Mais de 3.000 poetas e críticos de lusofonia!

Sergio Tavares

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Thomas Colle,  The Return, 1837

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Poesia:

Ensaio, crítica, resenha & comentário: 


Fortuna: 


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Ruth, by Francesco Hayez

 

William Bouguereau (French, 1825-1905), L'Innocence

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Mais de 3.000 poetas e críticos de lusofonia!

 

 

 

 

 

Um esboço de Leonardo da Vinci, página do editor

 

 

Sergio Tavares

APENAS 

Eu não quero na vida
Toda a alegria existente,
Quero apenas um sorriso no rosto
Para que eu possa me sentir contente.
Prazer, também, eu não quero tanto,
Eu só não quero é afogar-me
com o meu próprio pranto.
Na escuridão, quero uma luz acesa
Guiando-m e na incerteza
E quando o sol surgir no horizonte
Saber reconhecer sua grandeza.
Eu não quero amar muitas mulheres, não!
No coração de uma, apenas,
Quero ser amado,
E quando dele estiver ausente
Quero sentir saudades
E sofrer calado!   


 

 

SILÊNCIO

Dentro de mim existe um ser humano
Que fala apenas o que sente,
Por isso minha voz é tão sincera
Quanto o vento que sopra lentamente.

Basta ouvir-me para ter certeza,
Sou o que minha voz te fala,
E quando eu estiver ausente
É só sentir o silêncio que te cala.
 

 

 

VELHO MARINHEIRO

Diga para mim, velho marinheiro,
por que este silêncio nos envolve
e temos apenas o mar por companheiro?

Deixemos o tempo que tudo resolve,
pois esse é nosso amigo verdadeiro,
mostrar-nos o caminho a seguir.

Então, abriremos as velas ao vento
e deixaremos nosso barco partir.

Partiremos como parte o pensamento,
como as ondas... Num eterno ir e vir.

Por que meu amigo marinheiro,
o coração se enche de saudade
quando partimos do porto derradeiro?

Deixemos o sentimento de verdade
tomar conta de tudo por inteiro.

Somente amando se pode superar
essa tristeza que invade nosso peito,
pois nada no mundo pode apagar

do pensamento o amor perfeito,
nem mesmo as ondas... Ondas do mar.

O amor não é apenas parte de mim,
o amor é muito mais do que partir.

É como amar, esse oceano sem fim,
ser marinheiro é muito mais que sentir,
viver no mar ou não viver, enfim,
eis a questão fundamental, penso,
por isso prefiro viver intensamente.

Sentir dentro do peito o mar imenso,
e nesse sentir o amor profundamente,
meu coração é um mar de amor intenso.

Vem uma onda e se vai com a ventania
numa canção tão doce que acalma,
e outra onda já vem trazendo o dia
e enche de alegria a minh'alma.

Vivo assim a embalar meus sonhos
nesse suave balanço que embriaga.

Sigamos marinheiros, nosso destino,
em busca do amor que o tempo não apaga,
nunca apagará o sonho de um menino,
de cantar essa canção que ao coração afaga.


 

 

 

EU TE PEÇO PERDÃO

Eu te peço perdão, por ser tão inexato,
por não possuir a claridade desse dia,
por ter uma visão de mentecapto,
por ter a vida, assim, sempre vazia.

Eu te peço perdão, por não estar onde me queres,
por dizer não, quando na verdade te queria,
por sorrir, quando tanto tu choravas,
mas, por chorar, quanto tanto tu sorrias.

Mas não me culpe se tudo deu errado,
se o teu amor nunca foi correspondido,
pois apesar de estar sempre do teu lado,
meu sentimento foi mal compreendido.

Culpe menos ainda o meu verso,
que é apenas uma forma de sangria,
é, apenas, o reflexo do meu reverso,
e se nasceu foi porque tu morrias.


