas,
os cometas antigos com suas caudas.
 


Renascentistas telas dos presépios
onde se sentem olhos de um pintor
a desenhar em cor e luz e sombra
o rosto do menino divinal
e de sua mãe Maria, de José,
dos magos reis pastores, o arcabouço,
de um mundo que nascia em palha e estrume.
Sente-se ainda o rocio da manhã
daquele dia; e as ovelhas
se repetem em séculos e séculos
nos pequenos presépios das igrejas.
Apesar das ogivas nucleares
milhares de presépios nascerão
no dom de uns bons pintores e poetas.
Por secula seculorum. Omina est.
 


Eu também tinha um pai. E todo ano
o presépio nascia em suas mãos.
E era um cientista e sua ciência
era larga e profunda como a fé.
Se todos os sinais estão aqui,
os talhes na madeira, as pinturas,
as góticas colunas, as românicas
rosáceas, os vitrais, envelhecidos,
e onde estão os habitantes desses mundos?
Maior será a linguagem que o pensiero?
Parla! Maior a escultura que o escultor?
Que dedo, que cósmico gigante
varre dos planetas gerações
e as transmuda em pó e miserere?
E no entanto pairam suas memórias
e nos sustêm na humílima pergunta:
Vós onde estais? E passam os cometas
E em mil anos nascem os Messias.
 


Estamos prontos a recomeçar.
 

Thomas Colle,  The Return, 1837

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), Morte de César, detalhe

Marigê Quirino Marchini



O dialeto da noite


Corto minha lenha, vivas toras
e empilho ao lado da casa em segurança
e um deus está sentado em meus tonéis
vigiando meu vinho,
em paz, menos esta alma
que é minha, com certeza, e que morna
olha seu côncavo verde e se descostura.
Já houve um tempo de baile
hoje me dependuro como um vestido antigo
semi-despedida
da noite e seu relento.
Oh! Como é duro na soleira
não ultrapassar o seu portal!
Tudo é um tempo só
o passado, essa luz sem pavio
existe porque estamos no presente
ou futuro imperfeito ou numa cilada.
Que paralelo portão se abre então
em que clã ou telhado desconhecido
me acho de novo em casa e descontraída
desabotôo o casaco e reclinada
posso olhar da janela um deus dormindo
o vinho entornado e a lenha consumida...
 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), Morte de César, detalhe

 

 

 

 

 

 

 

Frederic Leighton (British, 1830-1896), Antigona,detail

Marigê Quirino Marchini



De "Diário de Bordo" (1958)


De um passado tempo, aqui
que marujo ébrio içará as velas
domingo de manhã
quando todos perguntarem o seu nome
sua nacionalidade o nome do seu barco
e a tripulação?
Ele nada saberá contar senão que
as paredes são como os fuzilados, erguidas contra as sombras
e ele preferia os peixes voadores.
 

Frederic Leighton (British, 1830-1896), Antigona,detail

 

 

 

 

 

 

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Maura Barros de Carvalho, Tentativa de retrato da alma do poeta

 

 

(04.05.2023)