Maria Thereza Noronha

Elegia a Sérgio Campos

"O pássaro morto é seu vôo pousado na morte" (Sérgio Campos)
A poesia soltava as amarras, aportava na sala. Viesse de Nova Friburgo, da Ilha do Governador. Desafiava a ira dos dias, reacendia o itinerário das cinzas, viajeira de um mar anterior. E chegavam praias, ilhas, seixos, harpas, naves, mares absolutos e abismos de significados de ardilosa chave. E vinham mitos navegando lendas, ancorando nos páramos da página, Ninfas e faunos farfalhando outonos na exatidão dos sons. Memória de Sérgio no ouro dos versos nos teares de prata, onde tramava dos heróis epicédio e hospedaria. Memória de Sérgio nas rotas de sal no avesso das palavras à deriva no punho do poeta feito areia.

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