 

 

 

FIM DE TARDE


Mais uma tarde cálida, se encerra,
enquanto o sol se esvai no horizonte,
meu verso é este grão de terra,
inspiração, tão perto e tão distante.

Dentro do peito, feliz, meu coração,
ensaia ao som dessa música vespertina,
que o fim de tarde transforma em canção,
e faz do meu amor, minha maestrina.

De grão em grão, se faz uma montanha,
de som em som, compõe-se um hino,
de verso em verso, meu peito se assanha:
- Oh! Meu Deus! Já ouço badalar um sino!

Onde estará esta igrejinha, onde?
O entardecer transforma tudo em prece,
lá onde o crepúsculo se esconde,
enquanto o dia, aos poucos, anoitece.

O meu peito é límpida capela,
onde o sino bate no meu coração,
cada badalada diz pra mim: - É ela!
Transformando o amor em pura oração.


 

 

 

CAMALEÔNICO


Como um camaleão que percorre sua senda
entre os becos das rochas quentes,
entre os desertos e seus silêncios
percorro muros infindos na brancura
dessa pá de cal, na alvura de uma colher de sal.

Meu corpo é a chama viva
de cores e harmonias que me queimam,
sintonias, sons e amores "calientes"
na paisagem dessa sombra fria,
da cor do tempo e sua passagem
pelas fendas dos pensamentos.

Entre as pessoas nas ruas,
sou da cor de um ser vivente,
andando por entre as gentes
como anda a luz da lua.

Sou azul da cor das águas
branco de ondas selvagens,
que deságuam na preamar.

Entre as lagoas onde amargo as mágoas
vivo minha vida a te buscar,
entre os sentimentos, às vezes, eu me perco
e transformo a dor em meu peito
vagos sorrisos em prantos,
prantos em lírios perfeitos,
teus lábios em vasos de beijos.

Mas pressinto que nesse caminhar,
entre o insensato e o inconstante,
feito de cores brilhantes
entre os cantos das matas... me perco;
pois sinto que por dentro sou verde,

verde por dentro de minh’alma,
cinza por mutação, cinza – apenas - na pele,
e verde dentro do meu coração.

Sou um camaleão por natureza
que vivo a camuflar minha angústia,
mas se por fora eu sinto tristeza,
por dentro eu vivo... sentindo alegria.


 

 


LÁGRIMAS


Gosto de falar de lágrimas
essas gotas de puro sentimento
que da alegria e do tormento,
esmorecem a dor deste sofrer.


A forma porque derramas,
se por quem sofre
ou por quem amas
só Deus poderá nos dizer.


O verdadeiro sentimento d’alma,
o reflexo, espelho do meu ser,
o que nos entristece e acalma...
Onde? Onde eu posso me esquecer?


Lágrimas, gotas de doce mel,
brilhos nas noites do olhar,
vêm cintilantes do céu,
estrelas, estrelas do mar.


Estrelas, sim, pois são belas,
e as mais celestes, não nego,
são as que vêm dos olhos dela,
olhos... que hoje estão cegos.

 

 


 

UM POUCO DO MAR


Eu trouxe um pouco do mar
em minhas mãos
e trago seu cheiro pelo corpo,
contive num humilde pote...
suas ondas,
que agora prisioneiras de minha vontade
se acalmaram.


Eu trouxe o mar... verdade
pode olhar e sentir
suas águas em choque
compondo os sons,
canções que embalam as horas,
que acalmam e amolecem a alma.


Veja, minhas mãos ainda trazem
algumas gotas separadas
como filhas longe das mães,
gotas quietas e assustadas
sem imaginar o seu destino...
o destino das águas que agonizam,
que secam,
que evaporam
pelos poros da terra,
pela pele dos homens sedentos e inquietos.


Eu trouxe o mar comigo...
nesse pote... no meu coração...

Sem imaginar qual será o seu destino...

Mar... eu te peço perdão!

 

   
 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 4.4.2009