Edmundo Fonseca e Bispo

Edmundo Fonseca e Bispo

Rec(l)uso


Poderás desviar o teu,
Olhar falso sem candura,
E pensar no ridículo homem,
Que comprou tua ternura,
De quem deseja só,
Possuir-te sem te amar,
Deixa-me, ser vazio, e pára,
Para o meu canto olhar.


Escolheste quem te deseja,
Ouvir tua estupidez,
Quase extinta pelos teus seios,
De tão cheios por altivez,
Ficas-te a olhar em fúria,
Só porque não te desejei,
Resolve teu problema,
Pois não esqueço quem amei.


Sorris de escárnio, malícia,
Dizendo-me: “Possuída eu fui,
Não por ti, fui pelo o outro,
Quem por mim o desejo flúi”.
E agora? Que queres tu,
De mim, mesmo do mundo,
Não te ama, não te reclama,
Diz ao outro para te ir ao fundo.


E quando mal amada fores,
No teu leito, fecha os olhos,
E inventa dissabores,
Desculpas tens tu aos molhos,
De patada dar a quem,
Cansa de não se amar,
Inventa outros e mais,
Por não me teres para te agradar.


Fútil, vazia e oca,
Do vazio a embaixatriz,
Que de louca tem tão pouca,
Presa em qualquer matriz;
Abre teu ninho ao mundo,
Pois por um dia já basta,
Amar teu corpo junto,
Numa noite e depois se afasta,
Depois de provar teu fundo
Numa noite e depois se afasta

 

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Edmundo Fonseca e Bispo

I am what i am


Nobody belongs to nobody,
And nobody accept this truth,
So deep in blinked sea,
I only belong to me.


Several love sometimes destroy,
Acid words spread in my soul,
And sometimes whom I love avoid,
And submit my entire world.


Forget the sins that I committed,
Those make evolution,
Who has courage enough to say,
I love life again, day by day


Learn to love freedom like air,
A savage runs, pure predator,
I am what I am, nothing else,
Forever. That's why I'm here for.


Live is short like days in winter,
And soon we fall like shining Sun,
One-day body and soul, they'll splinter,
And end all reasons, which made us run.

 

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Edmundo Fonseca e Bispo

Do outro lado


Ouve-se do outro lado,
Uma voz tão doce e meiga,
Que fiquei muito encantado,
Que de mim ela, ‘inda é leiga,
Sobre quem eu sou, também,
Não fixei seu belo rosto,
Talvez um dia além,
Conheça-a talvez eu bem,
Na margem onde o sol é posto.


Carinhosa voz que o gelo,
Derrete só de ouvir,
O sibilar das palavras,
Que tanto me fez rir,
Quem taciturno está,
Deixa, com ela estar,
Até pode ser má,
Não crendo eu pelo falar.

 

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