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Miguel Benigno


 



Recentes antologias de poesia brasileira em Portugal


 


 

As comemorações dos 500 Anos do Descobrimento deixaram em seu rastro algumas realizações e referências duradouras. Uma delas, sem dúvida, com a bela capa de Figueiredo Sobral, com um título muito sóbrio: Antologia de Poetas Brasileiros. A Casa que publicou e lançou a obra é uma das maiores e mais respeitadas Casas publicadoras em Portugal. Trata-se da Universitária Editora, de Lisboa. A seleção e coordenação ficaram por conta de Mariazinha Congílio, com a colaboração do grande crítico brasileiro Fábio Lucas.

“Na transição do século e do milênio, esta Antologia vem oferecer um painel da Poesia do Brasil nos últimos cinquenta anos”... principia a Organizadora na apresentação da obra. “ Dentre os melhores poetas de cada um dos vinte e cinco Estados do país, selecionamos os que aqui se reúnem, buscando a necessária abrangência. Dos poetas aqui abrigados, todos atuais e representativos, alguns já não estão entre os vivos (. . .) Não trouxemos dados biográficos. Os poemas apresentam os poetas ( ...) Lendo a Antologia, ouvirão os leitores a Voz do Brasil, em versos.”

A poesia do Brasil nos últimos 50 anos do século XX é o subtítulo dessa obra destinada ao público português e ao mercado europeu, também lançada na última Bienal do Livro de São Paulo, em 2000. Pelo seu bom índice de vendas e pelo que as notícias indicaram, trata-se de uma coletânea que despertou e continua despertando a atenção dos leitores lusos. Portugal havia ficado bastante tempo sem que se editasse uma antologia atualizada de nossa poesia. Durante o Encontro Internacional de Poetas, realizado naquele ano na cidade do Porto, foi a obra em seu gênero mais procurada e adquirida pelos participantes, sobretudo estrangeiros.

De muitos elementos dispunha essa antologia para marcar época, no entanto apresentou o grave senão de fazer-se pela ordem alfabética a razão de entrada de cada poeta na obra, quando esta deveria ser feita pela data de nascimento de cada um, posto que há envolvidas várias gerações e tendências diferentes. Dever-se-ia principiar com os pré-modernistas como Manuel Bandeira, passando para os modernistas e os modernos como, entre outros, Carlos Drummond de Andrade, Cassiano Ricardo, Menotti del Picchia, além de Cecília Meireles, Vinicius de Moraes e João Cabral de Melo Neto, até os poetas mais recentes às voltas com uma intensa gama de tendências.

Ao todo são 64 os integrantes da antologia, sendo os demais: Alcides Buss, Antonio Olinto, Alphonsus de Guimaraens Filho, Adélia Prado, Afonso Félix de Sousa, Alberto da Costa e Silva, Aluysio Mendonça Sampaio, Álvaro Alves de Faria, Álvaro Pacheco, Aricy Curvello, Artur Eduardo Benevides, Astrid Cabral, B. de Barros, Betty Vidigal, Carlos Nejar, César Leal, Cyro Pimentel, Domingos Carvalho da Silva, Ferreira Gullar, Francisco Carvalho, Fúlvia Carvalho Lopes, Geraldo Vidigal, Geraldo Pinto Rodrigues, Gilberto Mendonça Teles, Hilda Hiulst, Idelma Ribeiro de Faria, Ildásio Tavares, Ivan Junqueira, Ives Gandra da Silva Martins, João Manuel Simões, Jorge Tufic, João de Jesus Paes Loureiro, Ledo Ivo, Lenilde Freitas, Leonor Scliar Cabral, Lindolf Bell, Magela Colares, Márcia Theophilo, Marcos Leal, Mariazinha Congílio, Mário Chamie, Miguel Jorge, Miguel Reale, Milton de Godoy Campos, Myriam Fraga, Odilon da Costa Manso, Oscar Dias Corrêa, Paulo Bonfim, Paulo Vanzolini, Péricles Eugênio da Silva Ramos, Ruy Espinheira Filho, Samuel Penido, Sérgio de Castro Pinto, Sólon Borges dos Reis, Sônia Queiroz, Stella Leonardos, Yeda Prates Bernis. Cada poeta comparece com três poemas, o que nos permite apreciar um rico panorama da poesia brasileira da segunda metade do século que findou.

