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Contra: Gervásio de Paula
A favor: A equipe editorial
Descendo a lenha em ambos: Soares Feitosa
Tréplica de Gervásio
A colher do leitor
Editor diz que é fim do blá-blá-bá


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Xilo, uma revista às velhas elites 
Gervásio de Paula
Especial para o Vida & Arte
Jornal O Povo, 21.9.1999


O jornalista Gervásio de Paula comenta a primeira edição da revista de cultura Xilo, lançada na última semana pela Editora Inside.

       Lançada, recentemente, em Fortaleza, mais uma revista elitista, com recursos da gente brasileira, sob o selo financeiro dos Ministérios da Cultura e da Indústria e Comércio, com o sugestivo nome de Xilo, embora seus responsáveis prefiram chamá-la de produto. Muita matéria digna de ser lida e guardada para consultas, como, por exemplo, a da xilogravura, a do escritor Antônio Torres e do autor José Dumont. É mais uma cria da Editora Inside. esta editora tira, inclusive, a revista Inside que não passa de um sofisticado impresso personalizado de propaganda que expõe remanescentes da falida aristocracia cearense. Poderia até chamar-se de Xiloma.

       A Xilo - pelo que se atribui de seu ``luxuoso elenco de colaboradores'' - não tem a intenção de seguir as pegajosas passadas da Inside.

       Inicia-se com um cochilo de diagramação, o que é muito natural, se não se propusesse a ser do mais elevado padrão gráfico. Logo no início, o tijolão, na segunda página da Carta do editor, começa em duas colunas (linguagem gráfica) impresnsando uma foto dos três ``cardeais'' que constam no expediente como diretor e editores, para em seguida as linhas se desalinharem abaixo da foto.

       Sabe-se que os recursos selados financeiramente, pelo MEC e MIC foram liberados, para Xilo, apoiado na Lei de Incentivos à Cultura - para posterior abatimento ou Imposto de Renda, para quem investir, como explicita a própria Carta do Editor.

       Na noite do lançamento, no Centro Dragão do Mar, correu a feliz notícia de que os recursos já embolsados pela Inside já garantem oito edições do produto. Até api, chuchu beleza. Se esse dinheiro ficar por aqui mesmo, entre nós pobres plebeus cearenses, não se tornando voláteis para fugir para a Europa ou para Miami, levando-se em consideração que a Carta do Editor reconhece ser difícil a distribuição de Xilo - se não circula não existe - em razão dos cartéis nesse indispensável sistema de sobrevivência para um jornal ou uma revista. Ou Xilo não objetiva lucro?

       Mas, o que deve ter horrorizado ao leitor mais atento, foi o coice dado - mesmo através da Carta do Editor - aos apelos regionais, ao contrário da instigante e coincidente advertência de Cristiano Câmara, em sua entrevista, criticando o colonialismo destruidor das raízes regionais e até mesmo do bairrismo dos povos subdesenvolvidos. Esse recado do Editor não foi muito subliminar, por coincidir com a palavra de ordem de banqueiros e empresários comprometidos com a política de globalização excludente do grande número de trabalhadores, principalmente de artistas existentes em nossa região.

       Destaca Xilo que não cederá apelos regionais, bairrismo ou qualquer outras formas de redução espiritual ou espacial da criação artística. A cada número buscará, de forma insenta e determinada, dar evidência à produção de qualidade, quer seus agentes se encontrem no âmbito local, nacional ou internacional. E ameaça; ``Porque entendemos que a geografia nunca foi critério estético para se avaliar uma obra artística, muito menos categoria filosófica, capaz de medir a validade de uma reflexão cultural, social, política ou científica''.

       "Pelo visto, os povos indígenas terão um novo inimigo em Xilo, para negar os seus costumes, as suas crenças, a sua tecnologia e as suas experiências adquiridas em seu habitat''. Se a geografia nada representa na avaliação do comportamento e das manifestações criativas do ser humano, por que tanto os povos lutam pelos seus locais de origem de onde foram grilados pelos especuladores? Coitados dos filhos de nossos pescadores e das nossas rendeiras, das crianças de trabalhadores, se Xilo vingar, dentro dessa linha política editorial, de passar a sua pedagogia mistificadora às camadas formadoras de opinião.

       Essa visão criminosamente globalizante não pode receber apoio financeiro, recursos saídos dos impostos pagos compulsoriamente pela sociedade, sem uma resistência das pessoas vitimadas, permanentemente, por esta política de mercado, onde até a alma humana é produto vendável - inclusive a cultura - quando a grande maioria da população brasileira não tem o que comer, muito menos R$ 3,00 (preço da Xilo) para comprar feijão e arroz para sua, quase sempre, numerosa família.

