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            Álvares de Azevedo 
   Na minha terra
            
 
 
                                                     
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            Laisse-toi donc aimer! Oh! l'amour c'est la vie.C'est tout ce qu'on regrette et tout ce qu'on envie,
 Quand on voit sa jeunesse au couchant décliner.
 
 
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 La 
            beauté c'est le front, l'amour c'est la couronne,Laisse-toi couronner!
 V. HUGO.
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 I
 
 Amo o vento da noite sussurrante
 A tremer nos pinheiros
 E a cantiga do pobre caminhante
 No rancho dos tropeiros;
 
 E os monótonos sons de uma viola
 No tardio verão,
 E a estrada que além se desenrola
 No véu da escuridão;
 
 A restinga d'areia onde rebenta
 O oceano a bramir,
 Onde a lua na praia macilenta
 Vem pálida luzir;
 
 E a névoa e flores e o doce ar cheiroso
 Do amanhecer na serra,
 E o céu azul e o manto nebuloso
 Do céu de minha terra;
 
 E o longo vale de florinhas cheio
 E a névoa que desceu,
 Como véu de donzela em branco seio,
 As estrelas do céu.
 
   II
 
 Não é mais bela, não, a argêntea praia
 Que beija o mar do sul,
 Onde eterno perfume a flor desmaia
 E o céu é sempre azul;
 
 Onde os serros fantásticos roxeiam
 Nas tardes de verão
 E os suspiros nos lábios incendeiam
 E pulsa o coração!
 
 Sonho da vida que doirou e azula
 A fada dos amores,
 Onde a mangueira ao vento tremula
 Sacode as brancas flores,
 
 E é saudoso viver nessa dormência
 Do lânguido sentir,
 Nos enganos suaves da existência
 Sentindo-se dormir;
 
 (...)
 
   III
 
 Quando o gênio da noite vaporosa
 Pela encosta bravia
 Na laranjeira em flor toda orvalhosa
 De aroma se inebria,
 
 No luar junto à sombra recendente
 De um arvoredo em flor,
 Que saudades e amor que influi na mente
 Da montanha o frescor!
 
 E quando à noite no luar saudoso
 Minha pálida amante
 Ergue seus olhos úmidos de gozo,
 E o lábio palpitante...
 
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