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Leila Míccolis

Poussin, The Nurture of Bacchus


Poesia:


Ensaio, crítica, resenha & comentário: 


Alguma notícia da autora:

 

Titian, Noli me tangere

 

Michelangelo, 1475-1564, David, detalhe

 

 

 

 

 

Poussin, Rinaldo e Armida

 

 

 

 

 

Leila Míccolis


 

Bio-bibliografia


Descendente de gregos e italianos, formou-se em Direito em 1969, pela antiga Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro, tendo exercido a profissão de advogada até 1977, quando decidiu dedicar-se exclusivamente à literatura.

Estreou em 1965 com o livro de poemas "Gaveta da Solidão". Em 1983 começou a escrever roteiros para a televisão, vindo a ser co-autora de telenovelas como Kananga do Japão (1989), com Wilson Aguiar Filho (1951-1991), e Barriga de Aluguel (1990), com Glória Perez (1948).

Fundou, em 1991, com o também poeta Urhacy Faustino (1968), seu marido, o jornal literário "Blocos", que ganhou uma versão virtual oito anos depois. Entre 2004 e 2007, fez o Mestrado em Ciência da Literatura (Teoria Literária) na UFRJ. É Doutora também em Ciência da Literatura (Teoria Literária) pela mesma Universidade. Em 2005 ministrou curso de extensão sobre texto televisivo na UFRJ.

É autora de três dezenas de livros (poesia/prosa), novelas de TV, teatro, roteirista de cinema. Tem obras publicadas em países como França, México, Colômbia, Estados Unidos e Portugal.

Foi ativista no Grupo Auê, no Rio de Janeiro entre 1979 e 1980, tendo chegado a coordenar um pré-EBHO nesta cidade. Participou do "I Concurso de Poesia Gay do Brasil", promovido pelo Grupo Gay da Bahia em 1982, com o poema "Teus Seios".

 

(Texto redigido em 26.12.1022)

 

 

 

 

 

 

Delaroche, Hemiciclo da Escola de Belas Artes

 

 

 

 

 

Leila Míccolis


 

Por Mares Nunca D'antes Navegados

A Gilberto Mendonça Teles


Decididamente,
escola não era o lugar de Camões...
Que me perdoem os mestres
com suas erudições,
mas, epopéia, era sair cedo da cama,
só para encontrar Vasco da Gama.
Cheia de sono,
nem o lia:
mal abria Os Lusíadas,
ao abandono de divagar
eu me entregava.
E como viajava:
Coimbra, Ceuta, Goa,
Índia, Moçambique, Lisboa...
Esta sim era a vida que eu sonhava...
E que vidinha boa!
Não a de estudos,
sisudos,
miúdos.
A certa altura,
logo depois da formatura,
quando cessou tudo o que a Musa antiga cantou
que outro valor mais alto se alevantou,
de Camões me perdi.
E só há pouco entendi
quanta aprendizagem havia
nas v(ad)iagens que eu, turista,
empreendia.
Então num movimento saudosista
— bem português —,
agora cheia de lucidez e nostalgia,
suspiro,
ao ver que de mim se distancia
por toda a parte, sem engenho, a arte.
E a conclusão final que eu tiro,
pá,
é de que mesmo sem eu ler poesia,
para o seu Reino, cheio de magia,
Camões, fidalgo, me levava lá...
 

 

 

Henry J. Hudson, Neaera Reading a Letter From Catallus

Início desta página

Miguel Sanches Neto, 2002

 

 

 

 

 

Poussin, Rebecca at the Well

 

 

 

 

 

Leila Míccolis


 

Efeitos Óticos


Quanto mais se envelhece
mais os mortos se aproximam.
Mas a conversa é difícil:
eles usam expressões diáfanas,
ectoplásticas,
e sussurram sombras.
Às vezes,
figuras nos muram grafitam;
outros,
em torno da palavras gravitam.
E sempre que se vão,
atravessando tijolo,
concreto, cimento e cal,
nos deixam a confirmação
— nenhuma parede é real.
 

 

 

Rafael, Escola de Atenas, detalhes

Início desta página

Roberto Pires

 

 

 

 

 

Poussin, The Empire of Flora

 

 

 

 

 

Leila Míccolis


 

Aquarela


Da minha infância
retiro as fotografias da família
no luto diário,
os olhos invisíveis
condenando curiosidades,
o baú de preciosidades
(e traças devassas),
trancadas a cadeado,
os sonhos desenfreados,
a mística do susto,
os flagrantes,
evitados a custo,
e por fim retiro-me do porão
com tudo o que continha minha imaginação
delirante.
Fica a vida.
Que nem parecia importante.


 

 

Octavio Paz, Nobel

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José Alcides Pinto

 

 

 

 

 

Poussin, Acis and Galatea

 

 

 

 

 

Leila Míccolis


 

Camadas


Ser livre não é manter-se
intocável, sem entregas,
nem se dar também, às cegas,
a tudo o que nos agrade.
Ser livre é viver a idade
que sente o nosso querer,
é viver conforme a vida
é sobretudo viver.
E viver é mergulhar
pra emergir com o submerso,
ampliando,a cada dia,
os limites do universo.

 

 

Maura Barros de Carvalhos, Tentativa de retrato da alma do poeta

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Mauro Mendes

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904)

 

 

 

 

 

Leila Míccolis


 

Vã Filosofia...


Falas muito de Marx,
de divisão de tarefas,
de trabalho de base,
mas quando te levantas
nem a cama fazes...

 

 

Michelangelo, Pietá

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Ricardo Alfaya

 

 

 

 

 

Goya, Maja Desnuda

 

 

 

 

 

Leila Míccolis


 

Devastação


Vêm os jovens
e escrevem nas árvores seus nomes entrelaçados;
voltam adultos
e destroem esses corações apaixonados.

 

 

Da Vinci, La Scapigliata

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J. Romero Antonialli

 

 

 

 

 

Tintoretto, Criação dos animais

 

 

 

 

 

Leila Míccolis


 

Conservas


No meio das noites, a noite
em que se fantasia cometer loucuras:
a tia tenta o suicídio,
o primo foge de casa,
a irmã se prostitui,
a cunhada sai pela rua, nua,
o menor incestua...
Uma noite singular,
uma noite sem par,
uma noite só.
Depois, arrependidos, todos voltam
a viver dos conselhos da vovó.

 

 

Da Vinci, Madona Litta_detalhe.jpg

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Sébastien Joachim

 

 

 

 

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Maura Barros de Carvalho, Tentativa de retrato da alma do poeta

 

 

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