Mais de 3.000 poetas e críticos de lusofonia!

 

 

 

 

 

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Elizabeth Marinheiro

 

Herbert Draper (British, 1864-1920), A water baby

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), Plaza de toros

 

 

José do Vale Pinheiro Feitosa


 

Nota biográfica


José do Vale Pinheiro Feitosa – nascido na cidade de Crato, Ceará, em dezembro de 1948, morando no Rio de Janeiro há 34 anos. Médico do Ministério da Saúde. Publicou o Romance Paracuru em 2003. Assina matérias em alguns blogs e jornais. Em literatura agita crônicas, contos, poesia e ensaios de temas variados. Gosta de pintar e tem alguns trabalhos de escultura. Colabora no Blog da Cidade do Crato.


(Texto redigido em 13.06.2023)

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), Plaza de toros

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Goya, Antonia Zarate, detalhe

 

 

 

 

 

José do Vale Pinheiro Feitosa


 

Curtinhas
Rio de Janeiro, 1988

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De quem é a culpa?
Do chão escorregadio?
Ou do piso liso do sapato?
Da natureza quebradiça dos ossos?
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Mal chegastes!
E estais saindo....
Afinal, o que é isto?
Uma cheguida.
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Um burguês, inchando de ter,
Teve tudo e tudo lhe teve.
Esqueceu que a morte é apenas ZZZZIIIIPPPT.
E é certa que vem.
──────────────────────────────
Januária e Joana juntas na janela, jamais.
Brigaram, brigona, brava.
Assuntos assim, sempre serão sucesso,
Pois choram a ubiqüidade ultrapassada.
──────────────────────────────
Só existe uma alternativa
Para o vazio estabelecido,
Pela inexorável despedida.
Preencher o vazio.
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Não sei se:
O rabo está na cabeça,
Ou vice-versa.
O chão no céu,
Ou o céu no chão.
A água é fogo,
Ou o fogo é água.
O gás é líquido,
Ou o sólido é pensamento
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Goya, Antonia Zarate, detalhe

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Thomas Cole (1801-1848), The Voyage of Life: Youth

 

 

 

 

 

José do Vale Pinheiro Feitosa


 

Das Remessas de Francini: um pouco às liberdades dos teus 16 anos.


Ana Kessler: Eu me habilito.

Minha cara botão de rosa, vestida em pensamento de mulher prosa.
Eu me habilito.
A jamais cobrar a costela que me roubaste.

Quando Gabriel expulsou-me do Paraíso, levei comigo, um pedaço, feito tu.
Quando nossas vozes chorou no exílio de Nabucodonosor, o doce canto era teu.
Prometo-te todas as estrelas, a lua também, quando tudo farei, mesmo não indo além.

A minha natureza é cortar os galhos da floresta para que teu corpo trilhe solto.
Se teu semblante guerreiro afrontar-me flecha, dos cabelos mover-me sequer uma mecha.
Quando presidires o congresso dos homens, conduza-os com teu pleno instinto que gesta.

A decisão que nutre, o outro que se cria, nem maior e nem menor, apenas como tu és.
Pois de outra mulher, mesmo feminista, o laço não se armou, estava fora, na produção.
A vida, movida, tangida, subidas, descidas, saltos e atrasos resumira-se a meras jornadas.
Estiradas, sulcadas feito disco gravado, repetidas qual o passado que fala pelo presente.

Não esteve, em ti e nem em outra, a correia que move as engrenagens fabris.
Pois o maior dos erros é pensar em ti como parte duma caterpilar que esmagava,
Com as garras de suas esteiras, como se este fosse um gesto de gênero, feminino ou não.

Habilito-me a curtir o couro que tuas mãos soltam monções de artesanatos,
Secar a madeira que lentamente espelhará o formato incerto que teu corpo esconde.
A alma que faz brigadeiros, papos de anjo, toucinhos do céu, ajoelhando-me por ti.
Como tanto a teu cérebro frenético ou aquele que recusa sair da cama.
Tanto ao teu corpo nu, como à fantasia de extrair-lhe espartilhos e sutiãs.
Se algo confuso estou, nem sempre se deva a papel teu, pois paixão também entontece.

 

Seja o que fores, o que ainda estar por vir, ou jamais virá, vivo porque és mulher.

 

Afinal sou apenas um José do Vale apaixonado por vocês.
 

 

Thomas Cole (1801-1848), The Voyage of Life: Youth

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904)

 

 

 

 

 

José do Vale Pinheiro Feitosa


 

E ela vinha com o nosso filho.
Rio de Janeiro, 15 de julho de 2003.


E um travo de choro enche meus olhos,
lábios contorcidos escondem-me abrolhos,
em meus braços com seu rostinho inchado,
a forma material de tudo que tenho te amado.


Coração desalinhado, sopros descontrolados,
um narizinho inspira todo o ar que o mundo tem,
pequenos lábios úmidos, tão desenhados vêm,
como a me dar mais tempo, apesar dos atrasados.


Quando sobre ti debrucei-me a trocarmos calor,
tanto sobreveio-me intensidade e eterna promessas.
um dia e após outro, turvando sintonia, e mais essas,
assimetrias que marolas criam submerso amor.


E tudo parecia de uma energia em torvelinho,
ao mesmo que centrifuga, também expulsa,
mas continuávamos a busca mesmo a desalinho.
já que o móvel que enternece é o mesmo que exulta.


E quem sabe teríamos fruído nossos corpos em infindos,
gestos daquilo que é ótimo pois é bom, gostoso e tinindo,
de bom a cada arco dos nossos encontros e mais promessas,
e tudo ficaria aos céus pairando se teu corpo não revelasse elas.


E então mais certeza tenho do meu encontro contigo,
aquelas mãozinhas sentido o meu calor contíguo,
e como para completar-se abre os olhos de pura vida,
tenho eu a certeza que tu, Tereza, sóis feita de água-viva.


E mesmo a explicação científica que o filho é nosso,
não deixo de pensar que dentro de ti há um céu gerador,
que mistura meus olhares, meus abraços, os sêmenes de amor,
e dele extrai, o extraordinário ao cotidiano, muito mais não posso.


E olhando para o sol, digo: Sou mais que tu és.

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poussin, The Triumph of Neptune

 

 

 

 

 

José do Vale Pinheiro Feitosa


 

Fortaleza
Rio, 1979.


Defesa, desta cabeça de raízes,
capital que acumulei, hoje gasto,
pela correnteza do Rio.


Forte, beleza de brisa no Cine São Luiz,
Fortaleza, impossível descrevê-la,
na letra, palavras, tintas, fotografias,
impossível reconhecer quem de tão perto,
como parte de minhas ideologias.


Sol, casas brancas, praias, areias,
uma pobreza que assola a cidade,
Forte realeza, que tudo lucra,
nata neste café com lama.


Fortaleza, terra natal do intelecto,
medidas, códigos sociais, filosofias,
Universidade dos pequenos bôbos da corte,


Fortaleza, raízes, rumo, compasso,
leme da vida que levo.

 

 

Poussin, The Triumph of Neptune

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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(13.06.2023)