Mais de 3.000 poetas e críticos de lusofonia!

João Carlos Taveira 

jctaveira1947@yahoo.com.br

Theodore Chasseriau, França, 1853, The Tepidarium

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poesia:


Ensaio, crítica, resenha & comentário: 


Fortuna crítica: 


Alguma notícia do autor:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Mary Wollstonecraft, by John Opie, 1797

 

Ticiano, Flora

 

 

 

 

 

 

 

 

Sandro Botticelli, Saint Augustine, Ognissanti's Church, Firenze

 

 

 

 

 

João Carlos Taveira


 

A imposição do poema


Dissimulado,
o poema se impõe:
aceso o coração,
iluminada a rua,
o poema dá as caras
nas frestas da janela,
põe as manguinhas de fora,
cospe no prato
e, atrevido,
vai realizando,
meio tonto, meio sonso,
sua esfinge de cal,
sua natureza de vento,
sua estrutura de nada.


Inútil, o poema
compõe disfarces:
armada a cilada,
preparado o bote,
o poema primeiro dorme,
descansa seu corpo
de éter, sua alquimia,
na primeira pedra,
ao menor descuido,
para depois,
ágil e confiante,
estabelecer-se inteiro
na superfície rasa
do papel vencido.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

São Jerônimo, de Caravaggio

 

 

 

 

 

João Carlos Taveira


 

Contemplação de Apolo


Que sou eu para a poesia?
Um ser oblíquo
a contemplar o cais,
sem nunca ter partido?


Uma voz rouca
que já não canta;
que já não grita
contra a insensatez
de uma existência louca?


Um semideus;
que se consome;
que se consuma
a cada verso;
em cada verso;
sem o menor sentido?


Que sou eu para a Poesia;
senão este ruflar de asas
incendido nas palavras?

 

 

 

Frederic Leighton (British, 1830-1896), Antigona

Início desta página

Giselda Medeiros

 

 

 

14.12.2005