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Zemaria Pinto

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São Jerônimo, de Caravagio

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poesia:


Ensaio, crítica, resenha & comentário: 


Fortuna crítica: 


Alguma notícia do autor:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Michelangelo, 1475-1564, David, detalhe

 

Rembrandt, Holanda, 1606-1669, A volta do Filho Pródigo

 

 

 

 

 

 

Poussin, The Exposition of Moses

 

 

 

 

 

Zemaria Pinto


 

Biografia
 

Zemaria Pinto – Nascido em Santarém, no Pará, em 1957, desde tenra idade vive em Manaus, capital do Amazonas. Publicou os seguintes livros de poemas: Corpoenigma (1994), Fragmentos de Silêncio (1996) e Música Para Surdos (2001). Professor de Teoria da Literatura e Literatura Brasileira, tem, em parceria com Marcos-Frederico Krüger, dois livros de ensaios sobre obras indicadas para o vestibular da Universidade Federal do Amazonas (2000 e 2001). Escreve também para o teatro, tendo sido primeiro colocado no Concurso de Textos Teatrais Inéditos, promovido pela Secretaria de Cultura do Amazonas, em 2002, com a peça Nós, Medeia, a ser publicada em 2003, pela Editora Valer. Encenou a comédia Papai Cumpriu Sua Missão, em 2000/2001, e no momento ensaia Diante da Justiça, baseado em Kafka.

 

Fonte: A revista do Haijin

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poussin, The Empire of Flora

 

 

 

 

 

Zemaria Pinto


 

Repente feito cantiga para Thiago de Mello
nos seus 115 anos de vida e de ternura



Setenta anos de vida
nove lustros de ternura
somando, caro Thiago
onze décadas e meia
muito bem distribuídas
entre a arte de fazer
canções pro povo cantar
cantar pra encantar o povo
e sorrir seu riso franco
no preparo da manhã
sempre vestido de branco
sob a alva cabeleira
ninho de garças selvagens
planando ao sabor do vento.
Setenta anos de vida
nove lustros de ternura.
Como estás velho, meu velho!
Estás mais sábio e mais belo
como a estrela matutina
que a todos nós luminou
através de teus poemas
quando a noite foi mais noite
na escuridão do país
(a manhã mal levantou:
o povo ainda tem fome
de pão, justiça e amor).
Tu cumpres a tua parte:
desde que foste chamado
o povo te tem ao lado.


Setenta anos de vida
nove lustros de ternura.
Já me despeço, poeta
a madrugada vai alta
e os olhos já se enevoam
não de sono (sou noturno)
mas do cansaço dos anos
que me começam pesar
na chegada dos quarenta,
coisa que não te apoquenta
pois voltas a ser menino
na beleza destes dias.


Setenta anos de vida
nove lustros de ternura.
Abraça-te comovido
teu amigo Zemaria.


(28.03.96)

 

 

 

Michelangelo, 1475-1564, David, detalhe

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Xênia Antunes

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poussin, Rinaldo e Armida

 

 

 

 

 

Zemaria Pinto


 

Muito prazer

sou um dos 999.999 poetas do país
(Affonso Romano de Sant'Ana)



um ilustre imbecil falou:
- Manaus tem um poeta a cada esquina!
pois eu confirmo e assino embaixo
e refaço a conta affonsina:
inofensivos poetas
a olhar Manaus com olhos
de Ajuricaba louco
mergulhando no chafariz da praça
e afogando-nos em esperma
cozido pelo sol passante


como os leprosos que passeiam
sua infeliz cidade (ah, morena)
nos calcanhares da engarrafada 7


love, sandem, guaraná
as cores inebriam rútilas pupilas
sonadas pela erva-doce


e a cidade anoite/amanhece
com o estourar das flatulências cotidianas:
                     um escolar quebra um ônibus
                     um bêbado assobia o Bolero
                     um deputado vitupera
                                                                comunistas
                     um ...
                     (indefinidamente, mediocridades
                                                                diárias)


e haja hipocrisia, malária, meningite
corrupção, hepatite
paternalismo, autoritarismo
desidratação
aborto fabricado em fundo de quintal
jogo do bicho, mormaço, banca de jornal
Ulysses, Grande Sertão, Tartufo, O Capital


             e


nevermore nevermore
repete como um demente
o velho urubu ianque
pousado nos meus umbrais


só depende de você, caia na real:
se você disser que eu não rimo ou
                          metrifico
te dou um beijo na boca
e te xingo parnasiana!


(ah, antes que eu me esqueça,
esta rua tem nome de poesia:
- Tomás Antônio Gonzaga
redondilhas pra Marília -
e só aqui no D. Pedro *
há pra mais de 100 esquinas)


* bairro de Manaus

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), The Pipelighter

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Maria do Socorro Cardoso Xavier

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Rubens, Julgamento de Paris

 

 

Zemaria Pinto


 

Poundiana


a essência consiste em ser medula
fluir
conter
podar:
condensar!

 

 

 

Aurora, William Bouguereau (French, 1825-1905)

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Laeticia Jensen Eble

 

 

 

 


 

21.10.2005