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Sophia de Mello Breyner Andresen

02.07.2004

Entardecer, foto de Marcus Prado

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poesia:


Ensaio, crítica, resenha & comentário: 


Fortuna crítica: 


Alguma notícia da autora:

 

Sophia de Mello Breyner Andresen

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Mary Wollstonecraft, by John Opie, 1797

 

Albrecht Dürer, Mãos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Michelangelo, 1475-1564, Teto da Capela Sistina, detalhe

 

 

 

 

 

Sophia de Mello Breyner Andresen


 

Cronologia:


1919 – Nasce a 6 de Novembro no Porto, onde passou a infância. Aos 3 anos, tem o primeiro contacto com a poesia, quando uma criada lhe recita A Nau Catrineta, que aprenderia de cor. Mesmo antes de aprender a ler, o avô ensinou-a a recitar Camões e Antero.

1926 – Frequenta o Colégio do Sagrado Coração de Maria, no Porto, até aos 17 anos. Primeiro semi-interna, depois externa. Tem professores marcantes, como a D. Carolina (de Português). E, apesar da pouca estima por disciplinas como Matemática e Química, nunca chumbou. Aos doze anos escreve os primeiros poemas. Entre os 16 e os 23 tem uma fase excepcionalmente fértil na sua produção poética

1936 – Estuda Filologia Clássica, na Faculdade de Letras de Lisboa, mas não leva a licenciatura até ao fim. Três anos depois, regressa ao Porto, onde vive até casar com Francisco Sousa Tavares, altura em que se muda definitivamente para Lisboa. Tem cinco filhos

1944 – Publica o primeiro livro, Poesia, uma edição de autor de 300 exemplares, paga pelo pai, que sairia em Coimbra por diligência de um amigo: Fernando Vale. Em 1975 seria reeditado pela Ática. Este livro é uma escolha, que integra alguns poemas escritos com 14 anos. E o início de um fulgurante percurso poético e não só. Publicaria também ficção, literatura para crianças e traduziu, nomeadamente, Dante e Shakespeare

1947 – O Dia do Mar, Ática

1950 – Coral, Livraria Simões Lopes

1954 – No Tempo Dividido, Guimarães

1956 – O Rapaz de Bronze (literatura infantil), Minotauro

1958 – Mar Novo, Guimarães; A Menina do Mar (infantil), Figueirinhas; A Fada Oriana (infantil), Figueirinhas. Escreve um ensaio sobre Cecília Meireles na «Cidade Nova»

1960 – Noite de Natal (infantil), Ática. Publica o ensaio Poesia e Realidade, na «Colóquio 8»

1961 – O Cristo Cigano, Minotauro

1962 – Livro Sexto, Salamandra, distinguido com o Grande Prémio de Poesia da Sociedade Portuguesa de Escritores, em 1964; Contos Exemplares (ficção), Figueirinhas

1964 – O Cavaleiro da Dinamarca (infantil), Figueirinhas

1967 – Geografia, Ática

1968 – A Floresta (infantil), Figueirinhas; Antologia, Portugália, cuja 5ª edição (1985 – Figueirinhas) é prefaciada por Eduardo Lourenço

1970 – Grades, D. Quixote

1972 – Dual, Moraes

1975 – Publica o ensaio O Nu na Antiguidade Clássica, integrado em O Nu e a Arte, uma edição dos Estúdios Cor. Deputada pelo Partido Socialista à Assembleia Constituinte. A sua actividade político-partidária, não foi longa, mas ao longo da sua vida sempre foi uma lutadora empenhada pelas causas da liberdade e justiça. Antes do 25 de Abril, pertence mesmo à Comissão Nacional de Apoio aos Presos Políticos

1977 – O Nome das Coisas, Moraes, distinguido com o Prémio Teixeira de Pascoaes

1983 – Navegações (IN-CM), recebe o Prémio da Crítica do Centro Português da Associação de Críticos Literários

1984 – Histórias da Terra e do Mar (ficção), Salamandra

1985 – Árvore (infantil), Figueirinhas

1989 – Ilhas, Texto, distinguido com os Prémios D. Dinis, da Fundação Casa de Mateus e Inasset-INAPA (1990)

1990 – Reúne toda a sua obra em três Volumes, Obra Poética, com a chancela da Editorial Caminho; é distinguida com o Grande Prémio de Poesia Pen Clube

1992 – Grande Prémio Calouste Gulbenkian de Literatura para Crianças

1994 – Musa, Caminho. Recebe Prémio Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores. Publica Signo, um livro/disco com poemas lidos por Luís Miguel Sintra, uma edição Presença/Casa Fernando Pessoa

1995 – Placa de Honra do Prémio Petrarca, atribuída em Itália

1996 – Homenageada do Carrefour des Littératures, na IV Primavera Portuguesa de Bordéus e da Aquitânia

1998 – O Búzio de Cós, Caminho, distinguido com o Prémio da Fundação Luís Míguel Nava

1999 – Prémio Camões


JL, 16.06.1999


Sophia de Mello Breyner Andresen morreu a 2 de Julho de 2004


 

Fonte: Instituto Camões, Portugal

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), Plaza de toros

 

 

 

 

 

Sophia de Mello Breyner Andresen


 

Retrato de uma princesa desconhecida


Para que ela tivesse um pescoço tão fino
Para que os seus pulsos tivessem um quebrar de caule
Para que os seus olhos fossem tão frontais e limpos
Para que a sua espinha fosse tão direita
E ela usasse a cabeça tão erguida
Com uma tão simples claridade sobre a testa
Foram necessárias sucessivas gerações de escravos
De corpo dobrado e grossas mãos pacientes
Servindo sucessivas gerações de príncipes
Ainda um pouco toscos e grosseiros
Ávidos cruéis e fraudulentos


Foi um imenso desperdiçar de gente
Para que ela fosse aquela perfeição
Solitária exilada sem destino

 

 

 

William Bouguereau (French, 1825-1905), L'Innocence

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Regina de Souza Vieira

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), Bathsheba

 

 

 

 

 

Sophia de Mello Breyner Andresen


 

Exílio


Quando a pátria que temos não a temos


Perdida por silêncio e por renúncia


Até a voz do mar se torna exílio


E a luz que nos rodeia é como grades

 

 

 

Da Vinci, Homem vitruviano

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Edmilson Caminha

 

 

 

23.11.2004