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Carlos Felipe Moisés


 

Mais um dia
(fragmentos)


Um tiro no escuro, louca
disparada do carro a zunir
dentro da noite,
um piscar de olhos --
e a luz do novo dia ilumina
a oficina do corpo.
O mesmo corpo feito de alma nua,
sangue e humores vários.
Um novo dia igual aos dez mil
novecentos e cinqüenta já percorridos,
gastos à mesa dos bares,
a acumular nas retinas
a imagem velha dos insetos
roendo a carcaça do dia,
jogada na calçada.
                           Insetos
assustados, à espera do bote,
à espera do berro, à espera
do sapo que os engole
          (engoliu!)
e eles não sabem e seguem,
a roer as migalhas grudadas
nas tripas do batráquio.
           Dez mil
novecentos e cinqüenta dias
consumidos à distância,
no silêncio do quarto onde rodopia,
há trinta anos,
a mesma velha inútil melodia.
Rodopia nada!
                  Explode
em gumes,
não resiste ao punho cerrado
que rompe a vidraça
e atravessa a neblina,
só para alcançar no arbusto em frente
o bago murcho que volta
e se espreme entre os dentes
e verte uma gota,
                      uma só,
a gota perdida
do ódio por tudo e por nada.
Ódio só afago,
inofensivo, guardado no fogo
brando em que me afago
há dez mil
novecentos e cinqüenta dias.
 


***
 


Comi um pedaço de lua
para sentir o gosto do veneno
e agora arranco das veias
este escaravelho
e este gafanhoto azulado,
que agita as patas
e ergue as antenas,
querendo tocar a lua
          que flutua
e cavalga o horizonte vermelho.
 


Comi um pedaço de lua
e não foi nada.
Trint’anos, um segundo, um
naco de horror ficou
         suspenso
entre os dentes
e a língua lambe
o fio de mel
que escorre do retrato
e se refaz
             e não termina.
Ah, este naco de lua me alucina...
 


***
 


Não me arrependo de nada,
só me arrependo de tudo
o que não fiz
e esperei que acontecesse,
naturalmente,
sabendo que naturalmente
não podia acontecer.
 


Comi os cornos da lua,
triturei os grãos do Minotauro
e berrei a cantiga secreta
que me levou aos subterrâneos
do labirinto de Creta.
Corri feito doido,
arranhei paredes,
                       fendi
armários indevassáveis
e me perdi,
como perdido estava
já no primeiro
destes dez mil
novecentos e cinqüenta dias.
Agarrei-o pelas aspas
e arranquei os olhos
ao Minotauro sombrio,
até ver que não era
o Senhor do Labirinto,
mas o touro imundo
que rege esta cavalgada inútil
de vozes que desfecham pedradas
contra a janela que dá
para as ruas perdidas.
Trinta anos
e só fiz encontrar
por trás do labirinto
o labirinto do labirinto.
(Ainda te apanho, Mino-
tauro idiota!) Trinta
anos, um segundo,
quase nada.
                   Mal
tive tempo
de ouvir o vento,
espanar o pó...
 


***
 


Mas vou comer
outro naco de lua,
vou raspar as estrelas
e mergulhar nas águas
para devorar as costelas
do Centauro,
                    que naufragou
e me desafia com olhos de medusa
entre algas
e esperança.
Aliás, quase nenhuma.
É quanto basta
para estar aqui
arrancando as vísceras
da tarde -- deste
e de outros dez mil
novecentos e cinqüenta dias.
 


Quando findar a tarefa
de me roer as entranhas,
a noite virá derramar
seu óleo espesso
pelas paredes do quarto,
pela terra nua.
Um ponto de luz, perdido,
se extinguirá na poeira
da calçada, logo adiante,
à beira da mesa vazia,
e eu me direi: -- Viu?
Não era nada!
                  Melhor
dormir, esqueça! Amanhã
é mais um dia.
 


(Subsolo, 1989)
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), Plaza de toros

 

 

 

 

 

Carlos Felipe Moisés


 

Ar/aroma


A sombresparsa noite de dálias decepadas
denuncia o cálido perfume oculto
nas dobras do lençol amarfanhado.
Na cama vazia de ruído ou vulto,
o silêncio adensa a sombrespessa.
            (A noite é um insulto.)


Noite de sombra, inútil perfume alado.
Já não retine a nítida campânula
de lírios e receios e o monocórdio coração
anula a memória de amar como um pêndulo,
amor amaro, aroma pluridesplumado.
            (O amor é uma flâmula.)


Amor: um quase nada a tremular
a chama cheia de gnomos e arpejos,
que num assomo explode e vira maremoto
e se arrasta e grava a auriflama do desejo
na pele vazia do mar de coisa nenhuma.
            (Vício e tatuagem.)


