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			João Soares Neto 
                                         
                                            
                                                                        
                                                                        
                                                                        
                                                                        
                   
              
			
			As tintas coloridas do escritor 
			 
  
			
			
       
			
			  
			
			  
			
			Juarez Leitão surgiu na ´turma dos 
			sábados´, um grupo heterodoxo de pessoas que se permite sair do 
			sério entre falações e Baco, pelas mãos de Dorian Sampaio, se não me 
			engano. Eram os anos 90. Chegou e se tornou cativo. Contador de 
			´causos´, orador fluente, sabedor de seus dotes, misturando o quase 
			recato de antigo seminarista ao escracho da vida real, foi sendo 
			absorvido e querido. Daí que resolveu contar, em livro, o que ouvia, 
			sentia e intuía. Desta salada saiu o livro ´Sábado, Estação de 
			Viver´, memória, estória e história. 
			
			O Juarez poeta passava a perder espaço 
			para o cronista de uma cidade resoluta, dissoluta e desvairada. O 
			espaço da ´turma dos sábados´ foi apenas o mote para a desenvoltura 
			artística de Juarez. 
			
			Além de cronista, fez-se pintor e 
			retratou cada um de seus pares. A cada um entregou um retrato 
			emoldurado e os inseriu nas páginas do livro. Era como se estivesse 
			dizendo: ´a vida tem todos os matizes com os quais o vejo´. E assim, 
			foi entremeando estórias da turma, com estórias de domínio público e 
			privado da Fortaleza que o recebeu e adotou como filho. 
			
			Surgia, naquele fim de década de 90, 
			um novo Juarez. Enturmado, hilariante, mas cioso e ciente que estava 
			sendo transformado.A palavra estação do título poderia ser entendida 
			como uma parada em sua vida, em que tomou um novo trem e o destino, 
			capcioso e curioso, sorria com a mudança. 
			
			´Sábado, Estação de Viver´, em nada se 
			assemelha a outras duas estações que conheço, também cantadas em 
			livro. Nada tem a ver com o romance (A Próxima Estação) de Teoberto 
			Landim ou ao célebre ´Rumo à Estação Finlândia´, de Edmund Wilson. 
			Enquanto Landim, professor e escritor, narra as aventuras e 
			desventuras de um bolsista (Thomas) brasileiro na Alemanha e sua 
			volta ao interior do Brasil, Edmund Wilson, americano, crítico 
			literário, jornalista e escritor, vai mexer, ensaiar polemicamente 
			sobre Marx, Engels e o socialismo. 
			
			Juarez se permite, e o faz com 
			maestria, a não seguir com organicidade o manual acadêmico de 
			escrever, não vai procurar o problema do sujeito situado de 
			Heidegger ou busca validar o saber e o conhecimento. Nada disso. 
			Juarez se faz livre. 
			
			Escreve como contador de histórias, 
			sem preocupações filosóficas, como se estivesse - e realmente estava 
			- em uma tarde de sábado olhando para um caís e visse, com o seu 
			novo olhar de pintor, pessoas, navios, barcos e jangadas sossegados, 
			mas cientes de que o destino de cada um é o desassossego da vida e 
			do mar. Assim é o livro, tem remansos, mas é prenhe de ondas em que 
			quase todos são jogados como o vai e vem das marés. Escapam todos na 
			celebração. 
			
			A partir de ´Sábado, Estação de 
			Viver´, o trem literário e existencial de Juarez Leitão toma novo 
			rumo, não o das indagações profundas de Edmund Wilson, tampouco o 
			questionamento pessoal do personagem Thomas de ´A Próxima Estação´, 
			de Teoberto Landim. E esse novo rumo é misturado com as fortes 
			tintas em que retrata seus muitos amigos, colorindo-os, mesmo que o 
			gris de seus cabelos pedisse comportamento mais comedido. Nada de 
			gris. Nada de pastel. É o exagero do contador de causos também por 
			trás da vida e do pincel. Some-se a isso sutilezas e não sutilezas 
			que vão sendo expostas nas estórias relatadas como se achasse o 
			contador de pernas estiradas, chapéu de palha na cabeça, camisa 
			estampada, ventre protuso, copo à mão, e um grupo de amigos 
			ruidosos, curiosos e atentos à escuta. 
  
			
			  
			
			                     
      		  
			
			Leia Juarez 
			Leitão 
			
			  
			
			  
                                                                   
                                                                        
                                                                        
                                                                        
                   
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