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Fernando Mendes Vianna 

John William Godward (British, 1861-1922), Belleza Pompeiana, detail

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poesia:


Ensaio, crítica, resenha & comentário: 


Fortuna crítica: 


Alguma notícia do autor:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ticiano, Flora

 

Franz Xaver Winterhalter. Yeda

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904) - Phryne before the Areopagus

 

 

 

 

 

Fernando Mendes Vianna


 

Bio-bibliografia

 

Nasceu no Rio de Janeiro em 1933. Poeta e tradutor de poesia. Estreou em 1958 com Marinheiro no Tempo e Construção no Caos (Rio de Janeiro, ed. Simões). Seguiram-se A Chave e a Pedra (Rio de Janeiro: São José, 1960), Proclamação do Barro (Rio de Janeiro: José Álvaro, 1964). O Silfo-Hipogrifo (Rio de Janeiro: José Olympio/ MEC) obteve o Prêmio Literário do INL de 1972 na categoria de inéditos; Embarcado em Seco (Rio de Janeiro: Civilização Brasileira/MEC, 1978); Marinheiro no Tempo: antologia (Brasília: Thesaurus, 1986) – Prêmio Literário Nacional do INL na categoria obra publicada); Ah, Último Paraíso (Zaragoza, 1998); Antologia Pessoal (Brasília: Thesaurus, 2001); A Rosa Anfractuosa (Brasília: Thesaurus, 2004). Traduziu Quevedo e os clássicos espanhóis em geral assim também Victor Hugo. Dentre os poetas brasileiros dos meados da década de 1950, Uma das mais marcantes características da admirável poesia de Fernando Mendes Vianna era a de ser quem melhor preenche a condição de poeta-pensador. Sua poesia filosófica sempre diz do ser, conforme palavras de José Guilherme Merquior. Faleceu no domingo, dia 10/09/2006, em Brasília, onde morava e exercia intensa atividade literária.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fernando Mendes Vianna


 

Iniciação


Teu fígado certo
inundarei de álcool.
Tua unha clara
sujarei de sangue.


No teu ventre puro
plantarei dez árvores.
No teu peito liso
agitarei as águas.


Em teu olhar gramado
cavarei uma vala,
e nesse longo sulco
sepultarei teu príncipe.


Rasgarás tuas sedas
e vestirás teu corpo.
Esquecerás tua mãe,
tua melhor amiga
e a oração ao anjo da guarda.

E me adorarás.

 

 

 

William Bouguereau (French, 1825-1905), João Batista

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Renata Palottini

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Theodore Chasseriau, França, 1853, The Tepidarium

 

 

 

 

Fernando Mendes Vianna


 

O poeta


Porque as flores florem e o flume flui,
e o vento varre a fúria vã das ruas,
eu desenfurno tudo quanto fui
e me corôo com meus sóis e luas.


Porque o vôo das aves é meu vôo,
e a nuvem é alcáçar que não rui,
paro a mó do pensamento onde môo
a vida, e abro no muro que me obstrui


a áurea, ástrea senda, a porta augusta.
Que me importa se a clepsidra corrói
as praças das infâncias em ruínas?


Poemas são meninos e meninas
ao sol do Pai, que tudo reconstrói.
Poeta é flor e flume em terra adusta.

 

 

 

Leonardo da Vinci, Embrião

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Cissa de Oliveira

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poussin, The Exposition of Moses

 

 

 

 

Fernando Mendes Vianna


 

Embarcado em seco


Embarcado,
emborcado
- embarcadiço
cediço no beco -,
no muro viço,
entre muros viço.

Quando seco,
o sol ameaça
abrir-me em túnel
sem saída.
Mas a vida
- ave de aço –
vara o funil.

E continuo
contínuo barco
no verso onde zarpo
e fico ao largo
- embora seco.

 

 

 

Da Vinci, Cabeça de mulher, estudo

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Vidula Sawant

 

 

26.10.2006