       Depois de anunciar o veto dos ``apelos regionalistas'', o Editor lamenta-se de que ``o futuro de informação no Brasil é unilateral, uma rua de mão única'', embora admita acreditar no fluxo de mão dupla da informação na estratégia de Xilo.

       No entanto, mesmo fechando uma rua e desejando a abertura de mão dupla para sua viagem em busca do Deus mercado, deixa subentendido - tudo isso na Carta do Editor - que o produto não está disposto a permitir qualquer debate contra o colonialismo cultural nas suas páginas. É, mesmo sugerindo-se hegemônica o assunto, esbugalha-se. ``não abrigará hegemonias culturais ou artísticas de ordem alguma, evitando tornar-se campo de batalha ou asilo de desesperados''.

       Com muita humildade, o teatrólogo Antonio Artaud - nascido a 4 de setembro de 1896, em Marselha, um dos mais marcantes e inovadores criadores do nosso século - ensina que ``mais urgente não me parece tanto defender uma cultura cuja existência nunca salvou uma pessoa de ter fome e da preocupação de viver melhor, quanto extrair, daquilo que se chama cultura, idéias cuja força viva é idêntica à da fome. Todas as nossas idéias sobre a vida têm de ser revistas numa época em que nada mais adere à vida. E esta penosa cisão é motivo para as coisas se vingarem, a poesia que não está mais em nós e que não conseguimos encontrar mais nas coisas reaparece, de repente, pelo lado mau das coisas, e nunca se viu tantos crimes, cuja gratuita estranheza só se explica por nossa impotência em possuir a vida. Se o teatro existe para permitir que o recalcado viva, uma espécie de atroz poesia expressa-se através de atos estranhos onde as alterações do fato de viver mostram que a intensidade da vida está intacta e que bastaria dirigí-la melhor".



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Em resposta à carta de um fã
Luis Sérgio Santos,
Floriano Martins
e Adriano Espíndola
Editores da revista Xilo.
in jornal O Povo, 22.9.1999


Os editores da revista de cultura Xilo respondem às críticas do jornalista Gervásio de Paula, publicadas na edição de ontem do Vida & Arte.

O comentário publicado ontem neste jornal O POVO é maldoso, e expressa unicamente uma ortodoxia de pensamento que é, no caso do autor, um ato meramente retórico. À falta de argumentos contra o projeto da revista Xilo, o autor parte para suposições medíocres; bem ao seu nível e ao seu estilo. Trata a revista como um projeto burguês, mas não abre mão de sinecuras no serviço público. Xilo é um projeto editorial, sim, um produto inserido no mercado, sem dúvida.

A revista foi aprovada pela Lei de Incentivo à Cultura, do Ministério da Cultura, após um penoso processo. Não é fácil, como pensa o autor, fazer algo de qualidade fora dos centros hegemônicos. Fazer e distribuir. No caso do autor, que nunca fez, é mais fácil destruir. Ou tentar destruir. Não nos é confortável polemizar com Gervásio de Paula; ou com os raros neurônios que, a duras penas, sobreviveram em seu precário intelecto. O desconforto vem do caso de que Gervásio é um homem de poucas palavras, habituado a ganhar a vida produzindo frases de efeito, slogans, imaginando tratar-se de jornalismo; como também o consideram jornalistas ``diplomados'' na fronteira com o Piauí.

No que diz respeito a uma leitura do projeto editorial da revista, inúmeros são os equívocos alinhados por ele. Em primeiro lugar, quando opõe o que chamamos de ``apelo regionalista'' à nossa abordagem de que ``o fluxo'' de informação no Brasil é unilateral''. Não há antagonismo de forma alguma, até porque não se trata de duas situações, mas sim de uma só. Não somente a informação, mas antes quem a rege, a economia, é calcada em um apelo regionalista. Qualquer visão crítica minimamente amparada na história pode compreender isto. Desta maneira, Xilo propõe desviciar um mercado deformante, onde a obra de arte em si tem visivelmente importância menor. E creio que o fazemos muito bem, basta que o leitor trate de observar a variada origem dos textos inseridos neste primeiro número. Não estamos, portanto, como faz crer levianamente nosso detrator, seguindo as trilhas dessa via de mão única.

Outro aspecto confuso de seu ralo argumento é o de embaralhar obra artística, crenças e costumes. Evidentemente que a cultura, sob tais circunstâncias, encontra na geografia um fator preponderante, o que não ocorre no caso da obra de arte. Insistimos no que nos parece óbvio, o fato de que a criação artística não se restringe, em sua avaliação, a componentes raciais, ideológicos ou espaciais.

