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F. Silveira Souza 

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Delaroche, Hemiciclo da Escola de Belas Artes

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poesia:


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Um esboço de Da Vinci

 

Herbert Draper (British, 1864-1920), A water baby

 

 

 

 

 

 

 

Goya, Antonia Zarate, detalhe

 

 

 

 

 

F. Silveira Souza



Amanhecer


Sopra rijo o tufão. É madrugada.
No céu pingos de luz a cintilar.
Surge no oriente uma luz encarnada
Ofuscando as estrelas e o luar.

Manhã risonha e assaz movimentada.
Na fronde o pintassilgo a entoar
Trinados meigos. Toda a passarada
Os ares cinde como a vela o mar.

O vaqueiro aboiando uma ária triste
Vai no cavalo baio de gibão
Tocando o gado que já não resiste

À seca. Em frente, de enxada na mão,
O bravo lavrador ara e persiste,
Olhando o céu à espera do trovão.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904)

 

 

 

 

 

F. Silveira Souza



Flagelo Nordestino



Cessam as chuvas, tudo silencia...
De sussurrar também cessa o ribeiro.
E pelos campos do Nordeste inteiro
Campeia a fome, grassa a nostalgia.

A peste aumenta. Passa mais um dia
E no oriente nenhum nevoeiro.
Exausto, estaca enfim o pergureiro
Ao ver do gado a acerba epidemia.

O camponês então busca a cidade,
O citadino chora a carestia
E humana massa emigra com saudade

Pra muito longe, esperando que um dia
Possa voltar, quando chegar a idade
Das vacas gordas que o céu prenuncia.

 

 

 

 

Mary Wollstonecraft, by John Opie, 1797

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Jorge Medauar

 

 

 

 

 

 

 

Poussin, The Empire of Flora

 

 

 

 

 

F. Silveira Souza



Meus vinte anos



Já lá se vai meu segundo decênio,
Quase sem traço lhe ficar por trás.
São vãs espumas, flocos, nada mais;
São planos, só desejos de ser gênio.

Aos poucos vai-se-me estampando o sênio
Na face esquálida. Minha alma jaz
Em grande confusão. Que eu seja audaz,
Meu Deus, e tudo arroste com grão cenho!

Vinte anos de ilusões e de castelos
Na frouxa areia levantadas. Zás!
Veio a procela, e tudo são farelos.

O que aspirava alou-se, e nunca mais...
Nada mais resta dos meus sonhos belos.
“E as esperanças vão ficando atrás”.

 

 

 

 

Hélio Rola

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Jorge Amado

 

 

18/05/2005