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Lúcia Fonseca 

 

 

Thomas Cole (1801-1848), The Voyage of Life: Youth

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Poesia:


Ensaio, crítica, resenha & comentário: 


Fortuna crítica: 


Alguma notícia da autora:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Alvaro Seiça Neves

 

Thiago de Mello

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Allan R. Banks (USA) - Hanna

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Lúcia Fonseca

 

 

 

Vinhas de maio — de quando madrugam as rosas.

Vinhas do fundo mar,

de pensamentos de neblina e azul.

De neblina e azul teus gestos,

as pequenas mãos submarinas.

Em vermelho abriste caminho para o mundo,

em vermelho te cortaram o cordão.

E chegastes do fundo da caverna

com uns restos de treva

colados à pele,

expondo no ventre, por cicatrizar,

o sinal selvagem da tua impureza.

 

Depois ainda te vi lavado,

ungido de óleos e essências

e vestido de branco,

como para secretos ritos.

E do berço agitavas os braços

como de uma barca

pedindo que te salvassem.

Mas porque cheiravas a sono e cólica,

como um dia cheiraram teu pai e tua mãe,

isento ainda do leite, desligado mesmo do nome,

porque eras coberto de penugem

e tinhas uns restos de asas

— eras tu —

ah, eras tu salvavas.

 

Menino bonito, de Lúcia Fonseca

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

21.2.2009