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Soares  Feitosa

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Leighton, Lord Frederick ((British, 1830-1896), Girl, detail

 

Fortuna Crítica

 
 

Anisia, a mãe, aos 42

 

Ana Cabreira

Dalila Teles Veras

Dênio Magno Cunha

Edson Alves Damasceno

Hernani Donato

Kátia Mendes

Kideniro Teixeira

Ilka Brunhilde Laurito

Ivo Barroso

Orides Fontela

Rogério Lima

Yêda Schmaltz

 

Soares Feitosa, dez anos

 

 

 

 

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Entardecer, foto de Marcus Prado

 

 

 

 

 

Dalila Teles Veras


Aceito de bom grado o seu convite e mergulho em Rio Macacos e outros poemas, dicção solta e arrebatada herdada de Castro Alves e lusos rapsodos, desembocando nessa pequena jóia de ensaio Os Poemas da Besta, apocalíptica visão dantefeitosa do aqui e agora. Sabia de seus feitos via Internet (via minhas assessoras (filhas) que são afeitas a essas viagens e que, a meu mando e pedido, navegam comigo em mares unicamente lúdicos, como seu Jornal de Poesia). 

Li o artigo de Marcelo Coelho e os caminhos como Rio Macacos de toda aldeia, vão se cruzando antes do mar, o grande mar salgado, cujas lágrimas hoje não são mais de Portugal, mas de toda a humanidade. Agorinha mesmo, ainda impressionada com o poema Pantomina, de Cajazeiras Ramos de, quem, infelizmente, nunca ouvi falar, e de sua análise tão arrebatadora do mesmo, recebo, via correio, um convite para o lançamento de Fiat Breu, em São Paulo. Caminhos novamente cruzados e uma vontade enorme de cruzar a Via Anchieta na noite de amanhã para ir ao encontro dessa poesia tão festejada.

 

Um segundo escrito

 

Um livro de poesia é para ler, para ver, para sentir para cheirar: Psi, a Penúltima é um desses pratos cheios de poesia para saborear em todos os sentidos. 

O cearense/pernambucano/baiano Soares Feitosa é mais um poeta desses brasis que não está nas megalivrarias dos shoppings. Este mais-um não significa igual-a-outro, pois que se trata de um poeta absolutamente singular, verdadeira locomotiva movida a palavras. Difícil acreditar que tenha começado a escrever poesia apenas aos 50 anos de idade — ou seja, há apenas quatro anos. 

De 1993 para cá, a tal máquina desandou a remexer em toda lembrança e emoção vividas nesse meio século de vida, que é do que se alimenta a poesia desse universal nordestino a mostrar que é o homem e o sentir sua melhor matéria-prima. 

A Grécia é aqui mesmo no Nordeste. Psi, a 23ª letra e a penúltima do alfabeto grego, quando a maiúscula é vista como candelabro, quando a minúscula transforma-se visualmente em mandacaru. “Por que a penúltima, Compadre? / A última não seria mais rica / o ômega? / — A última não existe, Comadre, / nada é último... / só ele quando voltar.../ Último acaba..., encerra..., aniquila. / Penúltimo nunca esgota, / Sempre é possível criar... / Criar por sobre...!!! / Tudo em aberto, Comadre.”  

Atenas ou Baturité amalgamadas pela Seca, pela peste e por seus mitos. Bem que poderia ser Petrogrado ou Diadema, ou ainda, qualquer periferia violenta de qualquer grande cidade. O campo cego do poema é o Homem, que neste cordel helênico, celebra Zeus e São Francisco do Canindé. 

Despudoradamente também fala de amor o rapsodo (“quem sustenta as aventuras da arribaçã?”), e ainda assina embaixo e ilustra o poema com prosaica foto do forasteiro e sua bela serrana. 

Quem, dentro todos os “pós-qualquer-coisa” deste prepotente eixo Rio-São Paulo, que se envergonham de um dia ter lido (e gostado) de Castro Alves ousaria tal pieguice? Pois Feitosa o faz!, e, já na outra página, disfarça o sentimentalismo desenhando poemas de tipologias diversas — poesia de ver.

Outra surpresa: no meio do livro, um envelope fechado, em papel pardo, anuncia o conteúdo: sementes de imburana-de-cheiro, torradas e moídas pelo próprio autor. Sem conservantes e produtos químicos. E o perfume invade o espaço: poesia do sentir! 

O referencial é erudito, mas a dicção e a origem é da mais pura cantoria nordestina.