De resto, as insinuações maldosas de Gervásio de Paula sobre a revista Inside Brasil vêm contaminadas de inveja, esse vírus destrutivo tão bem retratado por Zuenir Ventura, em um livro seu. O autor mostra desconhecimento e preconceito contra o projeto estratégico da revista; Inside Brasil, como Xilo, é um projeto nacional. É difícil fazer entender isso para uma mente do tamanho de um caroço de azeitona, que trata globalização como um câncer, sem no entanto dar-se ao trabalho de produzir nenhum argumento para demonstrá-lo. É da índole do autor sair jogando excrementos para todos os lados: ``contra a burguesia'', grita, perdido no tempo e no espaço. Contudo, recorre a um jornal ``burguês'' para fazer imprimir sua crítica.

A Miami por ele xingada é a mesma que abriga os exilados de Fidel Castro; que ele elogia, uma cidade tipicamente cubana, com prefeito cubano, com um ídolo cubano de dimensão internacional, como Gloria Estefan. É, nosso comunistazinho congelou no tempo. Desconhece que o processo de captação de recursos para produzir Xilo é penoso, lento e marcado pelo fato de que os grandes, no Nordeste, estão isentos de pagamento de imposto de renda, na dedução do qual se baseia a chamada Lei Rouanet. Para aprovarmos o projeto de Xilo, tivemos que comprovar competência técnica e capacidade de realização. Para isso, a revista Inside Brasil, que já circula há mais de dois anos, foi fundamental.

O que poderia haver de interessante na crítica de Gervásio, se não se limitasse a torpe virulência, seria sua busca efetiva de um diálogo, o que é raro para aqueles que ainda não aprenderam a difícil arte da convivência. Contudo, é impossível diálogo sem substância, sem argumentação desprovida de qualquer forma de preconceito. Suas palavras estão carregadas de uma ira absolutamente retrógrada, sequer sugerindo capacidade crítica de enveredar pelo que certamente despertaria maior atenção no leitor, ou seja, uma discussão sobre os textos que recolhe a revista, a maneira digna como tratamos os autores convidados e sobretudo a importância de estarmos ressaltando autores que habitualmente não encontrariam abrigo em outros veículos.

Ao invés de limitar-se a dizer que a revista possui ``muita matéria digna de ser lida e guardada'', melhor caberia ao enfadonho crítico se ao menos pudesse exemplificar em quais páginas da revista se aplicam suas idéias preconcebidas de regionalismo, colonialismo e outras bazófias hipertensas. Gostaríamos muito que se tratasse de uma crítica, não necessariamente elogiosa, em que se pudesse aprofundar circunstâncias editoriais e culturais. Ao contrário, bem ao contrário, o leitor teve apenas um disparo a esmo, oriundo de alguma ira recalcada. Ou, quando muito, o que importa ainda menos, o insulto de um velho comunista cansado de guerra.

Luís-Sérgio Santos, Adriano Espínola e Floriano Martins são editores da Xilo: Revista de Cultura e Mídia
 



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Cacete em ambos 
Soares Feitosa






Nota do JP:

          Cada vez mais, dou razão ao Ivan Junqueira quando diz que os poetas (cearenses) se odeiam; e ao Carlos Graieb — matéria de Veja — quando ele disserta sobre as tribos inamistosas, [todos uns neo-bobos] — desculpem, neo-conservadores, neo-concretos e neo-anarquistas. Parece que somos mesmo. Bobos.

          Pois agora, mal saiu a Xilo, e o poeta Gervásio de Paulo cai de pau em cima da revista. E, como esta página é mesmo de fofocas, temos aqui a fala de Gervásio e a contra-fala, com não menos veneno, da equipe Xilo. Tremei!

Caro Gervásio:

          Gervásio, desculpe a brincadeira do título de chamada desta matéria: [Xilo, mal saiu a revista, e a "mundiça" desce a lenha]. Foi a imagem que me ocorreu quando li o seu artigo: a caravana, ilustre, lépida e fagueira, e cá nós outros — eu incluso! — provincianos, a "mundiça", cheios de inveja... e lisos. 

          Acho que você nem se lembra de mim, e com razão: 1962, 38 anos passados, você, bem jovenzinho, começava sua carreira de jornalista na velha Gazeta de Noticias, sob o grande Tarcísio Holanda, nosso chefe e que chefe! — amigo, ele, Tarcísio. À mesma época, eu saía para outras aventuras. Nunca reencontrei a você pessoalmente. Ao César Coelho, do nosso mesmo tempo, sim, de quem fui companheiro de grandes papos literários em dias recentes. Temos em comum, eu e você, o próprio César Coelho, o Edmundo Maia, o Nelson Lessa, o Durval Ayres, o Juarez Barroso e ela também, a nossa velha Gazenta de Noticias — esta lista, os nossos mortos. 

