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Alexandra Maia 

amaia@videofilmes.com.br

Caravaggio, Êxtase de São Francisco

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poesia:


Ensaio, crítica, resenha & comentário: 


Fortuna crítica: 


Alguma notícia da autora:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

John William Godward (British, 1861-1922),  A Classical Beauty

 

William Blake (British, 1757-1827), Christ in the Sepulchre, Guarded by Angels

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), Morte de César, detalhe

 

 

 

 

 

Alexandra Maia


 

Bio-bibliografia:

 

Alexandra Maia é escritora, jornalista e produtora.

Uma das integrantes e organizadora do recital Ver o Verso, Alexandra fez recitais de poesia com Mano Melo, Pedro Bial e Claufe Rodrigues no Rio de Janeiro e em diversas cidades do país durante três anos. Seu primeiro livro, Coração na Boca, publicado em 1999 pela Editora Sette Letras, teve ótima acolhida de público e crítica. A obra teve sua edição esgotada em menos de um ano. A poetisa também tem seus poemas publicados no livro Ver o Verso – em mãos, O Verso Edições, 2000.

Durante 6 anos, trabalhou como atriz de teatro, cinema e televisão: Drácula e outros vampiros, direção de Antunes Filho; Romeu e Julieta, de Willian Shakespeare, direção de Moacys Góes; Robin Hood, direção de Gaspar Filho; novela Mandacaru, direção de Walter Avancini; entre outros. Em 1998, trocou o palco pela palavra.

Alexandra Maia trabalha em cinema. Como assistente de direção, fez os filmes O primeiro dia de Walter Salles e Daniela Thomas, e Onde a terra acaba, direção de Sérgio Machado. Fez também o lançamento dos seguintes filmes: Abril Despedaçado, de Walter Salles, Onde a Terra Acaba e Edifício Master, de Eduardo Coutinho.

Na área editorial, organizou a coletânea Ver o Verso – em mãos; e produziu e assinou a coordenação editorial do livro 100 anos de poesia – um panorama da poesia brasileira no século XX.


[Dezembro de 2002]

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Frederic Leighton (British, 1830-1896), Antigona,detail

 

 

 

 

 

Alexandra Maia


 

É tarde


Era tarde
talvez por que muito cedo fosse
talvez por que sempre o seja quando se trata do fim


O velho homem perde aos poucos sua história
Tantos anos esgarçam muito mais que a pele
A figura do pai se apaga entre papéis velhos
A mãe o espera
pendurada no retrato na parede do escritório


“A casa era grande
Eu corria em torno da mesa
onde sentavam deputados
Meu pai era um homem importante”


Sorriu como se encontrado um velho amigo
e continuou a pastorear memórias
para segurar o fio da vida
Seus olhos cheios de mel


De volta, mãos dadas com a solidão
o homem velho disse
“Alexandra, um dia, eu também já fui menino
e, aqui nesta casa, ninguém lembra disso”
 

 

 

 

Valdir Rocha, Fui eu

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Renato Suttana

 

 

 

 

 

 

 

 

 

John William Godward (British, 1861-1922), Belleza Pompeiana, detail

 

 

 

 

 

Alexandra Maia


 

Biópsia


Grito o pai
Reverbera a queda
Calo-me com palavras inquietas no céu da boca


Escavo nestas palavras a palavra amor
Ainda em palavras esculpo esta ausência
por não saber vivê-la


Da distância entre meus versos,
brota o poema
Meu verso
negro como sangue e não menos sonho


Descubro no vazio
a altura do tombo
a morte inata a que não me acostumo
         pai e mãe não existem


E por necessidade de correr
aprendi a andar

 

 

 

Leonardo da Vinci, Embrião

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Iosito Aguiar

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Titian, Three Ages

 

 

 

 

Alexandra Maia


 

Se me repito


Se me repito
que me perdoem
se me repito


Se me repito
que me perdoem
se me repito
É o assunto que se repete


Se me repito
que me perdoem
se me repito
Um mesmo poema se escreve
Poema
cuja primeira letra
inaugurou o mundo
Nasceu comigo
o primeiro verso


Se me repito
que me perdoem
se me repito


É um poema
sem mais nem par
justo tamanho
de minhas mãos


Se me repito
que me perdoem
se me repito
se me repito
que me perdoem
se me repito


Repito em busca de ser diferente


Se me repito
que me perdoem
se me repito

 

 

 

Allan Banks, USA, Hanna

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Edmilson Caminha

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), The Picador

 

 

 

 

 

Alexandra Maia


 

Revelação


Nunca quebrei copos
ou saí gritando nua no meio da rua.
A esta loucura exposta
estampada na testa
não me atrevo.
Minha crise é particular
com sorriso na boca.


A mente em erupção.


Meu ser rasgado não se mostra em público.
Aos salões,
reservo a boneca de louça, a leoa, a anciã.


Pois que uma outra se revele.
Que seja má e feia
e estúpida e cruel.


Eu sempre a bonitinha, certinha,
comportadinha, tadinha.


Prefiro ser a putona,
a vaca, a paca,
ter os pensamentos de um monstro,
mas originais.
E voltar para frente
os meus pés sempre atrás.

 

 

 

Leighton, Lord Frederick ((British, 1830-1896), girl

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Carlos Nejar

 

 

28.11.2005