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Elias Paz e Silva 

Goya, Antonia Zarate, detalhe

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Rembrandt, Aristotle with a bust of Homer

 

Bernini_Apollo_and_Daphne_detail

 

 

 

 

 

 

 

 

Entardecer, foto de Marcus Prado

 

 

 

 

 

Elias Paz e Silva


 

De Poemas:

 

HAICAI NO ÓCIO

Dando-se
nó no tempo
acaba-se desatando vento.



DIÁLOGO

filtramos o cansaço
em palavras,
o sono cai gota-a-gota,
a noite escorrega em luz:
eu e o poema,
num diálogo de equívocos.



HAICAI DE GRAÇA

Teus olhos
Lentos me dizem tudo,
Meu coração acelera mudo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Goya, Maja Desnuda

 

 

 

 

 

Elias Paz e Silva


 

De Poemário I:

 

ANA

não há
palavras para serem ditas
nem gestos
que denunciem qualquer lirismo
não há
beijos para serem acordados
nem olhares
para o álbum de recordações
não há
desejos para serem entregues
nem adeuses
não ensaiados
Há, sim,
prenúncio de chuva nas nuvens



MINHA RUA

onde os bêbados
transitam incertos no cair
da noite



SEM COMENTÁRIOS

(um corpo estraçalhado
no asfalto,
dezenas de pessoas em círculo
se refletindo
nas poças de sangue)

 

 

 

Da Vinci, Madona Litta_detalhe.jpg

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Cussy de Almeida

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poussin, The Judgment of Solomon

 

 

 

 

 

Elias Paz e Silva


 

De Poemário II:

 

BREVIÁRIO

satélites
patrulham o espaço
eu me movo como passo
entre a província e o mundo



PROPOSTA

o dia foi duro amor
mais valia o suor da labuta
e a proposta de outro sol
como desculpa

poeta
dobre a língua
senão
a palavra míngua



BREVIÁRIO II

a bundinha a bunda
rebelde em laicra cinza
me devolve à luz em meio
aos pequenos precipícios diários
(nos meus olhos
mais que desejo
ADMIRAÇÃO)



BUCÓLICO E FÁLICO

logo o gozo
farfalha na folha falo
de vento



HAI-KAI IV

o bicho da seda
tece tece tece
a noite amanhece



RELICÁRIO

menina foi-se o tempo em que
minhas mãos eram formas para teus seios
e minha língua ardente lã sobre tua pele
e eu tatuava em ti toda a sorte de carinhos



CUPIM

o cupim
os livr s
s car as
a r vis a
o cupim
o pas ad
o present
o cupim
a poe r
a mem r a
a d cla cã d amor



DESEJO

meio-dia
a fome de você me come
à mesa posta
mastigo em mim lembranças tuas:
beijos sussurros gemidos
no canto do prato
o rítmo ávido da noite em descompasso:
teu corpo a delirar o meu
digressão de carícias



MINHA MÃO ESMAGA

minha mão esmaga
a fantasia de todos os homens
e cambaleia salpicada de suor
minha mão modela
palavras e crispa os dedos
reinventando manhãs
minha mão escreve
(nos esgotos da cidade)
um poema tão grande
como a esperança

 

 

 

Soares Feitosa, dez anos

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Jorge Tufic

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poussin, Venus Presenting  Arms to Aeneas

 

 

 

 

 

Elias Paz e Silva


Dobaliana

lembrança de curral
na tarde oval
feixe de palavras
sobre o verão de arder

ao sol seca o tempo

chove o silêncio
na cidade infante").



linguagem

me comove
a linguagem do carinho

a vida não é só
espinho

 

 

 

John William Godward (British, 1861-1922),  A Classical Beauty

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Eleuda Carvalho

 

 

03.07.2006