          Depois deste introductório, me dê licença, que eu vou aproveitar para lhe descer a ripa, com direito a um latinório e com todo o respeito — permissa venia, porque seu texto está, meu caro Gervásio, completamente eivado, dois pontos:

          1 - Elites falidas: acho que você endoidou, como diz aqui o meu neto, mestre Luquinha, "O vô endoidou" — 4 anos, uma graça, ele. Não há elites falidas, Gervásio. Exceptuados uns poucos realmente quebrados — [o ex-senador José Afonso Sancho, de cuja amizade muito me orgulho, dos mesmos tempos da velha GN, ali na outra esquina, Clarindo de Queiroz com 24 de Maio, era a Tribuna do Ceará, [e a Cooperativa dele, lá na Floriano Peixoto, 314, onde todos nós nos dependurávamos]; e que um dia destes, no Theatro José de Alencar, numa dessas programações de louvações gerais, anunciavam um nome empresarial, o velho teatro só faltava vir abaixo, de tantas as palmas, e, na hora do nome dele, Sancho, ensaiou-se aquele sepulcral, por mim rompido, que meti uma mão na outra e as palmas se fizeram, tímidas inicialmente; depois arrependidas e envergonhadas; e, finalmente, calorosas; o véio emocionou-se, lá nele; e eu disse cá a estes meus botões: "ah, mundim filho da puta!" — pois tirante uns 4 gatos pingados, as elites não estão falidas. Nem vão falir. 

          O povo, sim,é que sempre esteve falido, e nem bote a culpa em FHC, porque é uma falência muito crônica. Aliás, o nome não é bem este, falido; é outro, da mesma estirpe e rima, dizem-no que com ph, eu e você!

          2 - Não sei onde você leu que uma revista para ser ótima tem que ser tematicamente local. Por isto, se os Xilos querem escrever sobre J. J. Rousseau e Mondrian, qual é o problema? Tem gente que detesta o Patativa, e não quer mínima conversa com o Cego Alderado. E estão no direito deles. Da mesma forma, meu caro GP, uma revista sobre o Luis Gonzaga, sobre a feira de Caruaru, sobre sapos e cururus pode muito bem ser uma revista ótima ... a depender de quem a escreve. O mote não faz a poesia; nem o monge se faz pelo hábito.

          3 - Por que chamar xiloma? Gervásio, lá no nosso sertão, fronteira pioziera — de que muito me orgulho — não se pronunca o nome dessa doença, e quando a gente tem que pronunciar, é sempre sob uma rapidissima benzedura, um gesto às ondas do mar-salgado, e mais expressão "lá nele"?  Por que, Gevásio, a Xilo haveria de ser um câncer? Que meu padrim São Francisco do Canindé nos defenda de um, a mim e você. Ao Xilos também. Os Xilos responderam sem compostura, mas você inagurou a baixaria.

          4 - Concluo, malevolamente, que quando você propugna que os recursos da lei Rouanet sejam aprovados somente para publicações do seu [de Gervásio], agrado, está pregando a mais repugnante censura prévia. Por que, Gervásio, tem que ter um censor no Ministério da Cultura: "este sim, este não?" Gervário, detestei o que você escreveu, mas estou do seu lado, na defesa do seu direito de escrever — ainda que você uma dia venha a escrever com isenção e incentivo do Imposto de Renda! E por que não? Ah, Gervásio, estou quase o convidando para uma Revista! 
 
 

Soares Feitosa, 
da reportagem GN, 
como se, 
in illo tempore.


Caros Xilos:

          Pelo que tenho escutado, a revista está um brinco. Só tenho que me alegrar com o sucesso editorial, seu, meu caro Luiz Sérgio, uma boa amizade, a sua; devo-a ao Roberto Viana, aquele intelectual verdadeiro, dos tempos do poema Siarah, [lamentável, entrou na perna do pato, saiu na perna do pinto, o poema, e senhor rei mandou dizer que mandasse mais 5]. Sei que você se esforçou e muito: devo-lhe. 

          E também ao nosso poeta Espinola, que me foi de grande generosidade escrevendo sobre o filho de véia minha mãe. Sobre o Adriano Espínola, poeta, escrevi um texto alto, os Poemas da Besta, em que o coloco lado a lado com Pessoa. E, finalmente, ao Floriano Martins de quem nunca recebi uma linha, sequer um convite enterro, mas não seja por isto: sucesso! 

