Jornal de Poesia, o nº 1 do www.google.com

 

 

 

 

 

Vinicius de Moraes


 

O marimbondo


Marimbondo furibundo
Vai mordendo meio mundo
Cuidado com o marimbondo
Que esse bicho morde fundo!


— Eta bicho danado!


Marimbondô
De chocolat
Saia daqui
Sem me morder
Senão eu dou
Uma paulada
Bem na cabeça
De você.


— Eta bicho danado!


Marimbondo . . . nem te ligo!
Voou e veio me espiar bem na minha cara . . .


— Eta bicho danado!
 

 

 

Da Vinci, Homem vitruviano

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Gerardo Mello Mourão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poussin, The Judgment of Solomon

 

 

 

 

 

Vinicius de Moraes


 

As abelhas


A AAAAAAAbelha mestra
E aaaaaaas abelhinhas
Estão tooooooodas prontinhas
Pra iiiiiiir para a festa.


Num zune que zune
Lá vão pro jardim
Brincar com a cravina
Valsar com o jasmim.


Da rosa pro cravo
Do cravo pra rosa
Da rosa pro favo
Volta pro cravo.


Venham ver como dão mel
As abelhinhas do céu!
 

 

 

Da Vinci, Cabeça de mulher, estudo

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Nelly Novaes Coelho

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poussin, Venus Presenting  Arms to Aeneas

 

 

 

 

 

Vinicius de Moraes


 

A foca


Quer ver a foca
Ficar feliz?
É por uma bola
No seu nariz.


Quer ver a foca
Bater palminha?
É dar a ela
Uma sardinha.


Quer ver a foca
Fazer uma briga?
É espetar ela
Bem na barriga!
 

 

 

Maura Barros de Carvalhos, Tentativa de retrato da alma do poeta

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Nauro Machado

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poussin, Rebecca at the Well

 

 

 

 

 

Vinicius de Moraes


 

O mosquito


O mundo é tão esquisito:
Tem mosquito.


Por que, mosquito, por que
Eu . . . e você?


Você é o inseto
Mais indiscreto
Da Criação
Tocando fino
Seu violino
Na escuridão.


Tudo de mau
Você reúne
Mosquito pau
Que morde e zune.


Você gostaria
De passar o dia
Numa serraria —
Gostaria?


Pois você parece uma serraria!
 

 

 

William Bouguereau (French, 1825-1905), Mignon Pensive

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Dalila Teles Veras

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poussin, The Nurture of Bacchus

 

 

 

 

 

Vinicius de Moraes


 

A casa


Era uma casa
Muito engraçada
Não tinha teto
Não tinha nada
Ninguém podia
Entrar nela não
Porque na casa
Não tinha chão
Ninguém podia
Dormir na rede
Porque na casa
Não tinha parede
Ninguém podia
Fazer pipi
Porque penico
Não tinha ali
Mas era feita
Com muito esmero
Na Rua dos Bobos
Número Zero.
 

 

 

Alexander Ivanov. Priam Asking Achilles to Return Hector's Body

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Vicente Franz Cecim

 

 

31.01.2005