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Evandro Brandão Barbosa

 

evandrobb@ibest.com.br

Alessandro Allori, 1535-1607, Vênus e Cupido
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poesia:


 

 

Crítica, ensaio, resenha e comentário:

 


Fortuna crítica:

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Uma notícia do poeta: 

Poeta, escritor, economista, administrador, mestre em Educação e professor universitário. Rua F, 196, Condomínio Arvoredo, bloco IVI, Ap. 104, Parque 10, 69.055-692. Manaus - AM. evandrobb@ibest.com.br ou evandrobb@bol.com.br Tel. (92) 9995-6990

 

Prezado poeta Soares Feitosa

Eu nasci em Salvador-BA, sou economista, administrador, mestre em educação e professor universitário em Manaus. Escrevo poesias e contos desde o ano de 1988, inclusive publiquei alguns trabalhos de contos, poesias e literatura infantil como produtor independente. Atualmente publico um artigo diariamente no jornal O Estado do Amazonas, em Manaus, desde 2004.

Atualmente vivo em Manaus, mas antes morei em Salvador-BA, em Olinda-PE e em Luanda-Angola, lugares que integram os meus ideais e os meus pensamentos.

Estou enviando-lhe esses escritos, para que seja verificada a possibilidade de publicá-las no site Jornal de Poesias. Não sei se este é o meio correto de envio, mas de qualquer forma estou fazendo assim, até mesmo para descobrir e interagir com outras pessoas. [Manaus, maio de 2007]

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Velazquez, A forja de Vulcano

 

Ana Cristina Souto

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ingres, 1780-1867, La Grande Odalisque

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

The Gates of Dawn, Herbert Draper, UK, 1863-1920

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Manoel de Barros

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Riviere Briton, 1840-1920, UK, Una e o leão

 

 

 

 

 

 

 

 

Gerardo Mello Mourão

 

 

 

 

 

 

 

 

Evandro Brandão Barbosa

 

 


Namorado de areia

 

Construir castelos é bom

Mesmo sendo à beira-mar

É viver um diferente tom

Um constante recomeçar

Ondas vêm derrubando muros

Pilastras caem com as ondas

Quem constrói não sabe parar.

 

É diferente quando se tem

Um amor recém-nascido

Um sentimento correspondido

Diante de um tempo bandido

Que está sempre a te dizer

Como deve amar uma sereia

Seu lindo namorado de areia.

 

Viver bem cada momento

Com a intensidade verdadeira

Dos sonhos nunca vividos,

 

É possível ser feliz

Por um tempo pré-determinado

Mesmo sendo, de areia o namorado.

 

 

 

Sete medos

 

 

Sete medos eu tenho

Logo logo vais saber

Medo de não te encontrar

E também medo de te perder

Medo de amar teus carinhos

Medo de me perder no teu abraço

Medo de errar teus caminhos

E esquecer do rumo leste

Medo de não saber navegar

Entre tantos afiados rochedos

Assim conheces seis dos meus medos

Mas o medo maior vou dizer

É o medo de te magoar sem saber

Com esse amor que conheces

Sem limites nem regras e tal

Sei que muito mais mereces

Além desse amor latino,

Uma ilusão, apaixonado menino.

 

 

 

Menina cor de uva

 

 

Sinto cheiro de chuva

Quando a semana termina

Penso na tua cor de uva

No teu sorriso de menina

Encantada diante da lua

Cheia de sonhos e de vida

 

E a chuva demora, não vem

Molhar os nossos medos

De um vento cortante

Que revela segredos

No olhar, no falar, no sentir

Um beijo ainda desejado

 

Preciso de ti assim

Feliz e com cheiro de chuva

Minha menina cor de uva

Pra iniciar a semana sim

Do jeito que terminou

Cheia de sonhos e vida

 

 

 

 

Sonhar

 

 

Acordar sem sonhar

É amar sem sentir

O amor responder

Num sorrir carinhoso

E olhar tão gostoso

 

Sonhar não faz bem

Se é pesado sonhar

Só faz bem um amor

Que nos leve a sonhar

Sem guerra e sem paz, só amar

 

É por isso que sonho

Quando o sol vai dormir

Vou pensando em teus olhos

Ensinando-me a sentir

 

 

 

 

 

Quero, sim!

 

 

Quero distância dos teus olhos,

Do cheiro da tua pele

E do sorriso dos teus lábios.

Quero viver essa ilusão

De que não te amo.

Quero sim!

 

Quero em segredo

Pensar nos teus beijos,

Abraços e cheiros nunca vividos

Quero sim!

 

Quero fingir não querer

Sentir as tuas mãos

Enquanto o Pôr-do-sol

Testemunha nossas carícias

Quero sim!

 

Quero ter medo de dizer que te amo

Pra não te fazer sofrer.

Quero ter a ilusão de que sentes

O mesmo por mim.

Quero, sim!

 

 

 

 

 

A Noite

 

 

E o sol quando vem

Há silêncio no mar

Do teu sono angolano

Alvorada meu Amor!