          Agora, meus caros Xilos, tenho que lhes dizer, respeitosamente, que vocês foram de uma infelicidade extrema no contra-veneno ao Gervásio. Caroço de azeitona é aqui, ó, e faço o gesto, duplo, direita e esquerda, às virilhas! Melhor um palavrão contra a mãe. Chulearam!

          Jornalista da fronteira do Piauí — por quê? O que têm esses Xilos contra a fronteira? Logo a do Piauí, coitadim do meu boím pedurim!; seria a de Pernambuco, os neerds, lá, mais chic? [Atenção, Genuino Sales, os Xilos parece que detestam a fronteira do nosso Pioí ]. Sou de lá, um lugar belíssimo... quando chove. Gervásio, não sabia que você era de lá, como é que nunca comemoramos?
 

        Gervásio, Xilos, Pioí e piozeiros [mesmo os da fronteira],
        disponham, inteiramente do JP 
        e deste criado de vocês, da fronteira!
                                 Soares Feitosa 


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Tréplica 
Gervásio de Paula
Especial para o Vida & Arte
Jornal O Povo, 24.9.1999

De todo esterco nasce uma rosa

 Gervásio de Paula
Especial para o Vida & Arte

 Rebatendo as ofensas pessoais assinadas pelos editores da revista Xilo, o jornalista Gervásio de Paula reitera sua crítica inicial, questionando a linha editorial da revista e as benesses governamentais que a colocaram no circuito.

Esta semana fiz críticas à revista Xilo, recém-lançada em Fortaleza, estranhando a inexistência de um projeto editorial concreto. Não citei uma só vez os nomes de seu conselho editorial, analisei apenas a nebulosa Carta do Editor. Mas houve reação, com pretensas ofensas pessoais da parte de sua direção. Isso é muito natural. Qualquer um tem o direito de espernear. Como fui citado várias vezes no artigo de resposta, considero-me com direito de defender-me, prometendo encerrar o assunto em respeito aos leitores do O POVO, e pelo cuidado que tenho de não confundir preservação de caráter com ânsia de subir degraus na efêmera escala social até à missa de sétimo dia.

Na convulsão psicológica do diretor-geral Luís Sérgio Santos, o principal responsável da Xilo, em resposta às críticas que fizera à sofismática proposta do projeto editorial do produto - como fazem questão de chamar a Xilo - evidenciou-se, com nítida claridade, o dilema de uma consciência humana morbidamente ferida diante de si e do espelho matinal.

Chegou a insinuar que usufruo de sinecura, o que não corresponde à verdade. Porquanto, todo salário que recebo é por trabalhos em assessoria de imprensa, através de serviços prestados, na ocasião em que o texto é necessário, mesmo para o serviço público, a exemplo do que fazem muitos companheiros jornalistas que sobrevivem honestamente, sem precisar recorrer à negociação de manchetes, para ganhar substanciosas somas extras. Mas esse assunto é outro, que pode ficar para outra oportunidade, se necessário.

O diretor-geral não tendo, isso sim, argumento para justificar o sofismático projeto de edição de uma revista financiada com recursos públicos, que ele mesmo reconhece não saber como colocar em circulação, dada à inexistência de sistema de distribuição nacional - os existentes são dominados por cartéis - acusa o crítico de medíocre com tanta ênfase, como se estivesse exercitando, com a sua reconhecida maestria, a arte da bajulação. Mas, quem não é ``medíocre'', diante de tanta genialidade no exercício da bajulação moderna? Quem, no entanto, não está exposto à mediocridade, diante de tanta xenofilia?

Assumo a minha modesta ortodoxia, se ela me vale a defesa da utilização de recursos públicos na produção de uma publicação que tire maior proveito da riqueza regional, ao invés de defender uma postura ``globalizante'', como fala a Carta do Editor. Não me oponho à existência de publicação cultural cearense. Pelo contrário, talentos nos sobram para tanto. É exatamente o que defendo: que se tire proveito, para reforçar ainda mais o que temos de mais valoroso, ao invés de tentarmos nos adequar a um modelo imposto.

Não é o repórter de poucos neurônios, como diz o editor geral de Xilo, que o deixa sem conforto. Mas as dúvidas que levanto dessa estratégia que ninguém conhece e muito menos é capaz de avaliar até quantas edições e quantos números da revista serão impressos, para justificar o emprego dos recursos recebidos da sociedade, através do MEC e do MIC (Ministério da Indústria e Comércio), considerando-se a falta de distribuição regular para garantir um endeusado mercado consumidor. Para sobreviver, vai ter de sangrar ainda mais os órgãos públicos, através de pacotes de assinaturas, compra de remessas por edição ou matérias institucionais pagas, dos Estados, dos Municípios ou da União. Sem chegarem às bancas, na sua essência, os conhecimentos que toda pretensa revista de cultura deve difundir junto às camadas mais carentes de informações. Pelo menos aos formadores de opinião, em particular os universos de secundaristas e de universitários nacionais.