 

 

 

 

 

 

 

Entardecer, foto de Marcus Prado

 

 

 

 

 

Orides Fontela


São Paulo, 27.2.96

Sr. Soares Feitosa

Agradeço seus trabalhos, de coração. Inda não li com cuidado para poder criticar, desculpe. Deu para perceber que o senhor é um lírico, — até romântico — influenciado pelo modernismo. Mas parei Orides Fontela aí. Estou certa? Ah, o papo sobre a Internet é interessante. Não sei nada de computador nem me é possível ter um, mas que é um meio quente para divulgação é. Só espero uma coisa: não estar lá sem saber, acharia chato não ter a informação — mas até o momento isto não me aconteceu inda, creio. Se acontecer, me avise, tá? Sem mais um abraço.

Orides Fontela

 

 

 

 

 

 

 

Velazquez, A forja de Vulcano

 

 

 

 

 

Hernani Donato


Psi, a Penúltima — um publicitário mercadológico diria que esse penúltima, inteligentíssimo no criar intriga e interesse sobre as ilações possíveis.

Depois, a feitura da oferenda. Em 240 páginas, pelos padrões do que se tem editado por aí, você nos dá pelo menosHernani Donato cinco livros. De boa poesia, de prosa muito boa. Notável e breve, o ritmo, as novidades que você retira de textos pessoanos que relemos — no seu texto — como se nunca os tivéssemos lido. Isso é inovar, é criar, é mostrar o que ninguém achou.

Aquele "do medo de apagar o arco-íris" (Antífona) foi relido com aumentado prazer. Só ele é um livro. Imagine-o com ilustrações adequadas, distribuído pelo MEC nas escolas de língua portuguesa urbi et orbe.

 

 

 

 

 

 

 

Alessandro Allori, 1535-1607, Vênus e Cupido

 

 

 

 

 

Ilka Brunhilde Laurito


Prezado Soares Feitosa
 

Desculpe-me o atraso desta carta. Você mandou o livro para o meu antigo endereço, mas felizmente, acabou chegando às minhas mãos. Agora falemos do seu trabalho. Não sou crítica literária. Apenas poeta que gosta de ler os livros dos companheiros de ofício (quando eles são bons como o seu), com vagar, com disponibilidade interior — o que é difícil numa cidade como São Paulo. E por estar nesta cidade, cinzenta, asfaltado, com um frio único, é que me comoveu — além dos poemas — aquele presente perfumoso que você incluiu no livro. Poema-puro que me tocou o coração.

É belíssimo, puxa, vindo das entranhas da terra a sua poesia. Destaco Femina, Perdidos & Achados, Strip Tease, Lágrima Súbita, O que digo entre as Flores? e esse maravilhoso poema final, Réquiem em Sol da Tarde. Há outros poemas que eu, poeta urbana com infância de paralelepípedos e asfalto — tenho mais dificuldades de penetrar. Há que lê-los quando voltar a necessidade e a disponibilidade: é uma questão de respeito para seus poemas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Da Vinci, La Scapigliata, detail

 

 

 

 

 

Katia Mendes


Feitosa,

 

como se diz lá em Minas, quem sabe faz (Saramago), quem não sabe bate palmas. Elogiar é chover no molhado.

Mas o encanto da poesia é justamente este: pegar o banal, o comum e embalar em papel de sonho,em cores de entardecer, em cheiros de nossa infância, em lembranças que nem sabíamos ter.

A poesia destampa a rudeza que cobre nossa alma e mostra que ainda há um sopro de Deus, apesar de tantas vidas, tantos erros, tantas estórias.

Abençoado o poeta pelo seu dom!

Abençoado você por permitir a todos este momento de enlevo.

Com o abraço,

Katia

 

 

 

 

 

Ingres, 1780-1867, La Grande Odalisque

 

 

 

 

 

Dênio Magno Cunha


From: dmagno

Sent: Wednesday, May 15, 2002 9:39 PM

Subject: Re: Um ensaio sobre a menina afegã

Soares, obrigado pela atenção.A menina afegã, de Steve McCurry

Sobre o ensaio, não resisti e comprei a revista. Lembro-me quando vi pela primeira vez esta foto e a impressão que ela me causou. A ponte histórica foi fantástica.

Atenciosamente,

Dênio Mágno da Cunha

 

 

 

 

 

 

 

Caravagio, Tentação de São Tomé, detalhe

 

 

 

 

 

Kideniro Teixeira


Não me encorajo, isto é, receio dar opinião ou comentar a matéria contida em Psi, a Penúltima, de Soares Feitosa. Quero apenas expressar um ponto de vista cá no meu modo de entender as cousas. 

