Jornal de Poesia

Soares Feitosa

Frederic Leighton (British, 1830-1896), Antigona

Punhais de Othelo

Frederic Leighton (British, 1830-1896), Antigona

 

Destes caminhos, vou propor alguns ao Tempo:
sim, é por ali, talvez venha;
eu farei que não vejo —
(como poderei, 

se meus olhos não se guardam de multiplicar distâncias?)
displicentemente
tentarei tatear um relógio.
 

        Pode ser que Ela surja 
        pelo outro lado da coluna,
        ali,
        perguntando:
         

        — Ele também não está?
         

Estou.

O ar.

 

Ah, o ar! 

há-de ser suficientemente trêmulo a todo o meu rancor.

 

Fortaleza, madrugada alta, 27.9.1999

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Da generosidade dos leitores


Frederic Leighton (British, 1830-1896), Antigona

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Ruth de Paula

Poeta,
     

Difícil é falar alguma coisa dos seus escritos imediatamente após a leitura deles. Digo isso porque logo que os lemos somos empurrados para um campo profundamente reflexivo. A primeira sensação é de extrema impotência,de não vida,de percorrer nossas alamedas mais escuras a procura dos nossos mais de 5
sentidos. 

A tesoura de 'Adolescíamos' aparece  sempre que pode, nos desfiando a alma; daí, com a alma — cebola cortada em rodelas bem finas, voltamos a perceber seus versos em imagens sempre delicadas embora contundentes. Só depois de cortada a cebola-alma, é que podemos ir à mesa. Foi isso que senti quando li estes "Os Punhais de Otelo": o lodo da angústia, a busca por espaço e a falta deste no coração de quem se ama, a quase certeza de um terceira nota a quebrar a harmonia de um duo, tudo no ar por um fio! O ar, até ele, um intruso.

 

Frederic Leighton (British, 1830-1896), Antigona

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 Frederic Leighton (British, 1830-1896), Antigona

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