Mais de 3.000 poetas e críticos de lusofonia!

Selma Alves Rocha

srocha@pmro.rj.gov.br

 

 

Sandro Botticelli, Saint Augustine, Ognissanti's Church, Firenze

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poesia:


Ensaio, crítica, resenha & comentário: 


Fortuna crítica: 


Alguma notícia da autora:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Riviere Briton, 1840-1920, UK, Una e o leão

 

Roberto Pompeu de Toledo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Winterhalter Franz Xavier, Alemanha, Florinda

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Victor Mikhailovich Vasnetsov, Rússia, 1848-1926, The Knight at the Crossroads

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Selma Alves Rocha


 

Leda e o cisne

 

 

1º Canto

 

 

Suave se aproxima em branca plumagem

Cercando Leda no aquecer das penas,

Garboso, empina as asas, distende o carmim olhar

E toca-lhe a pele, com o bico, apenas...

 

Leda não se move, lânguida

na misteriosa sedução perene,

nem crendo, afasta os joelhos lentamente,

abrindo-se ao Cisne, infrene.

 

O abraço de asas em vigor é assalto

co'a força do bico na nuca, e presa

sob o peito robusto, o desejo lhe arrebata

no leque de penas que em Leda adentra ...

 

Imóvel em suas coxas orgasma o Cisne

Rasgando-lhe a gruta vezes eternas,

Estremece em plumagem, treme penugens

Quando Leda o envolve no abraço das pernas!

 

 

Leda e o cisne

 

 

2º Canto

 

Um Deus em mim!

Um Cisne em mim!

Esse ato louco

Farfalhando asas

No grunhido rouco...

 

Um Cisne em mim!

Um Deus em mim!

Nosso êxtase louco

a penugem sagrada

Estremece meu corpo...

 

Esse ato em mim!

O farfalhar em mim!

Um Cisne louco

Um Deus de asas...

 

 

Leda e o cisne

 

3º Canto

 

 

Ela repousa...a beleza adormece

Em meio aos cisnes do calmo lago

Ela repousa...eis a hora!

Nua na relva, no verde afago...

 

Tão bela...Eis Leda...a proibida

Que a outro pertence e lhe é só sua

Do Olimpo que Deus não a quereria?

Escravo do belo, me rendo....Zeus...

 

Em desejo me transporto...ei-la!

Desperta aos cisnes de branca plumagem

Seus dedos se estendem nas águas silentes

Seus joelhos se abrem...eterna miragem.

 

Me visto em penugens e meus braços de asas

Arriscam o vôo até a outra margem

Sacudindo as penas respingo-a inteira

A sentir  seu perfume em cada gesto.

 

Uma carícia...seu afago...Eis a hora!

Leda  minha, um Deus a quer

No peito estufado, nas asas turbadas

Nas coxas fêmeas macias...eis a mulher!

 

É a hora...não se move... Leda espera

A posse alada que já nos domina

 Sua nuca mansa, no bico já presa

Faz rendição das pernas que me fascina!

 

Sobre Leda eis-me! Eis a hora!

Mesclado em desejos... Deus... Cisne!

Mergulho insano na intumescida fenda

Finco em mais sua gruta enquanto cisme!

 

Tremor, arrepios, gozo tenaz

Eis-me em Leda, é a hora!

Fecundo seu ventre na avidez mordaz

Possuída és, para sempre e agora!

 

 

Leda e o cisne

 

4º Canto

 

 

Coração já não é o meu

Nem de Zeus

Coração é Leda!!!

 

Corpo já não é o meu

Nem de Zeus

Corpo é de Leda!!!

 

Desejo já não é o meu

Nem de Zeus

Desejo é de Leda!!!

 

O êxtase

O gozo

O frêmito

A posse

Rendição nossa!!!

 

 

 

 

 

Leda e o cisne

 

5º Canto - Triunfo do Desejo

 

 

Nem o sagrado recinto

Dos Deuses, o Panteón

Nem a distância da Terra

Nas margens do lago protegida

Nem as aves, nem o bando

Imunes estão...

 

Basta um olhar!

E do olhar, o desejo

E do desejo o prazer

E que isto se faça e seja

Para matar ou morrer...

 

Transmutar-se, transformar-se

Ser outro ser e não ser

Metamorfosear-se de súbito

Para tudo acontecer...

 

Ao fundo, ao largo, no interno

Nada se confunde, dúvida não há

A vontade se avulta e arremessa

Ao delírio divino que será.

 

Nada imunes, portanto, eis o cuidado!

Ó mortais e deuses de todos os Tempos!

Sempre Leda existirá e um Deus

Se fará Cisne e dela se apossará

Em metamorfoses, sedentos!

