Mais de 3.000 poetas e críticos de lusofonia!

 

 

 

 

 

Francijési Firmino


 

Desvarios


I

Dentro,
          um homem,
De um quarto fechado,
                        Iluminado
Pela lâmpada
                    incandescente,
Percebia os mosquitos
                          Que viajavam
Nas proximidades da
                             luz.
Até ser
           atraído por ela
E queimado.


II

A faca é o sonho de voar.
Asas como inspiração,
                             Formam facas .
Representa o impossível
significa não viver
                      pela contemplação
representa a quem já se feri
                           com o vazio
                           e a inutilidade de cortar - vento.
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poussin, The Empire of Flora

 

 

 

 

 

Francijési Firmino


 

Deuses


I

O que significa:
Dinheiro?
Ter.
Deus?
Crer.
Homem?
Ser.

Ou será:

Dinheiro?
Crer.
Deus?
Ser.
Homem?
Ter.

Ou ainda:
Dinheiro?
Ser.
Deus?
Ter.
Homem?
Crer.


II

O significado
                  significa o verbo
E
  por conseguinte
                        a ação.
E qual o branco
                     reflete
                              todas as cores;
O significado
                 abarca
                             todos os verbos.
E esconde-se
                 na ação
Se se pode falar no que se faz.
E tudo
           significa tudo
Se tudo
            for verbo
e nada
             substantivo.


III

Substantivo, ou ...
Substân-cio antiverborrágica.
Vagar-lumes
De ex-trepadas surdinas.
Uma desinvariação!
... silenciosa...
Deus verbonômico.
Quem sabe maria
parideira... cadê ela?
Cachorinhos-chinhos
Aziância
Gen-Nero
Com-as tripas nas mães
Ou Cristo?...


IV

Gen-asia Cristo!
Amor-tado
Transitante
Dês-fé-lado
Na cama canina
Trinado num corpo
Dês-falido ... candango
E a...
Cadê ela ... maria?
Ô-mega dos alfa – rabos,
Alfa-toca lobal
Que o quero-bingo Gabriel estrelou?
Jaz-nela ventania
Sor-vento
Sor-vendo
Ser-vi da-nada.
 

 

 

William Blake (British, 1757-1827), The Ancient of Days

Início desta página

Marco Lucchesi

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poussin, Rinaldo e Armida

 

 

 

 

 

Francijési Firmino


 

Cotidiano


Parou-dia estrela
Sal-piadas
Num sorry-dente escuro
Céu
Dra-peiado das marcas
Sarampológicas
Dos apaixocados.
?Lua-ê-caroço.
Pus-me jorrando.
Jó-feto
Da dita-dura
Vida comum.
 

 

 

William Bouguereau (French, 1825-1905), Admiration Maternelle

Início desta página

Daniel Mazza

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jornal de Filosofia

 

 

 

 

 

Francijési Firmino


 

Amiúde-me


Amiúde-me
Ó coronel
Que mata as vacas loucas
Na cercania do curral
Amiúde-me potentado
Ó potente varão das cabritinhas
Que na vida nasci-me enganado
Deviria ser subordinado
Ao rude tacape
Segurado pelo braço peludo
Que elanha a mimosa vaquinha
Com o ubre mamado
E das arregaçadas perninhas
Estocadas, estocadas
E no momento final
Do gozo
Ele roda meu pescoço
E me mata feito uma galinha
 

 

 

Michelangelo, Pietá

Início desta página

Ruy Camara

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ingres, 1780-1867, La Grande Odalisque

 

 

 

 

 

Francijési Firmino


 

Moral


I

Psiquiatria?
Endoscopia do homem de-mente;
Anatomia da boca e da mente;
Linotipia da frase vigente;
Geriatria do mundo se-m-ente


Pedagogia?
Anomalia das vidas/correntes;
                              c
Fisiologia de corpos do entes


Analogia de verbos cadentes
Antropofagia renitente.


E só. . .


II

Correntes
Elétricas
Correm e apertam.
Enquanto,
Ópera, opera
Corta no grito
Gaiolas de pele.


Va-cu-idade
Doença dos intestinos velhos
Cura?
Correntes
Coloridas
Corem e apertam.
Enquanto
A lou-cura
Corta no vidro
A inox-orável
Continuidade
Verbanalítica
Liberamofada
Da comis-herança
Das correntes.
Elétricas...
 

 

 

Rafael, Escola de Atenas, detalhes

Início desta página

Jorge Amado

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Thomas Colle,  The Return, 1837

 

 

 

 

Francijési Firmino


 

Filmes


Tenho dúvida sobre mim
e o que há em minha volta.
Tenho dúvida sobre ser e meio.
Tenho nesgas
de paixão sem troca.
E vocifero
contra essa vida morta
“entre o ser e o não ser”
uma palavra
de vida perdida:
corta!
 

 

 

Michelangelo, 1475-1564, David, detalhe

Início desta página

Hélio Pólvora