Mais de 3.000 poetas e críticos de lusofonia!

 

 

 

 

 

Marta Viana


 

O QUE (NÃO) SARA


Não me interessam
Os rancores e as sequelas
Deste amor ou de outros amores.
Quero está sempre em estado de paixão.
Mergulhando,
Errando e novamente me dando...
Não vejo outro jeito
Para que a vida me valha a pena.


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904) - Phryne before the Areopagus

 

 

 

 

 

Marta Viana


 

A BUSCA II


Em toda minha vida
Eu sofri por não ter sabedoria...
Hoje eu descobri que meu sofrimento
Era em decorrência do que eu já sabia.

 

 

 

Ticiano, Salomé

Início desta página

Jamesson Buarque

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Marta Viana


 

ILHÉU


Eu me chamo o “Poeta da Ilha!”.
A quem o sol deu vida,
A quem o sol castiga.
Um bicho do mato!
De olhar doce
E lábios salgados.
Todos os meus versos
O mar me deu
E da areia os levou...
E nas ondas dessas páginas,
Navego velho pescador,
Que traz na rede e no vento
Os sonhos e tormentos
De um jovem trovador.

 

 

 

Bernini_The_Rape_of_Proserpina_detail

Início desta página

Geraldo Peres Generoso

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Marta Viana


 

MARIPOSA NOTURNA


A vida não foi feita
Para nos encantarmos com ela.
Só os tolos são felizes
Por não serem capazes de resisti-la.


 

 

 

Crepúsculo, William Bouguereau (French, 1825-1905)

Início desta página

Gilberto Mendonça Teles

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Delaroche, Hemiciclo da Escola de Belas Artes

 

 

 

 

 

Marta Viana



QUEM OUSA DIZER QUE NÃO SOU FELIZ


Ninguém sabe por que mundos viajo,
Quando meus olhos se deparam
No fruir das cores de Dallí e Frida Khalo.

Ninguém sabe dos pulos da minha alma,
Quando leio Clarice e Nietzsche desarmada.

Ninguém sabe do que eu sinto,
Quando ouço Renato cantando o amor,
De maneira tão pueril
Sem perder a rudeza de homem ferido.
 

 
 

 

 

Leonardo da Vinci,  Study of hands

Início desta página

Assis de Mello, 2004

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Marta Viana


 

BICHO HUMANO


Que ridículo
O bicho domesticado!
Aprendeu a pegar no garfo,
Aprendeu a marchar no compasso,
Aprendeu a dizer "muito obrigado..."
Segue o que não decide,
Proíbe o que exige.
Herda uma porrada de merda,
Se ajoelha, faz eterna a queda.
Acha que ama a pessoa certa,
Acorda cedo,
Vê vazia a coberta.
Vai à missa,
Assiste televisão,
Critica, imita,
Perde a razão.
Que ridículo
O bicho domesticado!
Aprendeu a falar baixo,
Aprendeu o que é certo e errado.
Coitado!
Foi empalhado calado.


 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), The Pipelighter

Início desta página

 

 

13/10/2005