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Bea Galvão

 beagalvao.escritora@gmail.com

Michelangelo, 1475-1564, Teto da Capela Sistina, detalhe

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poesia:


Ensaio, crítica, resenha & comentário: 


Conto:


Fortuna crítica: 


Alguma notícia da autora:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Nicodemos Sena

 

Ronaldo Cagiano

 

 

 

 

 

 

 

John Martin (British, 1789-1854), The Seventh Plague of Egypt

 

 

 

 

 

Bea Galvão


 

(Con)junções


A gente se gosta
A gente se goza
A gente se encanta
A gente se espanta
A gente se beija, se cheira, se junta
A gente se entende.
A gente se ama?

na cama no carro no banheiro no sofá

A gente se deita, se cai, se levanta
A gente se briga, discute, se irrita
A gente se escreve, a gente se amansa
se toca, se alisa
A gente se brisa
A gente se chove

A gente se cobre, se ouro, se prata
(a gente se lua ingrata)
-vomita besteiras, escreve asneiras e pede desculpas-
A gente se lua de novo
E se perde,
de novo,
no imenso encantamento manso.


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), Plaza de toros

 

 

 

 

 

Bea Galvão


 

Quadro para uma fotografia (ou Carta Para Um Novo Amigo)


Hoje
Teu nome tem o cheiro doce das lembranças,
Tem o gosto amargo do passado,
Tem a fluidez dos ventos de Barão.

Hoje,
Com as pontas de todos os meus dedos,
Escrevi,
Em meu corpo,
O eco da distância:
Solidão.

(A polidez só cabe em alguns gestos. Perdão.)
...............................................................................

eu poderia falar do mar que não conseguiu me banhar por causa da chuva mais forte que a onda eu poderia falar de você indo embora naquele quadro que ainda ficou eu poderia falar da casa que não alugamos e do pequeno espaço que não temos mais eu poderia falar de tantas coisas mas só vou falar da tatuagem que você (não) me fez.
está aqui. bem aqui gravada naquele lugar que só você para descobrir e fazer seu. está aqui.

Não. Não está...

(Por que só eu escuto o barulho da chuva, que não me deixa entrar no mar?)
...................................................................................

--Há de ser nada; [só] literatura escondida num peito doído.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poussin, The Triumph of Neptune

 

 

 

 

 

Bea Galvão


 

Talvez


Amor é fato.
Amar é ato.

Se falta afeto neste fado
ou se, de fato, há fogo febril
-que nos consome num afago
que nos mata em chamas mil-
quero deixar clara a intenção
de consumir-me, não em palavras
-que estas torpes sílabas vãs
revestem justo
o que pretendo desnudar-

mas consumir-me
em consumir-te. Em
“ser”, tendo-te.

Amor volátil,
Fugaz
Que, amanhã, pode não ser.
Mas que hoje, tudo apraz.


 

 

 

 

 

 

20/04/2017