Emblema: o quarto é uma fornalha quase
branca de tão rubra, mas um ponto negro
cresce e se avoluma e a noite insultuosa adentra
o peito de quem ama e a chama se consome
em sombra e o amor passado é só um perfume
           no ar (vazio) aroma.
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), Bathsheba,

 

 

 

 

 

Carlos Felipe Moisés


 

Gramática


1. Fonética

Datilo
grafo
meu espasmo rude
em teu peito
e os dedos cravam
entre a bilabial
e a sibilante
o Ó
inaudível.


2. Vogais

Adiar
odiar
ode e ar.
As vogais se espalham
no céu da boca
e o sopro adiado
imobiliza
a língua
em forma de U.


3. Morfologia

Mastigo
um naco de sombra
e um assombro
de sílabas mudas
escorre dos dentes
entre os escombros
da memória calcinada.


4. Etimologia

Saber de cor
a água
a cor da pele
cada anseio
que a língua
recolhe.
Saber de cor
o coração.


5. Pontuação

Fotograma
atrás de fotograma
teu rosto
é a prolongada pausa
impressa na retina
entre parênteses
do travesseiro.


6. Linguagem figurada

Tropel de trapos
lençol amarfanhado
a convulsão
de umas sílabas rebeldes
desarrumando a cama
& a folha em branco:
o peito de quem ama.


7. Conjugação

Eu me arquipélago
tu te maravilhas
ele se istma
nós nos montanhamos
vós vos espraiais
eles se eclipsam.
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Velazquez, A forja de Vulcano

 

 

 

 

 

Carlos Felipe Moisés


 

Mário de Andrade em San Francisco


para Roberto Piva & Cláudio Willer
 

 

1.

Dez horas da noite.
Percorro os meandros do Chinatown em San Francisco
e entre becos de névoa e olhares aflitos
é a ti que procuro
-- São Paulo, comoção da minha vida --
na voz de Mário, teu poeta,
subindo e descendo as ladeiras de angústia
de uma cidade que anseia pelo mar.

Dez horas da noite.
Meus pés,
que já pisaram as ruínas de Yucatán
e a medina de Marraquech,
o cais de Amsterdã
e o deserto de Alcácer-Quebir,
chegam cansados à Union Square, no coração de San Francisco,
e este chão morno coberto de pombos me acolhe
como se eu pisasse a rua Lopes Chaves em noite de crimes.

Dez horas da noite.
A culpa do insofrido, onde está?
Ali, Mário, põe a máscara!
O rei de Tule jogou a taça ao mar,
vendaval a levou -- e hoje,
troféu cravado na torre mais alta da Golden Gate,
banhada em luar,
ela anseia pelo Oriente onde, dizem, o sol reside.

Dez horas da noite.
Vem, Mário, vou mostrar-te San Francisco,
cidade esculpida em bruma a oriente do Oriente, onde a Primavera existe e se ergue do mar todo ano, ofertando presságios e desassossego,
ladeira abaixo
ladeira acima.
Aqui os corações são arrastados pelos bondes sapateando nos trilhos como o nosso dlem-dlem Santana! ei-ô! rumo à Voluntários da Pátria
ou às madrugadas arrepiadas de frio do largo de São Bento
mas aqui os bondes arrastam nossa aflição Powell St. acima, depois pelo
Embarcadero até o Fisherman’s Wharf e por fim nos despejam
na Ghirardelli Square,
de onde avistamos nossos sonhos,
catedrais ancoradas no cais impossível,
e a Primavera mais terrível
cobre de flores nossos ombros pensos --
arlequinal!
comoção de nossas vidas!


2.

A noite agora não é mais criança.
A cidade assolada em neblina acolhe os deuses da madrugada e nos vê
passar.
Não é nossa Londres das neblinas finas, onde as rolas da Normal esvoaçam
entre os dedos da garoa,
mas é a cidade que nos abrigou com sua Primavera incandescente e guiou
nossa vagabundagem por labirintos de espanto, numa noite iluminada pelo desespero de náufragos e rainhas exiladas.
Foi aqui,
naquele bar imundo da O’Farrell quase esquina com a Market, em meio ao
cheiro azedo e oleoso de tantas noites mal-dormidas, depois da
milésima cerveja, depois de esgotarmos todos os versos bem
amados, que sabíamos de cor,
foi aqui,
naquele canto escuro que Allen Ginsberg it’s too long that I have been alone, it’s too long foi-se chegando irritado e implorou come Poet, shut up & eat my word e você o embalou no colo e depois sonhou que tinha
vomitado a cidade de San Francisco no oceano azul.
Foi aqui
que Leadbelly, o negro desdentado, sentou-se à nossa mesa e nos ensinou a chorar em uníssono com seu banjo prodigioso e você lhe ensi-
nou os passos da dança que todos sabíamos e ele então, com
outro brilho nos olhos, voltou a nos chamar irmãos e nos desejou alegria e você o abençoou.

