Mais de 3.000 poetas e críticos de lusofonia!

 

 

 

 

 

Clevane Pessoa


 

Função


Lençóis d’água
Subterrâneos frescores
A amenizar
Os fogachos da menopáusica
Mãe Terra...


Jasmins d’água
Em touceiras.
O olor pungente
Bordeja o rio
que borda a Terra...
De longe,querubins
Em miniatura
Adejando brancas asas...
De perto, parecem
Borboletas que não voam,
Presas ao verde...
De quando em vez,
Caem pétalas
Sem ruído perceptível
E cada qual beija a água
Respingando ternura
Flutuando, leves plumas,
Por certo merecem
Que meu olhar
De brasas acesas
Perscrute o ondulado
E fri caminho...
ATÉ ONDE IRÃO?Aonde
Deságua a água
Cantando,
Ao mar se entregando?
Ou...Fenecerão antes
Que o Tempo as insulte
Roubando-lhes a beleza?...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Rubens, Julgamento de Paris

 

 

 

Clevane Pessoa


 

Do inesperado


espelho que sangra
madona que chora
árvore que singra
sorriso que apavora

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Mais de 3.000 poetas e críticos de lusofonia!

 

 

 

 

Clevane Pessoa


 

Ossos


Ossos amontoados
No campo de concentração
Gritando
Que um dia tiveram vida,
Rondados pelos espíritos perplexos
Tentando separá-los dos outros à sua imagem
Sem semelhança
Pois a carne, o retrato,
Apodrecida, carcomeu-se
Ou foi calcinada em fogos/ fornos...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Clevane Pessoa


 

Gliter


Pirilampos
Amontoam-se no lago
Onde as águas móveis
Transmutam em milhares
de points brilhantes.
A luz do luar...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Clevane Pessoa


 

A força do amor


Olhos de seda entrelaçando fios
nos olhos de minha alma rota
pelos desgastes dos sonhos
intangíveis e desfeitos:
tramas puídas sem possibilidades
aparentes de remendos ,
esgarçadas pela voracidade
de traças impiedosas...


Mas, fiandeiras de magias
as meninas de teus olhos
pacientemente são artesãs
da reesperança e recuperam
com luzes invisíveis
e canções inaudíveis,
minhas crenças no amanhã...

 

 

 

 

 

 

09.06.2005