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Sebastião Ayres 

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Poesia:


Ensaio, crítica, resenha & comentário: 


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Albrecht Dürer, Head of an apostle looking upward

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Sebastião Ayres



A Luxúria

“O “ pecado original”, na ética cristã, não foi a sexualidade, mas o orgulho. Foi o do amor de si mesmo, com exclusão do amor do próximo e do amor de Deus” (Tristão de Athaíde)

Abordemos o vício da luxúria
Despojados de falso moralismo,
Sem hipocrisia nem farisaísmo,
Já que sexo não é temática espúria.
O preconceito é condenável injúria
Que estigmatiza a sexualidade.
Muito longe de ser imoralidade,
Ela expressa energia natural,
Que permite às espécies, em geral,
Manter, da a vida, perpetuidade.

No ser humano, o encontro sexual
É, ao mesmo tempo, instinto e sentimento,
Com entrega recíproca e integral,
Em harmonia possível ou ideal
Entre o amor físico e o espiritual.
Edificar harmônica convivência,
Sem conflito, tumulto ou turbulência,
Requer muita renúncia e sacrifícios,
Sem o que não se logram os benefícios
Na dura conjugal experiência.

A luxúria é a deturpação do amor,
Sua extrapolação, degradação;
É libertinagem, é perversão,
Licenciosidade e despudor;
É vício grave e demolidor,
Com sua face na pornografia,
Na promiscuidade e pedofilia.
Dos bons costumes é solapado,
Da permissividade é abonador,
Do sexo é aberração, patologia.

Está no rádio e na televisão,
Na Internet, na literatura
Que lhe oferecem franca cobertura
Com vistas à mercantiliação;
É objeto de livre exploração
No teatro, revistas e jornais,
Na música, nos shows e festivais.
Nossa “avançada” civilização,
Tem na luxúria, torpe aberração,
Meta única de seus ideais.
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Theodore Chasseriau, França, 1853, The Tepidarium

 

 

 

 

 

Sebastião Ayres



Avareza

“A soberba é o amor próprio hipertrofiado. A avareza é o amor próprio transferido a um objeto impróprio” (Tristão de Athayde)


É o amor-próprio voltado ao dinheiro,
O apego torpe aos bens materiais;
Ganância e cupidez descomunais,
Com compulsão que raia ao desespero.

É a avidez por lucros financeiros,
Visando acúmulo de capitais,
Mediante métodos imorais,
Corruptos, ilegais e sorrateiros.

Os cauíras, sovinas, avarentos
São sempre obsessivos ciumentos
De suas posses, fortunas ou riquezas.

Estão presentes nos oligopólios,
Conglomerados, trustes, monopólios,
Âmbito de seus lances de espertezas.
 

 

 

 

Bernini_The_Rape_of_Proserpina_detail

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Inez Figueredo

 

 

 

 

 

 

 

 

Delaroche, Hemiciclo da Escola de Belas Artes

 

 

 

 

 

Sebastião Ayres



A Preguiça

“A ociosidade é a mãe de todos os vícios”. “Cabeça vazia, oficina do diabo” (Ditados populares).
“Quem não quiser trabalhar não tem o direito de comer” (2Tes, 3,10)
“O repouso não é o oposto do trabalho, mas sua recompensa” (Tristão de Athayde)

 

Segundo o “Livro do Gêneses”,
Deus Criador repousou
No final da criação,
Na qual tão bem trabalhou.
O descanso é exigência
Da luta pela existência
Que o Senhor nos confiou.

Jesus se fez operário
No ofício de carpinteiro,
Ajudando o pai, José,
No ramo, mestre primeiro.
O bom trabalho enobrece,
Só valoriza, engrandece –,
Voluntário ou por dinheiro.

Ócio, se com dignidade,
É saudável regalia;
Férias bem aproveitadas
Restauram nossa energia.
Prêmio justo, na verdade,
É ter, na “melhor idade”,
Justa aposentadoria

O trabalho sem repouso,
É injusto e até desumano;
O descanso, sem trabalho,
Causa tédio e desengano.
Acarreta depressão
E suscita frustração
Em nosso cotidiano.

A preguiça é a aversão
À atividade, ao labor;
Contínua indisposição
Pra empreender seja o que for.
É física ou corporal,
Psíquico-espiritual,
De todo o ser, a rigor.

Dos vícios é o mais simpático,
Atrativo e sedutor,
Como acontece com a gula
Que tenta seu detentor.
Preguiça é degradação,
Do repouso, a perversão,
Que corrompe o portador.

É próprio do preguiçoso
Ser moroso e displicente.
Foge da iniciativa,
É um omisso e negligente;
Tem ojeriza ao trabalho,
É um parasita, um paspalho,
Criatura indigna, indecente.

