Jornal de Poesia

 

 

 

 

 

 

 

Zemaria Pinto


 

A poesia na aldeia global

 

Quando Marshall McLuhan escreveu, há uns trinta anos, que o mundo em breve seria uma aldeia global, não tinha, com toda certeza, uma visão clara de como seriam as comunicações neste final de século. Mas como bom profeta, sua visão era de sonho.

Àquela época não havia transmissão direta de imagens, nem telefone celular, muito menos microcomputador. Mas McLuhan, anteviu tudo isso, com a certeza iluminada de que as distâncias desapareceriam, aproximando as nações, irmanando os homens de boa vontade.

Ainda estamos longe disso, é bem verdade: a violência urbana, a fome, o desemprego, a doença da saúde pública, os sem-terra, os sem-teto, a falência da previdência, a velhice desamparada, a roubalheira desenfreada, e até países inteiros envolvidos em pouco fraternas guerras civis - tudo isso parece incompatível com tanto desenvolvimento tecnológico. Mas tudo isso acontece diante de nossos mal-acostumados, insensíveis e corrompidos olhos. Mas tudo isso é visto ao vivo e em cores.

A INTERNET, a rede mundial de computadores, é a mais nova forma de integração da aldeia global. Pelo custo de uma ligação telefônica urbana convencional, você obtém uma gama de informações fantástica, impensada mesmo pelo cérebro prodigioso de Marshall McLuhan.

Ciências, tecnologia, artes, diversão, notícias em tempo real, sexo virtual: tudo disponível, 24 horas por dia, numa organização absolutamente libertária, onde não há patrões, não há líderes e não há censura; onde tudo flui com naturalidade, embora com os problemas inerentes a uma tecnologia ainda em fase de desenvolvimento e expansão.

A Literatura, como não poderia deixar de ser, está presente em inúmeros sítios ou páginas, que é como se chamam os lugares da informação na INTERNET. Mas no Brasil nenhum supera o Jornal de Poesia, coordenado e mantido pelo poeta Soares Feitosa, cearense de Ipu, que se divide, por obrigações profissionais, entre Fortaleza, Recife e Salvador.

O Jornal de Poesia ( www.jornaldepoesia.jor.br ) é um grande catálogo da poesia produzida em língua portuguesa, com mais de mil escritores cadastrados, e com a meta de atingir, proximamente, os dois mil. É um sítio para quem ama a poesia e não se contenta com pouco. Lá você encontra a obra completa (eu disse completa) de Camões, Castro Alves, Augusto dos Anjos e Fernando Pessoa, além de trabalhos esparsos de todos os mestres da poesia em língua portuguesa, dos trovadores aos contemporâneos, sem exceção.

Por estar sempre em "construção", cada visita ao sítio é retribuída com alguma novidade. Mas é preciso dizer que a poesia em língua portuguesa não se limita apenas ao Brasil e a Portugal. No Jornal de Poesia, você vai encontrar poetas dos Açores, de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e até do esquecido Timor Leste.

Estudantes e (por que não?) poetas têm muito a aprender com os textos críticos e os estudos sobre poesia. Para os jovens aprendizes, os poetas do século XXI, como enfatiza Soares Feitosa, está reservado um link específico, onde eles podem se exercitar à vontade. E nós, poetas amazonenses, também estamos lá, ajudando a compor o imenso painel da poesia brasileira deste final de século.

Se navegar é preciso, como acreditavam desde sempre os argonautas, navegar pelas páginas do Jornal de Poesia é, antes de mais nada, um exercício de inteligência e de liberdade, um exercício de prazer.


Zemaria Pinto é poeta, autor de Corpoenigma e Fragmentos de Silêncio.
 

 

 

 

 

20.10.2005