Também merecem menção as duas antologias de nossa poesia estampadas nos números 3 e 6 da hoje célebre revista Anto, editada pelo poeta e historiador António José Queirós na cidade de Amarante, ao norte, com subsídios do Ministério da Cultura de Portugal, Instituto Português do Livro e das Bibliotecas, bem como da Câmara local. A seleção dos brasileiros foi feita pelo poeta Aricy Curvello, expressamente convocado para este trabalho.

A Universitária Editora não só contribuiu com a Antologia de Poetas Brasileiros como também com a impressionante obra bilingüe (Português/Francês) que é Reflexos da Poesia Contemporânea do Brasil, França, Itália e Portugal, com coordenação e organização do ensaísta, tradutor e poeta francês (professor recém- aposentado da Sorbonne) Jean-Paul Mestas, em que doze poetas brasileiros contemporâneos ( foram defrontados com doze franceses, doze italianos e treze portugueses (entre os quais o maior poeta lusitano vivo, Eugénio de Andrade).

Surpreendeu-nos em 2001 a publicação de Um Mundo no Coração/ Un Monde au Coeur, uma grande coletânea da poesia internacional contemporânea, com 87 autores de 54 países, em edição Português/Francês, pela Universitária. Outra vez o organizador é Jean-Paul Mestas, que mobilizou uma boa equipe de tradutores franceses, em vista do grande número de idiomas envolvidos. Foram incluídos cinco brasileiros, a saber: Alice Spíndola (Goiás), Aricy Curvello (Minas Gerais), Geraldo Vidigal (da Academia Paulista de Letras), Rosani Abou Adal (editora do jornal literário Linguagem Viva), o carioca Selmo Vasconcellos. O lançamento ocorreu em grande estilo, a 27 de Setembro de 2001, em Lisboa, no grande monumento nacional que é o Mosteiro dos Jerônimos (onde estão o túmulo de Vasco da Gama e o de Camões).

Em Outubro de 2003, novamente a Universitária e Jean-Paul Mestas superaram-se, com o lançamento de Povos e Poemas / Peuples et Poèmes. A obra tem cerca de 600 páginas, com 201 poetas de 100 países de todos os continentes, com alguns nomes de primeira grandeza em suas respectivas nações. O Brasil foi representado por dez de seus poetas, um dos maiores contingentes nacionais, em que os mineiros predominaram, entre os quais Lívia Paulini, Aricy Curvello, Anderson Braga Horta, Alice Spíndola, ao lado do brilho de Stella Leonardos (Rio de Janeiro) e Astrid Cabral (Amazonas).

As três últimas antologias, organizadas por Jean-Paul Mestas e lançadas no mercado europeu pela Universitária Editora (Lisboa) - respectivamente nos anos de 2000, 2001 e 2003 - foram alvo de, entre vários artigos e resenhas, um belo ensaio do poeta luso Cristino Cortes, publicado em um dos mais importantes suplementos literários de Portugal, o “Das Artes/ das Letras”, do grande diário “O Primeiro de Janeiro”, da cidade do Porto, em 1º de Março de 2004. O texto ocupou duas páginas inteiras do suplemento e chamou a atenção para o fato de que Jean-Paul Mestas incluiu apenas três poetas em todas as três antologias bilíngües que organizou: o poeta português Miguel Barbosa e os brasileiros Aricy Curvello e Alice Spíndola.



 

 

 


 

10/04/2006