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Fernanda Benevides

fernevides@terra.com.br

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poesia:


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  • Bio-bibliografia

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Bernini_The_Rape_of_Proserpina_detail

 

Franz Xavier Winterhalter, retrato de Roza Potocka

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fernanda Benevides


 

Tresvario


"Abram-se as janelas
que aqueles canários fugidos da gaiola
podem voltar."

Soares Feitosa


Inquieta fiquei, ao desvestir-te
Um vento forte perpassou-me o corpo, buliçoso,
trascalando imburana


E o sopro
b-a-l-a-n-ç-a-d-d-o d-e-v-a-g-ar-i-n-h-o
acordou as traquinas carrapetas
num "quase estalar" de dedos...


11.08.1997

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Vale or Farewell, ARTHUR HACKER, (1858 - 1919)

 

 

 

 

 

Fernanda Benevides


 

Afagando sonhos


Meu coração afaga sonhos.
Sonhos despedaçados.
Coisas do passado
acariciam o presente.
Abraço ilusões vãs.
Lembranças fazem cócegas na
memória,
até quando, não sei...
Afagando sonhos, alimento a alma.
Sacio a sede das madrugadas...


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Winterhalter Franz Xavier, Alemanha, Florinda

 

 

 

 

 

Fernanda Benevides


 

Dor


Não sei de onde vem esta dor pungente
dilacerando a alma.
Dói.
Sangra o coração.
—  Será que sofro assim por querer-te
e me encontrar na solidão?...


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Riviere Briton, 1840-1920, UK, Una e o leão

 

 

 

 

 

Fernanda Benevides


 

Encontro e Desencontro


Eis que encontrei o Pequeno Príncipe
ao longo do caminho.
Empreendia, obstinado,
tarefa árdua e delicada.
Recuperava um jardim abatido pela tempestade.
Cultivava flores mutiladas.
Rosas despedaçadas...
Especialmente,
cuidava de uma roseira que não brotava.
Sempre que despontava o botão,
o vento o queimava.
Ele insistia.
Extirpava os baobás que se insurgiam.
E recomeçava.
Com o decorrer do tempo,
o arbusto se fortalecia.
Crescia com a magia do seu carinho.
A planta tornou-se viçosa.
A rosa preparava-se.
Sonhava abrir-se em suas mãos tenazes.
Queria dar-se-lhe.
Florir em seu coração.
Mas, o principezinho relutava.
E refutava-a.
Almejava vê-la sarada.
Era tudo que desejava.
Não obstante,
a rosa o amava.
Precisava de seu amor para viver.
Sem ele, não existia.
E chorava. Sofria.
Por sua vez, ele padecia.
Não gostava de magoá-la
e o fazia.
A rosa sangrava.
Doía.
Desejava-o e o queria.
Entretanto,
ele balançava-se,
mas não cedia.
Gostaria de vê-la liberta,
a germinar sozinha.
Hoje,
a rosa está pronta e sorri.
Longe do Colibri.


Pagina 63 e 64 do livro A Rosa-Fênix

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Andreas Achenbach, Germany (1815 - 1910), A Fishing Boat

 

 

 

 

 

Fernanda Benevides


 

Caçador do invisível


O Poeta é caçador do invisível.
Vê o que não se ver.
Enxerga o que não se encontra.
Descobre o que n ao se sabe.
E sabe o que não se conhece.

Vai além do horizonte.
Colhe o arco-íris.
E espalha suas cores
Sobre as cicatrizes.

O Poeta é caçador do invisível.
Colhe o essencial do intangível.

Baila no Infinito.
Embaralha as estrelas.
E decifra-as com outros códigos.
Outras cifras.

O Poeta é caçador do invisível.
Busca o que não se encontra.
E encontra o que não se procura.
Recria e nomeia o indizível.

E vai além, onde não se alcança.
Cheio de Esperanças.
E traz a menina de tranças.
Ou, o menino que se embalança.

                O Poeta é caçador do invisível.
                Realiza façanhas incríveis.



 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fernanda Benevides


 

Cadeira de balanço


Sinto-me atraída por cadeiras de balanço.
Cedo aprendi a apreciá-las.
Ainda na infância.
Na casa de meus avós.

Desde então, vêm me assistindo.
É uma peça indispensável em minha casa.
Está presente em minha sala.
Temos, portanto, muita intimidade.

Minha cadeira de balanço é minha companheira.
Amiga fiel que me acompanha os dias.
E me embala nas noites de solidão e frio.

Partilha todos os meus segredos.
Conhece bem os meus defeitos.
E me aceita e consola.

Minha cadeira de balanço é um colo.
E, em seu regaço me refaço.
É onde repouso o meu cansaço.

Tem a linhagem dos tronos da nobreza austríaca.
Mas, para mim, é muito mais.
É aconchego.

Minha cadeira de balanço,
É tudo no meu recanto.
Se eu choro, ameniza o pranto.
Envolve-me com seu acalanto.

Eu e minha cadeira de balanço,
Trocamos idéias caladas..
Mudas, conversamos.
E nos entendemos...


 

 

 

 

 

08/03/2007