Teresa Bartholomeu


Das Ruas

Boca grande, boca pequena chuta meninos cóa ponta da bota, cóa raquete de tenis, cóa jaqueta xó xó xó sai de banda moleque! que educação cumpadi, que educação coroné-boné quem vive de cuspe em cuspe nas esquinas de babel tem a vontade de trabalho na mão, porque mais nada resta não! limpo todos os parabrisas dos olhares e vidraças de telhado e casas grande. xó xó xó danação dos canteiros, sua cara mesquinha! Mas, de'xa entrar, num favor! de'xa um cantinho? fico de boca pequena, ando devagarinho e só de quando em quando descalça corro pelos latifúndios da poesia a conhecer as únicas glebas produtivas dessas terras de bois que puxam barcos a arar imaginações. corro descalça por esses alqueires a modo do vento da meiguice dos poetas acariciar meu rosto. deixo meu burro e minha burrice atrelada na entrada e entro lisa. xó xó xó urubu mal quisto! Nem me visto de frases e issos e aquilos (se bem que vai ser difícil) deixo a tolice na gaiola da parvoice. Minha fala tem a confusão das esquinas Entende-se tanto quanto a fórmula dos soros das clínicas sei lá quantos mortos Entende-se tanto quanto suas economias e vacas profanas e cabritos juro que nem trocado peço e não tropeço nos trecos e fico de boca pequena. se me der um prato até que como. xô xô xô quem nu vi mais gordo! tou descalça. sou uma peste. meu olhar ácido te queima em medo. mas tô sangrando tanto! a dor de tantos enxotos e tantas penduras e tantos pedidos. além da dor dos homicídios: a faca, a revolver, a frase, ou a negação! xô xô xô desgruda a bunda do carro, menina! tá bom recolho o corpo: dou meia volta: e engano corro entre verdes de cana paraibanos cortando meu rosto como cajús: também tenho meus dias de banquete imaginário! xô xô xô todos tem, todos tem coitados (diria a madame antes de ser assaltada)


* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *