Mais de 3.000 poetas e críticos de lusofonia!

Sônia Alves Dias

São Paulo, SP, 15/08/1972 - São Paulo, SP, 27/05/2017

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904) - Phryne before the Areopagus

Poesia :


Ensaio, crítica, resenha & comentário:


Alguma notícia do autor:

 

 

Allan Banks, USA, Hanna

 

Ticiano, O amor sagrafo e o profano, detalhe

 

 

 

 

 

 

Delaroche, Hemiciclo da Escola de Belas Artes

Sônia Alves Dias


 

    Architectura 

    Sê mesmo Sozinho, és Todo e Tudo.

    Só tu és capaz de trazer os pássaros do ninho
    para escutá-los num silêncio 
    que o gesto traz
    mas que o momento o toma
    num arrebatamento assustador

    belíssima construção
    que faz com que tenhamos 
    a sensação do toque suspenso
    do deslizar das mãos 
    numa "Architectura" de barro
    num pisar sobre barro
    num calar de terra no chão

    e que lá fora os pássaros
    continuem cantando 
    e contemplando a "Ela"

    seja frágil poema
    seja forte presença 
    seja "Architectura" inteira

    que os pássaros tragam 
    no bico o barro para que faças
    tua morada 
    e de tua amada

    Feliz estou por estar em ti
    através de tuas palavras.



Delaroche, Hemiciclo da Escola de Belas Artes

 

 

 

 

 

 

 

Thomas Colle,  The Return, 1837

Sônia Alves Dias


 

    Visitante Noturno
     

    Queria eu
    Que você  invadisse
    Meu  corpo
    Sem me acordar

    Se aconchegasse em mim
    Permitisse-me dormir
    Deixasse-me  permitir
    Que você se perdesse
    Que você me prendesse
    Acordasse em mim

    Queria o amor roubado
    Que me procura a noite
    Que nada me pede
    E tudo me toma
    Amor Bandido
    Na noite calada

    Mas, Isto é
    Sonho meu
    Desejo antigo
    Abro os olhos
    E  vejo que você
    Me olha
    Desejo devora
    Perfeito cavalheiro
    Espera eu acordar
    Para dormir em
    Mim ...
     

                                       SPaulo,   Manhã  de 15/05/1997
     



 

Thomas Colle,  The Return, 1837

 

 

 

 

 

 

 

Sônia Alves Dias


 

       

      Visão
       

      Olhos  arregalados
      Observam-me
      Estreitam-me 
      Dilatam-se
      Noites escuras
      Esgueiram-se
      Estão perto
      Tento fugir
      Assusto-os
      Correm
      Corro
      Escondem-se
      Protejo-me
      Ataque!
      Medo 
      De
      Olhos
      Arregalados 
       

      São Paulo, tarde tristonha de 12/06/96



 

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904)

Sônia Alves Dias


 

      Infância
       

      Quando pequena
      Em dia de morte
      Chovia

      Não tinha medo
      Do escuro
      Em dia de morte

      Achava estranho
      Pessoas chorando
      Deus chorando
      Em dia de morte

      E eu gostava de brincar
      Em suas lágrimas
      Que teimavam  cair
      Dos seus olhos
      Sobre o meu rosto
      Sorridente

      E eu correndo
      Brincando com chuva
      Brincando com choros
      Em dia de Morte
       

      tarde enlutada, 08/09/97 sp
       



 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904)

 

 

 

 

 

 

 

Delaroche, Hemiciclo da Escola de Belas Artes

Sônia Alves Dias


 

      Safra Amarga
      Se eu bebo
      Deste vinho
      Eu rio
      Transbordo

      Se eu bebo 
      Desta ilusão
      Eu solidão
      Acordo

      Se  tirares
      De minha boca
      O gosto amargo
      Desta bebida
      Em vida
      Eu morro 

      Se  ficares   Comigo
      A   bordo      Navio
            Desejo   Bravio
            Transporto
       
        Ainda que rio
        Ainda que só

      Contigo estrelas
      Azul  fugidio
      Olhos vazios
            Sombrio                          Meu pôr do sol 
         Sou rio                                                se  pôs  Ontem ..
      Sorrio 
      Não volto...
       
       
       
       

      São Paulo, tarde tristonha de 12/06/96
       



Delaroche, Hemiciclo da Escola de Belas Artes

 

 

 

 

 

 

 

Thomas Colle,  The Return, 1837

Sônia Alves Dias


 

       

      Cantiga de Amigo
       

      Se você não me quer
      Não me tome o  corpo
      Não me pegue no colo
      Não me faça amor

      Se você me quer
      Carregue-me pelo abraço
      Durma em meu braços
      Mas, não me faça amor

      Se não quer mais me ver
      Fuja de você
      Se esconda de mim
      Não escute minha voz

      Se quer ser meu amigo
      Não me deixe sozinha
      Numa noite vazia
      Numa cama tão fria
      Me sentindo tão só

      Me  leve  contigo
      Esqueça  o castigo
      O desejo antigo
      Cante  um pouco
      Mais Para eu dormir
       
       

                      SPaulo,   Madrugada de 28/04/1997



 

Thomas Colle,  The Return, 1837

 

 

 

 

 

 

 

Sônia Alves Dias


 

      Dó de Sapo
       

      'Sapo jururu 
      na beira do rio
      quando o sapo canta
      ele tá com frio '

      Blulup, blulup

      Acho que o sapo tá com frio .
      E se eu levasse 
      Um cobertor ?

      E se eu o trouxesse
      e o guardasse comigo
      embaixo das cobertas ?

      E se eu falasse pra ele dormir,
      e se eu o convencesse 
      a não ter medo de mim ?

      O sapo coacha ...
      Mas ele não canta ?

      O sapo não morde ...
      Mas ele não tem boca ?

      O sapo mata ?
      Mas ele não tem arma !

      Com os olhos, meu bem 
      Com os olhos !
       
       

      Domingo de roda, 17/01/99 sp
       



 

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904)

Sônia Alves Dias


 

      Incógnita
       

      Não entendi o
      Por mim,
      Para mim !
      Será que confundi 
      O Meu Eu,
      Com o Teu ?
       

        SP, dia triste do mês  07/97
       



 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904)

 

 

 

 

 

 

Muito mais de não sei quantos mil poetas,

contistas e críticos de literatura.

Clique na 1ª letra do prenome:

 

A

B

C

 

D

E

F

G

H

I

J

K

L

M

N

O

P

Q

R

S

T

U

V

W

 

X

Y

Z

 

 

WebDesign Soares Feitosa

Maura Barros de Carvalho, Tentativa de retrato da alma do poeta

 

 

(04.05.2023)