revista de poesia
nº 1 - março de 2004

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Editorial

logovemos pode ser um nome cirurgicamente escolhido, ou ter surgido casualmente no meio de uma conversa de decisão adiada.

Separemos o seu corpo em duas partes, apenas para evidenciar as múltiplas configurações de um lugar, a um tempo movediço e de extrema fixidez.

Um logo, no sentido de logotipo, deve conter a carga simbólica do que é suposto simbolizar, neste caso a metonímia de uma prótese aplicada ao olhar. A prótese remete para a tecnologia, já que corresponde a um prolongamento do humano que aumenta o seu grau de eficácia. Dizer que vemos, é também dizer que, se de uma revista se trata, esta será estruturada para o olhar: dispensa o substracto material que a permita tocar, ou folhear no sentido literal. A visão remete aqui para o virtual, para o ecrã do computador, mas também para a visão como figura da compreensão (logos).

Entre a fixidez de um estilo, ou marca, e a dos passos acertados da razão, a flexibilidade do termo “logo” é assegurada pelo seu lado de deíctico temporal, no seu duplo jogo entre um “já” e um “depois”, de que só a cumplicidade de parceiros pode prender o quando.

E se o logo-estilo aponta para trás e o logo-deíctico orienta para a frente, a união dos termos em logovemos abre uma disponibilidade espacial e temporal: vemos quando quisermos ou pudermos, na mobilidade do aqui ou acolá onde haja um ecrã.

Do que se fala logovemos ao abrir a mensagem. Mas podemos já adiantar que se trata de uma revista de poesia que tentará tematicamente habitar passagens menos exploradas, cartografias incompletas: um mapa onde se vão traçando caminhos.

logovemos: terá sido este nome casual?

 

 

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Ancoragem: Jornal de Poesia (Brasil)