A resposta do ``gênio de Xiloma'', com todo o seu cabedal enciclopédico - desconhece de tudo um pouco - é ignorar que a criação artística não se restringe, em sua avaliação, a componentes raciais, ideológicos ou espaciais. Como pode o ``negrinho'', por exemplo, citado da fábula da Carta do Editor, avaliar ou desenvolver as suas potencialidades artísticas sem a forte influência do ambiente em que sobrevive, em que sofre ou em que sofreu preconceitos e segregações? Quem desconhece - a não ser Xiloma - que as elites dominantes, a Igreja ortodoxa e outras instituições, desenhistas das linhas ideológicas da educação, numa sociedade como a nossa, são as que traçam os caminhos do pensamento de uma ou várias categorias sociais?

Finalmente, o ``gênio...'', num escorrego de triunfante burrice, concorda com a mediocridade do crítico - pedindo-me emprestado, ainda que inconscientemente, o meu caroço de azeitona mental, para ocupar o vácuo de seu cérebro - reconhecendo, ao contrário do que dissera na Carta do Editor, que ``a cultura sob tais circunstâncias, encontra na geografia um fator preponderante''.

Outro escorrego que Xiloma levou, talvez de propósito, foi dizer que o crítico é ``um homem de poucas palavras, habituado a ganhar a vida produzindo frases de efeito, slogans, imaginando tratar-se de jornalismo. Como também o consideram jornalista, os `diplomados' na fronteira com o Piauí''. Essas qualidades todas, esses frutos de riqueza de espírito vistos pelo ``gênio...'' é muito natural em quem trabalha em silêncio. Só os identificamos nos bons publicitários ou nos experientes marqueteiros, a quem, aliás, a Carta do Editor revela ter ido se apoiar para dar à revista o nome de Xilo. Quanto a Xiloma chamar de jornalistas ``diplomados'' na fronteira do Piauí, é mais uma evidente e vergonhosa demonstração de preconceito regional.

Já a patriótica e ufanística defesa do editor-geral, a Miami - reduto de traidores da pátria, um deles da generosa confiança do povo brasileiro - dispensa comentários. Isso fortaleceu a idéia que continuo a ter do projeto de Xilo. Até explicações detalhadas são indispensáveis, por que os leitores não são tão ``burros'' assim, como o crítico, na visão de Xilo. Por isso, também, enxergamos longe...

O restante do conteúdo da catilinária do ``gênio da lâmpada de Xiloma'' não inspira qualquer respeito para justificar uma observação. No entanto, como de quase todo esterco nasce uma rosa, chamou-me a atenção um refrão que muito me comoveu, quando fui chamado de ``um velho comunista cansado de guerra''. Avaliem se o velho comunista não estivesse tão cansado de guerra, para suportar, aqui e ali, umas covas de feras, sempre dispostas a morder o calcanhar de alguém?

Gervásio de Paula é jornalista



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A colher  do leitor






Claudio Jorge Willer* 
cjwiller@uol.com.br

        Esse Gervásio é um idiota — cita Artaud de modo indevido para argumentar que o quanto mais provinciano, tanto melhor. Se ele concorda com as idéias do Artaud, pq não põe em prática, em vez de escrever artiguetes na imprensa? 

        Que anta! Quanto a grana de órgãos públicos para revistas culturais, por acaso no meu artigo na Xilo tem umas observações a respeito. Leia. Devia ter também para sites literários, a meu ver. Para tudo que alfabetize. Mais informações literárias, menos gervásios. Quer dizer que o espécime ainda por cima é funcionário público? Que cara de pau! Sobre provincianismo, havia, em 1980, por aí, um dirigente de entidade de escritores do Amazonas que ia a encontros de escritores para sustentar a tese de que deviam eliminar/proibir o ensino do inglês nas escolas como forma de defender nossa cultura. Não é o que o Gervásio diz, mas me parece algo por aí, próximo. 