 

 

Leda e o Cisne - Peter Paul Rubens, Holanda, 1577-1640

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ingres, 1780-1867, La Grande Odalisque

 

 

 

 

 

 

Selma Alves Rocha


Histórico [26.2.2007]

 

Selma Alves da Rocha, nascida em Belo Horizonte, no Estado de Minas Gerais, e há 26 anos mora em Rio das Ostras, a bucólica cidade à beira mar do Estado do Rio de Janeiro. Desde os 12 anos de idade escreve seus poemas, é mãe de 4 filhos e dois netos.

É formada em Letras –Literatura Portuguesa e Inglesa,  Jornalismo Técnico, membro da Comissão Organizadora da Academia Riostrense de Letras, Superintendente de Projetos e Captação de Recursos da Fundação Rio das Ostras de Cultura, organizadora de vários Festivais e Concursos de Poesias em Rio das Ostras e na cidade de Barra de São João/Casimiro de Abreu responsável pela Biblioteca Pública de Rio das Ostras.

Poeta, contista, escritora , pesquisadora histórica e memória documental,revisora de textos,  durante 11 anos foi colaboradora de Suplementos Literários em Minas Gerais desde 1969 e na Região dos Lagos, Rio de Janeiro..

 

Prêmios literários:

* Prêmio Hernest Hemingway – Contos de Belo Horizonte ( 2º lugar)

* Prêmio MÁSTER de Literatura 1986- Contos Rio de Janeiro( 3º lugar)

* Metrópole Xadrez Clube de Literatura – Contos Porto Alegre ( 3º lugar)

* Menção Honrosa do IV Concurso Raimundo Correa de Poesia 1985, tendo seu poema selecionado entre 10.820 poetas de todo o Brasil

* Festival de Artes da Casa de Casimiro de Abreu em Poesia (1º lugar)

* Prêmio Destaque Poema pela Academia Internacional de Letras, com seu poema selecionado entre 50 poetas de diversos países.

* Selecionada e convidada especial para participar das homenagens ao poeta César Vallejo, em Piúra/Peru em 1988, realizando um recital de seus poemas à limmón com o poeta peruano Ruffo Cárcamo Ladines, ganhando uma viagem À Macchu Picchu

* Selecionada no evento “ 1ª Noite da Poesia Brasileira em Havana” na integração cultural Brasil, Cuba, Argentina, Paraguai, com o poema “ Cantares da América”, que recebeu o Prêmio Guaratuja de Poesia.

* Prêmio Destaque Representatividade Cultural de Rio das Ostras, outorgado pela Imprensa da Região Litorânea

* Convidada especial pela Fundação de Poetas de Mar Del Plata para integrar sua poesia e arte literária no Segundo Congresso de Poesia Latinoamericano para uma nova consciência poética

* Seus poemas integram  12 Antologias Poéticas brasileiras

* Como jornalista foi responsável por diversas colunas literárias: Pão e Poesia, Oficina da Palavra, Culturalmente e Poemar.

           

Publicações de  obras literárias:

* Canções e Delitos – Poesia ( 1992)

* Terra dos Peixes- depoimentos da memória viva e documental de Rio das Ostras em 1997

*  Mulheres Fluminenses – 2002 – Pesquisa histórica sobre mulheres importantes da interior do Rio de Janeiro.

*  I Antologia Poética de Rio das Ostras

*  no prelo [2007] “O Manuscrito de Haceldamã”, contos / “No coração da floresta do meu ser” – Poesia/ “ Despindo os véus de Ísis” – contos.

 Dedica sua vida a arte de escrever, pois para Selma Rocha “ a poesia é a arte de excitar as almas”.

 

 

Ascendino Leite

 

Alphonsus Guimaraens Filho

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Da Vinci, La Scapigliata, detail

 

 

 

 

 

 

Selma Alves Rocha


From: Selma Alves Rocha" srocha@pmro.rj.gov.br
Sent: Friday, March 24, 2006 6:48 PM
Subject: encantada com tua poesia


 

Architetura... O prisioneiro... Streap tease e Milleniun... estou assim aqui, encantada "...os sons dos teus vestidos já me desvestem a alma" ou "guardo tuas coisas para uma viagem ( em que vontades?)... "um dia, Ela desenhará em chãos longínquos a casa só nossa..." . Emocionada com teus versos únicos, despertando uma semíramis em mim.

Obrigada por tua inspiração que molha meus olhos como de há muito não havia...lembro-me do primeiro verso que li de Konstantino Kaváfis... impacto literário igual. Sou operária da palavra e aprendiz sempre. Gosto de poesia, gosto de sentir o poema escorrer por mim, célula a célula, átomo a átomo e devanear após o êxtase das palavras. "A passagem escondida" é mais uma jóia fascinante de tua poesia.

Um abraço e orgulha-me que existas.

Selma Rocha - Rio das Ostras/RJ

 

 

Carlos Felipe Moisés

 

Fernando Py

 

 

 

 

 

 

 

 

26.02.2007