Há, sem dúvidas, no livro em referência um poemário extraordinariamente fora do comum, desse trivialismo constante de nossa literatura. Com isso não desejo afirmar que o poeta esteja propondo criar uma originalidade. 

No meu conceito (posso estar errado), há no poeta Soares Feitosa uma notoriedade que se deve reconhecer: a unicidade poética, a originalidade de seu telurismo, digno de respeito.

 

 

 

 

 

 

Franz Xaver Winterhalter. Portrait of Mme. Rimsky-Korsakova, detail

 

 

 

 

 

Ivo Barroso


 

From: Ivo Barroso

Sent: Tuesday, May 07, 2002 1:59 PM

Caro Feitosa,A menina afegã, de Steve McCurry
seu texto é tão penetrante quanto os olhos dessa afegã dos quais a gente não consegue se afastar; leitura integral, corrente, aliciante.

Parabéns e abraços do
Ivo Barroso

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Thomas Colle,  The Return, 1837

 

 

 

 

 

Edson Alves Damasceno

 


 

 

O olhar de Vera ou o terceiro tiro

Poeta, o verdadeiro homem é o desarmado! Sua arma é a palavra. A bala do terceiro tiro (Um cronômetro para piscinas)  foi mais rápida que o arrependimento. O pai do comerciante ao alinhar o olhar com o de Vera... Veio o perdão,Um cronômetro para piscinas mas a bala foi muito mais rápida.

Poeta, o texto está estupendo, incrível e lindo, comparável aos demais escritos pelo grande poeta Soares Feitosa. É difícil dizer qual o melhor. 

A cada novo texto você se supera. Imagine quando a obra completa estiver pronta. 

Ave, Salomão! Vinde o quanto antes para saciar a sede dos que necessitam de tua fonte de poesia. 

Poeta, Feliz Natal, Feliz Ano Novo, que 2003 seja o ano de Salomão, seus leitores agradecem. 

Haja coração.

Um abraço do amigo, Edson.

 

 

 

 

 

 

 

 

Leighton, Lord Frederick ((British, 1830-1896), Girl, detail

 

 

 

 

 

Ana Cabreira

 


Caríssimo Sr. Feitosa,

Não pude deixar de pensar em Borges! Lembra do "Pierre Menard, autor del Quijote", in Ficciones? Pois é. A tese ali é de que todo homem deve ser capaz de ter todas as idéias... Pierre Menard - criação exuberante de Borges - decide escrever o Quixote como Cervantes o fez. E vai escrevê-lo, não como mera cópia ou vergonhoso plágio, mas como autor das idéias postas ali no papel. E assim, a sua empresa - tecendo versos com ritmo e pulsação - a partir de idéias já existentes em prosa (Saramago), corrobora a tese de Menard. Ah, eu gostei demais.

E acho que Borges adorou!

Um grande abraço. Ana - Porto Alegre-RS

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

William Bouguereau (French, 1825-1905), Reflexion, detail

 

 

 

 

 

Yêda Schmaltz


Um cronômetro para piscinas

 

EXCELENTE!!! Eita estorinha confusa...rsssss...

E você pensa que o povo sabe o que é oitão da casa?Um cronômetro para piscinas Isto é só coisa de quem, como nós, lida com as peixeiras.

Admirável o seu lidar com a metalinguagem, a discussão do discurso dentro dele próprio, coisa de mestre. Vou guardar aqui para futura publicação no boletim, posso?

Obrigada pelo momento de prazer estético.

Yêda

 

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), Morte de César, detalhe

 

 

 

 

 

Rogério Lima



“Marque o tempo que quiser e repare noUm cronômetro para piscinas ponteiro correndo em direção ao evento. Que pode ser morte, que pode ser vida, que a diferença é nenhuma. Quem dirá o lado vencedor será sua mão, sua mãe... Assim, ó!...” [Soares Feitosa, in Um cronômetro para piscinas].

 

 

 

 

 

Filósofo, permita-me, mas colho o que bem entendo, pois o texto, seu é que não é mais. É de todos!

Parece um Tiago sertanejo ensinando que a vida é como uma névoa, que repentinamente se dissipa. O tempo corre e não nos espera e nem nos dá trégua. Nossas escolhas devem ser rápidas, caso contrário a vida não nos permitirá escolher coisa alguma. 

Todavia, filósofo, sob as bênçãos do Pai pois caso contrário, nossas escolhas serão trágicas. Que o Senhor, por Sua misericórdia, não nos permita jamais apontar o ponteiro!

Com o grande abraço. 

Rogério.

 

 

 

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