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Dário Guerreiro

 

dario_g1@hotmail.com

Thomas Colle,  The Return, 1837
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poesia & conto:


 

Crítica, ensaio, resenha e comentário:

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Fortuna crítica:

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Uma notícia do autor: 

Chamo-me Dário Guerreiro, tenho 18 anos, sou português e vivo na região sul, chamada Algarve. Este mês (junho  de 2007) lancei um livro de poesia (1000 exemplares), chamado "Olhares", porém, embora o livro esteja nacionalmente registrado, os poemas ainda não estão. Espero o avanço do verão para o fazer (através do Ministério da Cultura).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Velazquez, A forja de Vulcano

 

Sandro Botticelli, Saint Augustine, Ognissanti's Church, Firenze

 

 

 

 

 

 

 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

Leighton, Lord Frederick ((British, 1830-1896), Girl, detail

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Antônio Massa

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Paulo de Tarso Pardal

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Sébastien Joachim

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Lau Siqueira

 

 

 

 

 

Dário Guerreiro

Um pequeno bloco de poemas

 


 

 

VELHA QUE BALOUÇAS ESSA CADEIRA


 

Velha que balouças essa cadeira,

Em ti sentas o gato que ressona,

Jazes calada ao som dessa lareira

Que estala feliz pr’aquecer a dona.

 

Viúva, que já foste lavadeira

E vais morrendo alegre na poltrona

Que balouça e chia, e em bebedeira

Conta os dias que tem naquela zona.

 

Pudesse eu esperar a morte assim,

Ter esse vagar pra não fazer nada

E morrer dormindo dentro de mim…

 

Pudesse eu encostar-me na almofada

E ver o relógio trazer meu fim…

Fosse eu uma cadeira balouçada…

 

5.11.2006




POLTRONA NEGRA

 

 

Imagino, fruo e sonho,

Iludo-me e descanso,

Choro e fujo à regra,

Morro, penso e renasço,

Aqui, na poltrona negra.

 

Armadura, escudo e ninho,

Cosmos somente meu

Em forma de cadeira.

Leque de reminiscências.

Minha branca nuvem do céu

Tão negra como breu,

Tão minha, tão companheira.

 

Meu universo, meu mundo,

Alento de cada segundo,

Tecido da minha pele,

Matéria da minha carne,

Juízo da minha euforia,

Ânimo do meu desgosto,

Sol de Janeiro,

Chuva de Agosto,

Filha que eu, inconscientemente, criei.

Mãe que me trazes ao colo,

Banco que fazes de mim rei.

 

Tão cândida e tão útil,

Existindo, fazes o meu pensar ser fútil,

Pedaço de mim, poltrona negra.

 

23.11.2006


 

 

 

FÓRMULA

 

 

Pediram-me para criar um poema romântico.

E eu ri-me: é do mais fácil que pode haver!

Eu digo-vos:

 

Apanhem uma desilusão de amor,

Das bem grandes, daquelas de caixão à cova.

Isolem-se o mais que poderem

(Nada de músicas, nem fotografias, nem doces,

Nada! Só as recordações!).

Um papel e uma caneta

(É agora que começam a vir as palavras),

E despejem tudo aquilo que sentirem,

O que a alma tiver para dizer, que a caneta não cale!

É como que chorassem por palavras!

 

Até doer o pulso, até a caneta ficar rouca,

Até onde a vontade quiser.

 

O escrito não se lê.

É imediatamente dobrado e guardado

Numa gaveta próxima e distante,

Numa que seja aberta raras vezes.

 

O tempo cicatrizará o que poder.

Actividades que abstraiam facilmente

Também ajudam. (…)

 

Agora sim.

De volta à gaveta,

Desdobra-se, lê-se.

Se não tiver ficado grande coisa,

Não faz mal.

Decerto a necessidade de um poema romântico

Já terminou.

 

                                                                                                        07-10-06


 

NÃO SÃO SÓ TRISTEZAS

 

Não são só tristezas, não, estes versos,

São desabafos que ganharam forma.

Confesso que não costuma ser norma

Andar por aí com prantos dispersos.

 

A tristeza só me leva à razão,

A razão, em mim, tem veia poética

E desperta-me a concepção caquéctica,

Essa, que guarda a imaginação.

 

Aceito que hajam poucas alegrias,

E as existentes, não são comoventes,

Indignas, portanto, de poesias.

 

Alegrias são muito refulgentes

E muito hipócritas, muito manias:

Só o ridículo nos faz contentes.

 

                                                                                                  20-12-06

 

 

Carlos Nóbrega

 

Benedicto Ferri de Barros

 

 

 

 

 

15.7.2007