Ócio, em si, não é um fim,
Mas um meio apropriado
De recompor o organismo
Cansado, debilitado.
Se virar finalidade,
Inverte a prioridade
Que do trabalho é primado.

A preguiça é vil flagelo
Que contamina a existência
É a negação do trabalho
Meio de sobrevivência.
É fonte de malefícios,
“É mãe de todos os vícios”
E atenta contra a decência.

Reservemos, no lazer,
Tempo pra meditação,
Atitudes de silêncio,
Gestos de contemplação.
No trabalho ou no lazer,
Que Deus possa merecer
Louvores, pela oração.
 

 

 

 

Bernini, Apollo and Dafne, detail

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Rodrigo de Souza Leão

 

 

 

 

 

 

 

 

Poussin, Rinaldo e Armida

 

 

 

 

 

Sebastião Ayres



Prevenção do câncer mamário, o inimigo do peito


Os seios têm encanto e poesia,
Têm beleza, elegância e sedução,
Dos poetas são grata inspiração,
Com seus mistérios densos de magia.

São, do corpo, ornamentos fascinantes,
Áreas sensíveis de erotização.
São alvos de desejo e de atração,
Dos corações ardentes dos amantes.

São tépidos regaços de crianças,
Dos bebês, aconchego acolhedor;
São ninho de ternura e de amor,
Oásis aprazíveis de bonanças.

Em sua singular fisiologia
São conformados para a nutrição,
Gerando leite pra amamentação,
Natural, essencial e sadia.

Reunindo, em si, tantos valores,
Relevantes funções e utilidades,
Os seios podem ter enfermidades
Que causam frustrações e dissabores.

Câncer mamário é mal insidioso,
Pois evolui silenciosamente,
Sem causar à incauta paciente
Distúrbio ou incômodo doloroso.

Resulta de uma multiplicação,
Desordenada, em nível celular.
Dos seios, a estrutura glandular,
Poderá sofrer degeneração.

Nódulos que se formam em seus tecidos
Nem sempre são visíveis ou palpáveis.
E, não raro, só são detectáveis
Por exames de imagem requeridos.

Muito importante é fazer auto-exames,
Das mamas, como hábitos rotineiros,
Para palpar nódulos sorrateiros
Que podem ser malignos, infames.

Deixar-se examinar em consultório
Por especialista competente,
É conduta correta e pertinente,
Em alguns casos, ato obrigatório.

Mamografias (radiografias)
São indicadas ou recomendadas
Conforme anomalias encontradas,
Idade ou história de neoplasias.

Mamografias ditas digitais
Ultra-sonografia, ressonância,
Podem ser da mais alta relevância
Diante de dúvidas cruciais.

A cura é alcançada em muitos casos
Diagnosticados com precocidade.
O câncer só leva à mortalidade
Quando existem descuidos ou descasos.

Cirurgias sempre são indicadas
Como procedimento ideal.
Precoces, levam à cura radical,
Deixando as mamas pouco mutiladas.

O câncer é inimigo figadal
Que suscita temor e preconceito.
É o maior inimigo de seu peito,
Implacável, traiçoeiro, letal.

Converta o medo de ter a doença
Em coragem para se examinar.
Jamais dê chance ao cruel azar,
Que em nós se abate sem pedir licença.
 

 

 

 

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Poussin, The Nurture of Bacchus

 

 

 

 

 

Sebastião Ayres



A Gula

“Crápula é modo extravagante de vida, desregramento no beber, comer e jogar (Dicionário Michaellis)


Não vive o homem apenas pra comer
Tal qual qualquer vivente irracional.
Por ser inteligente, racional,
Ele come e bebe para viver.

Da gula precisamos nos conter,
No seu instinto rude, de animal.
Comer com avidez é anormal,
Embriaguez é a gula no beber.

Todo glutão, em sua extravagância.
Causa vergonha, e até repugnância,
Na volúpia de tudo devorar

Alimentar-se é rito, é cerimônia,
Exige temperança e parcimônia,
Glutonaria é vício a refrear.
 

 

 

 

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Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), Bathsheba

 

 

 

 

 

Sebastião Ayres



A oração de São Tomé:

“Meu Senhor e meu Deus” - (Jo, 21, 28).


Assim falou Dídimo - São Tomé,
Com muito ardor e plena convicção,
Em reverência em que se pôs de pé
Ou se postou em genuflexão.


No culto litúrgico, a “Santa Sé”,
Inclui esse modelo de oração,
Quando na Missa, em sua elevação,
A repetimos com fervor e fé.


E que ela encerra, além de invocação,
Um pedido implícito de perdão,
E de adoração, plena de humildade.


E, durante a solene comunhão,
Traduz nossa sincera gratidão
A Jesus, na Santíssima Trindade


Em 02.10.2005
 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), The Grief of the Pasha

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Dalila Teles Veras

 

 

 

01/03/2005