        Prossiga o bom trabalho, SF. Um abraço, Willer
 

* Claudio Willer publicou
Os Escritos de Antonin Artaud, L&PM, 1983,



Nilze Costa e Silva

Não toque na Xilos

in O Povo,
29.9.1999


          A Revista Xilos ficou pronta, está nas bancas para ser lida e apreciada. Mas atenção. Leiam... mas só elogiem. Qualquer crítica que não seja elogiosa será rechaçada, destemperadamente, pelos editores. Pois assim aconteceu com o  jornalista Gervásio de Paula, que ousou criticar o projeto Xilos e foi atacado de modo grosseiro, sarcástico e a nível pessoal, inclusive por um de seus colegas de profissão. Limitar a crítica com as rédeas da intolerância e da agressão  pessoal não me parece um bom começo para a condução de uma revista que se propõe a "desviciar um mercado deformante". Já chegando com o nariz empinado, corre o risco de repetir antigas fórmulas para ingressar no rol dos  meros objetos de consumo do mercado editorial. Se cada crítico da revista for  tratado como medíocre, porque supostamente tem "a mente do tamanho do  caroço de uma azeitona", retrógrado, pois só fala "bazófias hipertensas" e tudo que fala não passar de "torpe virulência", vai ser necessário que os editores preparem um dicionário de impropérios, como armas fulminantes anticríticas. 

        Admite-se que os editores esclareçam, aos mais desavisados, sobre o que foi exposto no artigo de Gervásio de Paula, tirando dúvidas, acrescentando informações. Mas custa-nos entender os questionamentos raivosos, os ataques pessoais à honra e à integridade de um conceituado jornalista. Talvez até que esta polêmica venha a dar bem mais visibilidade à Xilos e que desperte no leitor a curiosidade de lê-la. Confesso-me mesmo curiosa, pois ainda não a li. E  torço para que tenha sucesso, que não se restrinja aos ambientes refinados e luxuosos, deformando, triturando ou transfigurando a nossa realidade, anestesiando mentes. Que se abra ao debate e que não se coloque como um  projeto acabado, incólume ao intercâmbio social. Que tenha trânsito livre e cumpra o projeto de criar um espaço interativo entre o leitor e os eleitos que por lá desenvolvem sua natureza artística. Finalmente, que respeite os profissionais ou leitores que se dispõem a colocar a nu seu pensamento livre acerca de qualquer produção artístico-literária produzida pela revista.






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Fim do blá-blá-blá

Xilo porque qui-lo

LUÍS SÉRGIO SANTOS
Especial para o Vida & Arte,
jornal O Povo, 27.9.1999
 Blá-blá-blá a parte o Vida & Arte encerra a polêmica em torno da crítica sobre a revista Xilo .

Vamos a um rápido ``para entender o caso''. No dia 15 de setembro, lançamos a revista Xilo, de cultura e mídia, numa concorrida noite na Livraria Ao Livro Técnico, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, em Fortaleza. Antes, no dia 3 de setembro, a revista foi lançada no Rio de Janeiro, na Livraria da Travessa, em Ipanema, também com grande sucesso. Xilo tem um total de 100 páginas, das quais 90% editoriais e, dentro dessas, ensaios, entrevistas, contos, poemas e uma extensa mesa-redonda sobre a Xilogravura no Brasil (Ceará) e na Costa Rica. A revista é toda em policromia, papel couchê liso, acabamento lombada; ao estilo de um livro; e custa R$ 3,00, um preço bem inferior a outras, no seu nicho editorial. Xilo, com circulação nacional, tem um conselho editorial formado por Antônio Carlos Secchin (Rio de Janeiro), Carlos Nejar (Espírito Santo), Cláudio Willer (São Paulo), Eduardo Portella (Rio de Janeiro), Hélio Rola (Ceará), Iaponan Soares (Santa Catarina), Ítalo Gurgel (Ceará), Ivan Junqueira (Rio de Janeiro), José Alcides Pinto (Ceará), José Mário Pereira (Rio de Janeiro), Reynaldo Damázio (São Paulo), Teixeira Coelho (São Paulo). Os editores são os escritores e críticos literários Floriano Martins e Adriano Espínola com os quais tenho uma interlocução contínua e crítica.

Para que o leitor entenda como é produzida a revista. Funcionamos no mesmo espaço físico da revista co-irmã, Inside Brasil. Minha relação com os editores começa com a discussão da pauta, planejamento e calendário de produção de cada edição. A partir daí, numa gestão descentralizada, os editores coordenam e mediatizam toda a relação com os colaboradores e eventuais free-lancers, tendo total autonomia sobre o que vai ser publicado ou não. É assim que funciona. 

