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			Cissa de Oliveira 
                                         
                                            
                                                                        
                                                                        
                                                                        
                                                                        
                   
              
                                                                   
                                                                        
                                                                        
                                                                        
                   
            OS CAMPOS IMAGINAM 
			 
			 
			Como diz Herberto 
			“...os campos imaginam  
			as suas próprias rosas...” 
			 
			É setembro e por aqui e as flores 
			tilintam bem devagar as pestanas 
			antes de se incendiarem em cores vivas.  
			 
			São fiéis os jornais locais e noticiam  
			junto com o fogo constante 
			do pregão da bolsa de valores, 
			as fotografias da cidade: 
			numa, a explosão das violetas,  
			dos gerânios, das papoulas, 
			ou mesmo de um tapete de ipês dourados 
			- resto de inverno bordado na calçada, 
			noutra, o céu sob o contraste vinho 
			da uma tardinha  
			mansa como a brincadeira da brisa  
			no balanço do vestido. 
			 
			Eu viro a página, é preciso, 
			mas vou me perguntando se toda a gente 
			prende a vista nas fotografias 
			assim como nos noticiários. 
			 
			Não sei porque eu penso nisso, 
			e é tão nítido quanto o mercúrio  
			das luzes incandescentes das cidades,  
			ou quanto a tua risada, 
			esse incêndio de cristal que sempre se noticia 
			na minha alma. 
			 
			 
  
                                                                   
          
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