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Pedro Fernandes

 

pedro.letras@yahoo.com.br

Alessandro Allori, 1535-1607, Vênus e Cupido
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poesia:


 

 

Crítica, ensaio, resenha e comentário:

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Fortuna crítica:

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Uma notícia do poeta: 

Nasci em 14 de agosto de 1985, em Lajes, Rio Grande do Norte. Atualmente (2007] moro em Natal. Comecei a me interessar por literatura quando ainda na adolescência, escrevendo poemas de amor, que de certa forma expunham para o papel tudo porque eu passava. Desde então, ampliei o leque de produção textual e minha paixão pelas letras foi tamanha que hoje curso Letras na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, e continuo escrevendo não só poemas, mas também contos, artigos para jornal. Meu perfil de escrita vai desde o gótico, passa pelo tom mais regionalista, lírico, ao pornográfico. Quando falo deste último todos se surpreendem.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Velazquez, A forja de Vulcano

 

Ana Cristina Souto

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

The Gates of Dawn, Herbert Draper, UK, 1863-1920

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Riviere Briton, 1840-1920, UK, Una e o leão

 

 

 

 

 

 

Pedro Fernandes

 

 


 

No extenso horizonte-sangue

 

 

no extenso horizonte-sangue
que desenha-se ao longe
enxergo-me nu.
desnorteado.
desordenado.
fugindo de mim no espaço.

 

e no vôo rasante
rasgo o céu diamante.
esbarro nas tintas d'aquarela-aurora.
por horas fico suspenso.
o globo corroendo minha coluna.
com seu peso.

 

desacordo.
enxergo dentro de mim.
minhas entranhas podres.
arranco-as fora:
fígado. baço. intestinos.
e poluo os oceanos.

 

pendente.
com min'alma nas mãos.
sou vil amante do caos.
da solidão.
de perto transmutado.
dilacerado. desfigurado.

 

no extenso horizonte-morte.
a escuridão escondeu minha face.
estou cego debatendo-me em trevas.
fugindo de mim no espaço.

 

 

 

SONHO

 

 

eu vi no turvo da noite
minha alma vil e negra
rasgando o silêncio noturno

 

como pó
desfez-se por entre as frestas da porta
e invadiu meu sonho

 

o sonho. na sarjeta da memória
meu cadáver magro, pálido
vagando em um negro caixão
sustentado por dragões
cavaleiros negros das sombras

 

como um rascunho vida
desfez-se-me em pó
correu minhas carnes podres

 

o sonho. vi-me preso nas entranhas da terra
com toda humanidade vil e feroz

 

gritava. chorava. pedia clemência.

 

a humanidade. como um rebanho alienado
satã sob o dogma de todas as religiões
de bíblia em punho
carregava a humanidade de olhos perfurados
mortos vivos às chamas da fogueira dita santa.

 

e acordei em brasa
vi-me nu no espelho
na sombra do quarto - meu cativeiro
suspenso estava num madeiro sobre a cama
olhos inchados. sangrantes
corpo fúnebre seco
estranho na sarjeta da cama.

 

 

 

2050

 

encontrei-me nu. criança
sob uma abóbada celeste chumbo
num futuro passado a limpo distante
alheio a mim mesmo.

 

divaguei e divaguei
nas capoeiras rotas
poeirentas, amareladas,
por vezes escura,
vestida de morte.

 

desterros.
no céu cinza escarlate
um passado futuro desatado, distante
desdobra-se em gotas de estrelas
escuras, alheias a mim.

 

quisera reverter a abóbada celeste
a abóbada do meu pensamento
dissecar todo o lamento em fúria
da natureza escura, morta.

 

re(ver) o azul celeste
que carrego na abóbada do meu pensamento.
ex(por) o brilho vivo das estrelas.
acalentar o lamento fúria da natureza
vê-la em colorido, forma viva.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

1.6.2007