Clique aqui para conhecer o maior site de Poesias da Internet !!! Responsável: 
Soares Feitosa 
Endereço  
Email
 
.Novidades da semana 
 
Página atualizada em 04.09.1999
 
 
Serafim Sofia

Remetido por
Estanislau Fragoso Batista


SERAFIM SOFIA  
Nasceu em Portugal, veio muito moço para o Brasil, onde morou e morreu no bairro de Inhoaíba, no Rio de Janeiro. Pelos grandes serviços prestados à Igreja, ganhou uma comenda do Papa. É o pai do compositor ADELINO MOREIRA, aquele poeta que carregou Nelson Gonçalves até o pódio da glória.  
     
   
CABANA VELHA DA ALDEIA 
  

Bem pertinho da igrejinha, 
na estrada que vai p'ra serra, 
havia na minha terra 
uma choupana velhinha. 
Sei que rnais pobre não tinha, 
mas, assim mesmo, eu gostava, 
pois era ali que eu morava, 
bem pertinho da igrejinha.  
Casinha de pedra nua, 
paredes a revestir, 
todos podiam ouvir 
nossa conversa da rua; 
e via-se a própria lua 
pelas frestas do telhado. 
Como é grande o teu passado, 
casinha de pedra nua!  
O teu valor verdadeiro 
talvez eu descreva mal. . 
Tinhas ao fundo um quintal, 
na frente havia um canteiro . . . 
e em dezembro ou em janeiro, 
quando a neve castigava, 
para nós quintuplicava 
o teu valor verdadeiro.  
Tres banquinhos de madeira, 
feitos em tempos passados, 
rnuito toscos! colocados 
bern pertinho da lareira, 
alguns tocos na fogueira 
e o cuidado da familia: 
- Que se não queime a mobilia! . . . 
Tres banquinhos de madeira!...  
E a mesa? Ah, sim, a mesa! . . . 
quatro pedaços de pau 
num caixão de bacalhau... 
Que romance! Que beleza! 
Talvez vos cause surpresa 
este meu contentamento 
e penseis neste momento: 
- E a mesa? Ah, sim, a mesa!  
Quando mesa não havia, 
a conselho dos mais velhos, 
punha-se sobre os joelhos 
o pratinho . . . e se comia. 
-E assim era dia-a-dia . . . 
e a vida assim se passava . . . 
Ninguém se contrariava 
quando mesa não havia.  
Cabana velha da aldeia, 
como me lembro de ti! . . . 
Nunca, jamais esqueci 
aquela frágil candeia 
que, à noite, à hora da ceia, 
logo que o sol se escondia, · 
a minha mãe acendia . . . 
Cabana velha da aldeia! . . .  
Cantinho de gente pobre, 
eu não consigo olvidar-te! . 
Meu desejo era cantar-te 
como se em palácio nobre, 
onde há riqueza que sobre, 
tu te houvesses transformado. 
Sou teu velho enamorado, 
cantinho de gente pobre!  
Um dia, mas não sei quando, 
terminado o meu calvário, 
vou ver-te e levo um rosário 
das máguas que estou chorando. 
Bem pensando e meditando 
tudo pode acontecer. 
Deus vai dar-me esse prazer, 
um dia, mas não sei quando! 
 

        


Página inicial do Jornal de Poesia