 

O mundo está diferente

Dos sonhos da tua noite

Tu és a Kianda da gente

Rainha a nos livrar do açoite

 

Teus pés tocam o chão

Desse tão lindo lugar

Meus olhos são só paixão

Desejo constante de te amar

 

E o relógio não perdoa

Avisando a nossa hora

E minha Kianda voa.

 

 

 

O amor é veloz

 

 

Um amor não acontece

Lentamente, devagar

Como um raio resplandece

É fome e sede de amar

 

Mas nem todo mundo consegue

Identificar e viver esse fogo

Que não somente queima

Também faz nascer

 

É por isso que vivo

Teus momentos de amor

Como se fossem únicos

Raios cortando o céu

 

Tenho fome, sede e frio

Sou teu homem assim

Simples animal no cio

 

 

 

 

Eu te Amo!

 

 

Hoje eu quero te ver

Alegre como a primavera

Raio de sol ao nascer

Praia de uma riviera

 

Vou cobrir-te toda de beijos

Fazer-te muito cafuné

Satisfazer os teus desejos

Minha riqueza de mulher

 

Pois trago no peito saudades

Dos cheiros que ontem te dei

Faz parte das vaidades

Que em ti me acostumei

 

E esse bater acelerado

Acontecendo no meu coração

Preciso tomar cuidado

Ao viver tão linda paixão

 

Eu te amo sem cobranças

E o sinal veio-me em sonho

Vivem em ti mil esperanças

A te amar eu me proponho

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Winterhalter Franz Xavier, Alemanha, Florinda

 

 

 

 

Um esboço de Leonardo da Vinci

 

 

 

 

 

 

William Blake (British, 1757-1827), Christ in the Sepulchre, Guarded by Angels

Evandro Brandão Barbosa


Viagens à Beça, verdadeiros haicais

 

Quem ainda não se deliciou com a leitura de Folhas da Selva, livro de Aníbal Beça, não deve perder tal oportunidade. Eu li e continuo me deliciando – nas minhas idas e vindas ao Parque das Laranjeiras; são viagens à Beça, verdadeiros haicais.

Só não cai quem não quer desprender-se das bases impostas pelos sistemas quase falidos, do capitalismo agonizante dos países emergentes. Eu caio e grito hai, porque quem não faz isso, hai mas não cai.

Na obra Folhas da Selva, Aníbal Beça alerta e indica rotas sem traçá-las. Enquanto um curumin distraído pisa numa arraia e se dá mal na praia de água doce, não pode correr facilmente quando alguém parece ouvir o som de um serrote de aninga. Na verdade, eram cutias comendo rápidas buritis maduros. E o quati, logo em ano de Copa do Mundo, revela um talento de craque, agarra no ar o tucumã que cai; da mesma forma que a arraia-pintada marinha lança o búzio do atapu ao vento, para abocanhar-lhe em queda livre, partindo-o e se alimentando do molusco antes protegido.

Durante a leitura de Folhas da Selva, fiz viagens à Beça com imaginário citadino, por isso foi difícil perceber que lá adiante não era uma bolsa a tiracolo, era mãe mucura indo à caça com o filho de carona. Na tentativa de disfarçar o meu equívoco, voltei-me em câmera lenta, tal qual uma preguiça na imbaubeira a passar a outro galho. Imbaubeira cujos talos das folhas são transformados em paredes de gaiolas nordestinas que aprisionam canários, curiós e papa-capins, servos daqueles que não amam a poesia.

Aníbal Beça voou nas Folhas da Selva para nos presentear com a riqueza das idéias poéticas de José Félix, lá em Portugal. E antes de travarem um repente poético, os dois pensadores reavivaram em mim as lembranças do chá das quatro, que tanto me extasiaram quando eu vivi 2 anos em Angola. Não era o mesmo Chá das Quatro, obra de Beça e Félix; era chá de caxinde (erva cidreira), sorvido entre as quatro da tarde e o pôr-do-sol na praia da Corimba, em Luanda.

As poesias de Beça e José Félix me ajudam a realizar vôos imaginários, como o que fiz ao sobrevoar o rio Solimões a lamber a cidade de Fonte Boa, na busca de dados, informações e conhecimentos sobre o analfabetismo de crianças e adultos para a dissertação do mestrado em Educação. No meu vôo imaginário, eu estava num barco pequeno e veloz, na sinuosidade da água barrenta do Solimões; na realidade eu era apenas mais um passageiro do vôo da Rico.

 É hora de terminar este texto. E ainda voando em Folhas da Selva, Beça me devolve à realidade dos ditames da vida. Aníbal Beça diz que as manhãs de domingo antes eram para a leitura e o ócio; hoje, para o neto. Esse é o meu futuro, talvez não tão distante. Mesmo assim, ao ler na ociosidade das manhãs de domingo, ainda preciso resgatar a ausência do lar de toda a semana, nas idas e vindas ao Parque das Laranjeiras.

E na página 309 de Folhas da Selva, José Félix diz que fecham-se as folhas do livro quando chega o meio dia.
 

Direto para página de Anibal Beça

   
 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

21.5.2007