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Jornal do Conto

Rita Cruz


 


...o velho novo-velho



 

De tempos em tempos encontro-me com o novo que se esconde dentro de mim.

É um encontro breve, casual.

Meus sonhos acenam para essa vida cansada e eu retomo o caminho.

Um passo. Outro passo.

É só um gole de gim. É só uma velha calça jeans.

Levanto-me da poltrona empoeirada com o mesmo vigor dos meus heróis preferidos e saio dessa casa opressora onde se deitam todas as Ritas que eu conheço e que ainda hei de conhecer.

Saio. Mesmo que seja para dar a volta e entrar pelas portas do fundo em busca dos velhos fantasmas abandonados há um milésimo de segundo. Saio mesmo assim.

Há sonhos no varal. Alguém precisa vesti-los...

Fora e dentro de mim ficam ressoando as notas de um compositor que toca a minha vida.

Grave pra encontrar o amor. Agudo pra tocar na dor.

Músicas que ainda não tocam nas rádios. Não tocam nas vitrolas das avós maravilhosas e nem nos discmans solitários ou nos i-pods megalomaníacos.

São notas que tocam e me tocam. Algum tilintar que me faz lembrar das coisas que eu ainda não vivi.

É o novo, um minuto depois de se tornar velho!

 

 

 


 

07/11/2005