Depois,
arrancamos de cada rua os fantasmas que ali se abrigavam e derruba-mos todas as pedras que se acumularam no caminho
e as mãos sangradas e famintas finalmente descobrimos que San Francisco
(Alexandria, você sabe, a Tebas impossível que nunca pudemos
pisar) é uma cidade viúva de segredos e os fantas-mas que aí
avistamos são os nossos próprios fantasmas, para sempre per-
didos

-- como teu coração paulistano,
Mário,
que um dia você enterrou no Pátio do Colégio
e ali estava, quente e vivo,
entre as ruínas da O’Farrell quase esquina com a Market,
dedilhando um blues sem esperança
-- como tua língua,
que você um dia guardou no alto do Ipiranga,
para cantar a liberdade, saudade,
mas esta já não foi possível encontrar mais, não.
Por isso também nos perdemos e nos achamos,
comoção de nossas vidas!


3.

Depois
rolamos nosso sono em delírio, pelas ruas,
e em nossos olhos ardia
a lembrança daquilo que nenhum de nós sabia.
Depois,
diante do cais, em Lands End, os braços abertos em cruz,
você gritou para o abismo em frente,
ou sussurrou para as almas encolhidas de medo:
-- A noite vem do mar cheirando a cravo!
E por um instante
o baiano poeta Sosígenes bailou entre nós
naquela madrugada em San Francisco,
mas logo regressou a seus castelos em Belmonte.
No fundo das águas havia dragões e havia sereias
e ao longe, e-eh-ô!, Boi Paciência e o Irmão Pequeno.
Cada rua era um rio que o mar desenhara na terra
e a lua enorme
uma ânfora plantada na torre mais alta da Golden Gate.

-- Garoa do meu São Paulo,
garoa sai dos meus olhos!
E a garoa caía em San Francisco
ou em Londres das neblinas finas.
Depois
rolamos nosso sono em delírio pela Mission St., como um rio,
de leste a oeste cruzamos toda a cidade,
à procura do sol,
guiados pelo cheiro do mar,
mas o cheiro do mar nos levou para longe do mar.
-- Água do meu Tietê,
onde me queres levar?
Rio que entras pela terra
e que me afastas do mar...
Nessas águas Boi Paciência se afogou,
que o peito das águas tudo soverteu.

Você queria um porto seguro na terra dos homens,
por isso perguntava pela culpa do insofrido
e suplicava:
-- Garoa, sai dos meus olhos!
Por isso
você desceu ao léu da corrente do rio
e entrou na terra dos homens ao coro das quatro estações
mas não me ensinou o caminho
ou não aprendi a lição.

Ao regressar,
teus olhos eram só preguiça e mágoa,
teus olhos bailavam no ar,
o ar de mansa maresia dos mares de San Francisco,
teus olhos bailavam no ar a grandeza de todas as glórias
e teu coração entoava:
-- Estou pequeno, inútil,
bicho da terra derrotado,
e já nem sei se vale a pena
cantar São Paulo na lida

Você recusou a Paciência (Boi morto) e a esperança
e em teus olhos as águas murmuravam hostis,
levando as auroras represadas
para o peito do sofrimento dos homens.
Nem eram tantas essas águas, nem tamanhas.
Era uma lágrima, apenas, uma lágrima
das águas turvas do nosso Tietê, límpida
lágrima em que brilhava um céu de chumbo,
arlequinal!
comoção de nossas vidas!


4.

Quatro horas da manhã.
Caminhamos em silêncio pelo longo e frio corredor infinito da Powell St.
à espera do primeiro carro do subway que nos levará de volta a Berkeley e à
Telegraph Avenue,
onde a Revolução é um estado de espírito permanente e, qual Oroboros, do
seu próprio tédio se alimenta,
onde até o breakfast cheira a conspiração e onde os filhos dos hippies ven-
dem penduricalhos & melancolia e aceitam credit card.
Mas você sabe, Mário,
São Paulo também sempre foi berço de revoluções.

Quatro horas da manhã.
Deixamos para trás o cais e a noite negra
e em nossos ouvidos ecoa o grito de Álvaro de Campos:
-- Ó coisas navais! Meus velhos brinquedos de sonho!
Componde fora de mim a minha vida interior!

Caminhamos em silêncio pela Powell St.
e você começa a saltar pela calçada
como se estivesse na avenida São João.
De repente,
o riso debochado
que brota dos teus e dos meus lábios
se espraia pelas ruas solitárias
e divide a madrugada.