O projeto editorial da Xilo foi encaminhado ao Ministério da Cultura em novembro de 1998. Para aprová-lo, a comissão editorial do Minc nos exigiu uma maratona de demonstrações técnicas, capacidade de realização e um rigoroso planejamento do investimento. Seis meses depois, após uma série de reuniões em Brasília, o projeto foi aprovado. Tínhamos, assim, o primeiro projeto editorial de uma revista de cultura fora do Sudeste, considerando que apenas Bravo! (São Paulo) , Cult (Rio de Janeiro), Marketing Cultural (São Paulo) e Palavra (Belo Horizonte) levam o selo da chamada Lei Rounet.

E como funciona a Lei? Depois de aprovado o projeto e publicado no Diário Oficial da União, a Editora Inside Brasil é autorizada; por seu próprio risco; a captar recursos no mercado, mas só junto às empresas que têm imposto de renda a pagar. Elas, se quiserem, podem doar até 4% do imposto de renda devido. Esse percentual é, então, encaminhado ao projeto da Lei Rouanet e as empresas patrocinadoras podem deduzir do imposto de renda até 30% do valor doado. O que o Ministério da Cultura faz é dar status de ``produto cultural'' ao projeto apresentado. O dinheiro vem das empresas e, muitas delas, se recusam a colaborar. Só para se ter uma idéia dessa dificuldade, muitos editores não conseguem captar toda a verba autorizada. Grandes marcas e empresas do Brasil estão fora do perfil de contribuintes, porque são empresas incentivadas e, por isso, isentas de IR. No caso do Nordeste, o índice de empresas isentas é muito alto, daí que o grande financiador continua sendo o Sudeste. Isso nos ajuda a entender porque a maioria dos projetos culturais só sobrevive no Sudeste; uma realidade que reforça as desigualdades regionais e já preocupa o ministro Francisco Weffort, da Cultura, como ele próprio deixa transparecer em noticiário na imprensa.

As explicações acima são necessárias porque ontem, neste mesmo Vida & Arte, o Sr. Gervásio de Paula deu sequência à série de sandices, inciada por ele, na última terça-feira, contra o projeto da revista Xilo que ele chama de ``Xiloma''. O enfadonho autor, assegura, num texto medíocre, que Xilo nasce oficial, financiada com recursos públicos. Prefere tentar transformar sua desinformação numa verdade; bem ao seu estilo, irresponsável. Nunca absorveu a cultura das redações, de checar uma informação ad nauseum. Para Gervásio de Paula, Xilo é apenas uma ``pretensa revista de cultura''.

No artigo da última sexta-feira (24), nosso ``crítico cultural'' chega, finalmente, onde queria. Atingir a mim. Para isso, cita repetidamente a ``Carta do Editor'' da revista Xilo. Sua mente limitada sugere que a ``carta do editor'' só poderia ter sido escrita pelo diretor de redação; daí o uso excessivo de citações da ``carta do editor'' para me atingir. Que engano. O que o detrator de Xilo pretendia, desde o início, era, isso sim, me atingir. Não se trata de um ato-falho. Gervásio de Paula nunca somatizou o fato de eu, como editor do caderno de Cultura do Diário do Nordeste, ter recusado alguns de seus textos para publicação. E, depois, no jornal O POVO, quando ele tentou ``vender'' a idéia de uma seção fixa de humor, mais uma vez veio o veto. Àquela época eu era editor do Vida & Arte e compartilhei a decisão com outras pessoas. Mas o ônus, obviamente, veio todo para o editor, como acontece cotidianamente nas redações. Nos dois episódios, tanto no Diário quanto no O POVO, o argumento definitivo do veto foi a qualidade precária da produção; um humor do qual só o autor ria.

Finalmente, aproveito a oportunidade para dizer que a revista Xilo é nossa, do Ceará, do Nordeste, do Brasil. Para nós é motivo de muito orgulho ver uma produto editorial com a marca do Ceará circulando em bancas de revistas de todo o país e, prezados leitores, gostaria de compartilhar com vocês a incrível correspondência que temos recebidos do pais inteiro, nos últimos dias. Eu, Adriano Espínola e Floriano Martins temos usado grande parte do nosso tempo para atender telefonemas e e-mails de leitores do Brasil inteiro. Na última quinta-feira, Xilo foi objeto de uma extensa reportagem da TV Senac, de São Paulo, com veiculação nacional; e aqui no Ceará pela TV Ceará; e tem ganho comentários nos jornais O Globo, O Estado de São Paulo, Jornal do Brasil. O trabalho duro, árduo e obstinado de todos nós que fazemos a Editora Inside Brasil é a nossa contribuição ao Ceará e ao Brasil. Nós preferimos fazer e ousar e não produzir esterco, como o senhor tal. Nossa casa é o Brasil.

Luis Sérgio Santos é Diretor de redação da revista Xilo