Rita Cruz

Sab.ad.o


É ter que ter um lugar pra ir
uma roda pra sentar
e uma cerveja pra beber?

É ver carros desenfreados
guiados por loucos
a procura de amor barato?

É assistir a louca da TV
com suas máscaras e prisões?

Todas as anteriores.

Cada um tem um refúgio.
E refúgios de almas cansadas
que cansaram no meio da semana.

É só mais um sábado...
e vai passar!

 

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Rita Cruz

Labirinto


Tarde de frio ge-lado.

Coração meu,
e o vento soprando você por todos os lados do meu pensamento

Lembranças fugitivas de folhas
Verdes-douradas brilhando de novo
nas árvores secas desses bosques perdidos
que não se acham mais sem os mapas da ilusão
ou sem as lentes de aumento.

 

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Rita Cruz

Dias comuns


Tem dias (a maioria deles),
em que não acontece nada

É a beleza dos dias comuns.

Ninguém fica rico,
Mas ninguém deixa de comer.

Não se ganha a vida,
Mas também não se perde.

O Brasil não muda,
Mas a esperança se renova.


Ninguém encontra o amor ... (e o amor não se deixa encontrar...)
Mas... deixa pra lá!
Fica apenas a sensação de que na minha vida
é sempre domingo!

 

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Rita Cruz

O tempo da minha vida


Todo o tempo da minha vida
eu gasto pensando em você,
Que é fim
Que é dor.

E as horas que se passam
ficam contabilizadas em algum lugar
Que é triste
Que é saudade

E a ampulheta libera o último fio
do tempo que não volta mais
Que é perda
Que é desilusão

E tudo o que eu tenho
É o tempo que eu vivo
Que é pouco
Que é nada

 

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Rita Cruz

Tuc!


Tuc.
É o fundo do poço! (ou será do “posso”?).
Não tem mais choro,
não tem mais vela.
Só um coração que voltou a acreditar.

A queda foi longa.
Um dia, outro dia,
um degrau, outro degrau,
e uma escadaria inteira
de tropeços, cabeçadas e arranhões.
Um coração ferido de morte
e uma caixinha de ensinamentos.
Foi tudo.

Agora não há mais dor.
A orla redonda,
iluminada de baixo para cima,
anuncia o tempo de subir
e tocar a barba de Deus.

Um passo, outro passo.
e a direção que voltou a ser clara.
O ar livre de mentiras,
e a respiração sem dor.
E novamente a vontade
de tocar a felicidade com as mãos...

Com as minhas mãos!

 

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Rita Cruz

Saudade (JPII ...)


Um dia seu amigo
não está mais com você,
e você sabe que agora tudo será mais difícil,
porque a calma das suas palavras
ficou muda no meio da noite.

E alguém chorou
naquela vigília que achava perdida.

Mas esqueceram de apagar as luzes,
e ao final de tudo,
a lágrima que caía
- devagar e quente -
morreu num canto de boca
que já esboçava um sorriso aliviado

E para a surpresa de muitos
a voz daquele pastor foi novamente ouvida,
- desta vez, mais forte e uníssona -
Não mais porque alguém gritava à beira da janela
- cortado pela dor de uma saudade precoce -
mas porque aquelas idéias ganharam um coração
do tamanho dos nossos sonhos.

E aquele insistente pedido,
- Jovens, não tenham medo! -,
virou um apelo daquele coração
que um minuto após parar de bater em seu peito
começou a bater no nosso.

E nesse momento
nós comemos da verdadeira PAX-COA,
e experimentamos o sentido real
da vida que vence a morte.

Amigo, és pedra!
e sob os seus ensinamentos
construiremos o nosso projeto de um novo mundo,
certos de que o amor
vence todas as coisas!

Amem! (sem acento; imperativo do verbo AMAR)

Rita (num momento de saudade após a morte de um grande homem) 08-04-2005

 

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Rita Cruz

Gota gelada


Uma única gota gelada
e a janela se quebra.
Seu fio percorre vagamente
as luzes do mundo
do meu mundo.

E a rachadura aumenta
no vidro do meu pensamento.
Cortando ao meio
ônibus, pessoas,
pessoas em ônibus e
seus corações distantes.

Outra gota
e os estilhaços incontáveis
do olhar que só pode ver
uma coisa de cada vez.

São os estilhaços do coração
que só pode viver
a vida de um lado só.

 

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