Antes você perguntava pela culpa do insofrido
e se queixava:
-- Miséria, dolo, ferida,
isso é vida?
Agora teu coração secreto nos leva de volta
ao dia claro de onde viemos.

Quatro horas da manhã.
A maresia vem do cais distante
e se espreme entre os prédios altos
e arde cheia de aroma
no céu pesado de chumbo
-- entre essas duas ondas plúmbeas de casas plúmbeas,
como você costumava dizer da rua de São Bento.
Jamais
madrugada tão sombria,
jamais minha alma tão serena e vazia.

Quatro horas da manhã.
Caminhamos em silêncio pela Powell St.
e em algum lugar a Primavera nos aguarda
com dez mil milhões de rosas paulistanas.

No ar,
daquele banjo desdentado
o som já desfeito em penumbra
nos guia os passos
e somos duas crianças
balbuciando o rondó das tardanças.
E como sabe que vai morrer
daqui a um segundo
daqui a um verso
a noite mergulha em treva mais densa
(vingança!)
e em nosso olhar o dia todo se ilumina
em milhares de brilhos vidrilhos,
arlequinal!
comoção de nossas vidas!


(Subsolo, São Paulo, Massao Ohno, 1989)
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Carlos Felipe Moisés


 

Modelagem


papel maché
argila
barro
massa
        modelar o quê?


modelar o ar,
cavar em torno
o oco sobrante
ao quase nada
de dentro:
             o já-não-mais
             do ainda-não.
Modelar o grito,
a água que escorre,
o brilho da estátua.


(o que não tem modelo
modelado está.)
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Allan R. Banks (USA) - Hanna

 

 

 

 

 

Carlos Felipe Moisés


 

Idílio em três atos
(inédito)



1.

Melhor abandonar o espetáculo
mal começado. Acerto o passo trôpego,
rasgo nos dentes a lembrança nítida
da burla e me distraio com a libélula,

esta esvoaçante donzelinha estúpida,
que insiste em me seguir com ar ilícito.
Que farsa é essa, enfim, em que os intrépidos
se dão as mãos e choram como náufragos?

Siga-me, então, mas saiba: mais efêmera
que o dia, amiga, é esta noite mágica,
a noite plena de outra luz, e música –

mas esqueça o compasso, o ponto e a vírgula,
e se puder me explique, sem retórica:
a que vem toda essa efusão esdrúxula?

 

2.

Ah, poetinha finório...
Se quiseres dou-te um lírio
e não te chamo de otário.
Vamos, pra quê essa fúria?

Espetáculo notório,
com saboroso mistério,
seria a nossa luxúria,
não fosse eu tão vigária.
 

Diz que eu sou o teu colírio,
diz que eu sou a tua glória,
pode me chamar de espúria,

esgota o abecedário
– teu teatrinho tão sério,
tão sem sal, sem repertório –

mas me chama de libélula,
que eu te chamo de crepúsculo.
 

3.

Então você prefere ser chamada
de libélula... Está bem: libélula. Donzelinha,
que tal? Quem sabe, cavalinha-do-diabo
ou lava-bunda, odonata? Sim, eu sei,
você detesta, mas estão todos lá,
no dicionário, os nomes que Deus
ou o povo lhe deu.
                         E quem sou eu
para inventar nome melhor?
Não lhe pedi para me seguir,
posso chamá-la como quiser
ou até nem chamar.
Só não posso esquecer
que, libélula ou cavalinha,
você é carnívora, voraz,
e suas asinhas coloridas,
transparentes,
se alimentam da água podre,
na imundície.
                 Por isso,
minha doce, pútrida libélula,
não me desgarro de você.
Tento, como posso, arrancá-la
da memória, do sexo, da alma,
das veias em chama,
mas para onde quer que eu vá
lá está você,
lá estou eu em mim,
em você,
você em mim,
asinhas fétido-farfalhantes,
espetáculo mal parido,
pior continuado,
nosso teatro inglório.
E você ainda me vem com história
                                      lamúria
                                      delírio
                                      miséria,
sonetinho mal ajambrado,
e esse tu, tão aprumado
– verbos e desconsolo
tão bem conjugados.
Chega, chega de tu! É você,
já lhe disse: você!
                 Libélula,
donzelinha, odonata,
mar de prata,
lua a apodrecer no pântano,
lava-bunda de bromeliáceas.
                           Você!

Gostou? Se não,
me deixe, me largue,
me troque por quem já não sou
ou por outro qualquer.
Quanto a me chamar de
crepúsculo,
vá lá,
       talvez justifique
este nosso amor
esdrúxulo.
 

 

 

 

 

26.3.2017