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Olavo Bilac 

Titian, Venus with Organist and Cupid

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poesia :


Poesia para crianças: 


Ensaio, crítica, resenha & comentário: 


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Olavo Bilac

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Inocência, foto de Marcus Prado

 

Crepúsculo, William Bouguereau (French, 1825-1905)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Alessandro Allori, 1535-1607, Vênus e Cupido

Olavo Bilac


 

Biografia

 

Um dos mais notáveis poetas brasileiros, prosador exímio e orador primoroso, nasceu e morreu no Rio de Janeiro, respectivamente, em 1865 e 1918. Aluno da Faculdade de Medicina até o quinto ano, depois de brilhante concurso que ali fez para interno, e apesar do auspicioso futuro que todos lhe auguravam, desistiu do curso médico para tentar o de direito em São Paulo. Atraído, porém, pela vida fluminense, voltou ao Rio estreando, com grande êxito, na imprensa literária.

A irradiação do seu nome foi rápida, e fulgurou com a publicação de Poesias (incluindo Panóplias, Via Láctea e Sarças de Fogo - 1888). Foi um dos mais ardorosos propagandistas da abolição, ligando-se estreitamente a José do Patrocínio. Em 1900 partiu para a Europa como correspondente da publicação Cidade do Rio. Daí em diante, raro era o ano em que não visitava Paris.

Exerceu vários cargos públicos no estado do Rio de Janeiro e na antiga Guanabara, tendo sido inspetor escolar, secretário do Congresso Panamericano e fundador da Agência Americana. Foi um dos fundadores da Liga da Defesa Nacional (da qual foi secretário geral), tendo lutado pelo serviço militar obrigatório, que considerava uma forma de combate ao analfabetismo. Conferencista de platéias elegantes, sua obra tornou-se leitura obrigatória, sendo declamado nos círculos literários.

Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, na cadeira 15, cujo patrono é Gonçalves Dias.

Considerado o maior nome parnasiano brasileiro, foi bastante influenciado pelos poetas franceses. Suas poesias revelam uma grande emoção, nada típica dos parnasianos, um certo erotismo e influência marcante da poesia portuguesa dos séculos XVI e XVII. A correção da linguagem, o rigor da forma e a espontaneidade são as principais características de seus versos.

Além de Poesias também publicou Crônicas e Novelas, Conferências Literárias, Ironia e Piedade, Bocage, Crítica e Fantasia, e, em colaboração, Contos Pátrios (infantil), Livro de Leitura, Livro de Composição, Através do Brasil (os últimos três, pedagógicos), Teatro Infantil, Terra Fluminense, Pátria Brasileira, Tratado de Versificação, A Defesa Nacional (coleção de discursos), Últimas Conferências e Discursos, Dicionário Analógico (inédito) e Tarde (póstuma, coleção de 99 sonetos).

Seu volume de Poesias Infantis, encomendado pela Livraria Francisco Alves, é uma coleção de 58 poemas metrificados falando sobre a natureza e a virtude. Segundo suas próprias palavras, "era preciso achar assuntos simples, humanos, naturais, que, fugindo da banalidade, não fossem também fatigar o cérebro do pequenino leitor, exigindo dele uma reflexão demorada e profunda".

É autor do Hino à Bandeira Nacional.
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Da Vinci, La Scapigliata, detail

Olavo Bilac



A velhice


 

O neto:

Vovó, por que não tem dentes?

Por que anda rezando só.

E treme, como os doentes

Quando têm febre, vovó?

Por que é branco o seu cabelo?

Por que se apóia a um bordão?

Vovó, porque, como o gelo,

É tão fria a sua mão?

Por que é tão triste o seu rosto?

Tão trêmula a sua voz?

Vovó, qual é seu desgosto?

Por que não ri como nós?

 

A Avó:

Meu neto, que és meu encanto,

Tu acabas de nascer...

E eu, tenho vivido tanto

Que estou farta de viver!

Os anos, que vão passando,

Vão nos matando sem dó:

Só tu consegues, falando,

Dar-me alegria, tu só!

O teu sorriso, criança,

Cai sobre os martírios meus,

Como um clarão de esperança,

Como uma benção de Deus!

 


Olavo Bilac

In: Poesias Infantis

RJ: Francisco Alves, 1929.

   

 

Alessandro Allori, 1535-1607, Vênus e Cupido

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albano Martins

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Caravagio, Tentação de São Tomé, detalhe

Olavo Bilac


 

Ao coração que sofre


Ao coração que sofre, separado
Do teu, no exílio em que a chorar me vejo,
Não basta o afeto simples e sagrado
Com que das desventuras me protejo.

Não me basta saber que sou amado,
Nem só desejo o teu amor: desejo
Ter nos braços teu corpo delicado,
Ter na boca a doçura de teu beijo.

E as justas ambições que me consomem
Não me envergonham: pois maior baixeza
Não há que a terra pelo céu trocar;

E mais eleva o coração de um homem
Ser de homem sempre e, na maior pureza,
Ficar na terra e humanamente amar.

 

   

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), The Grief of the Pasha

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Rubens Ricupero

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Franz Xaver Winterhalter. Portrait of Mme. Rimsky-Korsakova, detail

Olavo Bilac



"Benedicite"


Bendito o que na terra o fogo fez, e o teto
E o que uniu à charrua o boi paciente e amigo;
E o que encontrou a enxada; e o que do chão abjeto,
Fez aos beijos do sol, o oiro brotar, do trigo;

E o que o ferro forjou; e o piedoso arquiteto
Que ideou, depois do berço e do lar, o jazigo;
E o que os fios urdiu e o que achou o alfabeto;
E o que deu uma esmola ao primeiro mendigo;

E o que soltou ao mar a quilha, e ao vento o pano,
E o que inventou o canto e o que criou a lira,
E o que domou o raio e o que alçou o aeroplano...

Mas bendito entre os mais o que no dó profundo,
Descobriu a Esperança, a divina mentira,
Dando ao homem o dom de suportar o mundo!


 

   

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), Slave market

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Ascendino Leite

 

 

 

 

 

 

 

 

Olavo Bilac



A um poeta



Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha e teima, e lima , e sofre, e sua!

Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço: e trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua
Rica mas sóbria, como um templo grego

Não se mostre na fábrica o suplicio
Do mestre. E natural, o efeito agrade
Sem lembrar os andaimes do edifício:

Porque a Beleza, gêmea da Verdade
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.
Olavo Bilac



Remetido por Antônio Fernandes Neto
toniafeto@hotmail.com


 

   

 

Allan Banks, USA, Hanna

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Rosane Villela

 

 

 

20/10/2005